Categorias
Ady Canário Colunistas Destaque

O vírus do genocídio racista não cessa

O Estado brasileiro, mais uma vez, reafirma seu projeto genocida contra a população negra, tendo matado Genivaldo de Jesus Santos em Umbaúba-Sergipe, após ser colocado no camburão de uma viatura policial, em 25/05, mesma data em que assistimos, há dois anos, o caso George Floyd nos Estados Unidos.

Ambos, Genivaldo e George, morreram asfixiados pelo forte vírus da violência racista estrutural em ações policiais.

Genivaldo deixa Maria Fabiana e seu filho, um menino de sete anos, que, com certeza, terá muita dificuldade de compreender o por quê do seu pai ter sido assassinado dessa forma, sem contar como fica a situação de existência, pois era Santos que sustentava a família.

Ele foi vítima de uma atrocidade, asfixiado até a morte pela polícia. São corpos negros como o dele que são alvo da política  genocida nesse país.

O genocídio racista fundamenta-se na racialidade e na discriminação injustificável que mata, direta e indiretamente, tendo como alvo principal: homens negros, mulheres negras (trans e cis), jovens negros e pessoas LGBT, sob o falso mito de que vivemos uma democracia racial.

O governo genocida racista,  com suas mãos  contra o povo negro, atua nas comunidades como agente naturalizador da morte contra o povo preto. Tudo movido pelo ódio e necropolítica.

São os negros tidos como suspeitos, bandidos e marginais por conta da condição de classe e raça. É esse tratamento dado pelo governo genocida às populações periféricas que resulta na invisibilidade, exclusão e morte.

Estamos de luto, que vira protesto, hoje e sempre. E enquanto o vírus do genocídio racista não cessa, não cessaremos. Vidas Negras importam, justiça por Genivaldo!

Categorias
Colunistas Destaque Luane Fernandes

Chacina da Vila Cruzeiro, câmara de gás em Sergipe e Necropolítica: quando o Estado determina quem pode viver e quem deve morrer

Texto de Luane Fernandes

Escrever sobre uma chacina não é fácil. Escrever sobre a guerra civil brasileira, menos ainda. Sim, vivemos uma guerra. E não é contra às drogas, pois os usuários continuam consumindo, comprando, muitas vezes em espaços públicos ou em seus condomínios fechados. Esse é um tema que perpassa diversos outros assuntos e eu escrevo sobre porque sou atrevida, pois é tão complexo e profundo que daria no mínimo uma monografia.

Na última semana, foram 23 mortos numa chacina na Vila Cruzeiro e a morte de Genivaldo de Jesus, um homem neuroatípico,  asfixiado numa câmara de gás improvisada pela PRF de Sergipe.

No primeiro caso, 11 dos 23 mortos não tinham envolvimento em processos criminais. De toda forma, embora a polícia alegue que a “operação” tenha sido um confronto, nenhum policial foi morto. Ainda assim, essa é mais uma ação ineficaz, pois somos o país em que policiais mais morrem e mais matam. E quem é que ganha com isso?

A polícia brasileira é totalmente destreinada para realizar o seu verdadeiro papel, proteger a população. As prisões, em teoria, deveriam ser ambientes de ressocialiazão. Mas, em muitos casos, se configuram como verdadeiros campos de concentração, e os encarcerados se unem de forma política e organizada, como resposta e resistência à esse sistema desumano. É aí que surgem as facções.

A polícia é recrutada e manobrada para ver corpos favelados, pretos e neuroatípicos como alvos que devem morrer. O holocausto brasileiro de Barbacena não acabou. Nos tornamos um campo de concentração a céu aberto, pois no nazismo de Hitler, no século passado, as vítimas morriam da mesma forma que Genivaldo de Jesus morreu: sem ar, em câmaras de gás.

Sem comida, sem vacina, de bala perdida ou muito bem endereçada, sem ar: a população negra, pobre e periférica brasileira está sendo dizimada. Esse é um projeto muito bem calculado da branquitude. Em acordo com a legislação e a constituição, não existe pena de morte no Brasil. Mas as “ações policiais” mostram que existe pena de morte se você for preto, pobre, favelado, marginalizado.

Em espaços elitizados, cenas como essas não ocorrem. Afinal, a colonização ainda reverbera… Deixou resquícios e funcionou muito bem no Brasil, os pretos continuam à margem, os quilombos viraram as favelas. Os navios negreiros viraram os camburões, as senzalas viraram as prisões. Angela Davis já afirmava que as prisões estão obsoletas e são mais uma ferramenta para manter os corpos pretos encarcerados. Nunca tivemos liberdade, nunca houve abolição.

A polícia brasileira virou uma máquina de moer gente, comandada pela lógica racista da burguesia brasileira. Os ataques brutais são mais uma forma de extermínio, querem acabar com a negritude e com tudo o que é negro. Querem embranquecer a população, um projeto elaborado desde 1500.

Os policiais não lucram com essas mortes, quem lucra é a instituição racista, muito bem estabelecida. Voltando ao conceito que trago no título desse artigo, necropolítica, de Achille Mbembe: no Brasil, a desumanização dos corpos negros e periféricos é tanta, que qualquer tipo de violência é legitimada, inclusive a morte.

A política de morte do Estado precisa ter um fim. Precisamos urgentemente combater o terrorismo, a guerra declarada contra pobre e preto instalada pelo sistema capitalista burguês. O policial é o capitão do mato de outros tempos escravocratas, em busca de um inimigo comum. Não é um caso isolado. Em 2019, 75,7% das vítimas de homicídios no Brasil eram negras, mesmo sendo a maior parte da população, representando 56,8%. Os dados são do Atlas da Violência de 2021.

Educação, saúde, emprego, essas são respostas muito mais eficazes para combater a desigualdade social e a criminalidade. Uma guerra civil, na qual apenas corpos subalternizados e pretos morrem, jamais será a resposta. A militarização da polícia não é solução. O genocídio da juventude negra precisa ter fim. Parem de nos matar, parem de nos desumanizar.  O Estado não pode mais determinar que as balas encontrem os corpos pretos.

Categorias
Colunistas Destaque Suziany Araújo

Lei Maria da Penha: Como identificar se já fui vítima de violência doméstica?

A violência doméstica e familiar tem sido responsável pelo fim da vida de muitas mulheres brasileiras.  Esse tipo de violência quando não chega ao extremo, que é o feminicídio, deixa danos, que são os traumas ou marcas que ficam no corpo e na memória de quem vivenciou. Em alguns casos a violência deixa de ser psicológica, evolui para física e, consequentemente, resulta em crime de feminicídio.

O abuso nas relações segue um ciclo, que muitas vezes se inicia com palavras de xingamentos, proibições do uso de uma determinada roupa e de não poder entrar em contato com amigas (os) ou familiares. Parece surreal, mas isso compõe a rotina de quem está inserido no ciclo de violência doméstica e familiar, tendo em vista que o agressor sente a necessidade de manter o controle sobre a companheira, sobre suas escolhas, que vão desde a escolha da cor de um batom ao contato com outras pessoas.

A Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006, conhecida popularmente pelo nome da mulher que impulsionou a sua criação, a Maria da Penha Fernandes, é sem dúvida um instrumento essencial no combate as práticas de violência contra mulher. Antes da existência dessa Lei algumas das penas eram revertidas em cestas básicas, considerando que a violência doméstica era tratada como crime de menor potencial ofensivo e enquadrada na Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais).

Da sua aprovação aos dias atuais, algumas alterações importantes já foram feitas. Recentemente os ministros da 6ª Turma do Tribunal de Justiça de São Paulo entenderam, por unanimidade, que os mecanismos de proteção previstos na legislação devem ser igualmente assegurados, também, as mulheres trans.

O caso analisado pelo STJ era de uma mulher transexual constantemente agredida pelo pai que não aceitava o fato de ela se identificar com outro gênero. A decisão cabe para o caso especifico, mas estende-se para demais situações semelhantes.

Conforme afirmou o relator, o ministro Rogerio Schietti Cruz: “Este julgamento versa sobre a vulnerabilidade de uma categoria de seres humanos, que não pode ser resumida à objetividade de uma ciência exata. As existências e as relações humanas são complexas, e o direito não se deve alicerçar em discursos rasos, simplistas e reducionistas, especialmente nestes tempos de naturalização de falas de ódio contra minorias”.

O fato é que, mesmo completando mais de uma década, mulheres desconhecem os tipos de proteção prevista na lei e essa falta de conhecimento ocasiona a aceitação de determinadas condutas por parte do parceiro sem saber que se trata muitas vezes de crime.

Por meio desse texto, seguem os cinco tipos de violência doméstica e familiar que são previstos na Maria da Penha e alguns exemplos práticos do cotidiano.

A violência física, que compreende qualquer ato de ação ou omissão que coloque em risco a integridade física da mulher. Negligenciar prestar socorro à mulher em situação de risco. Também fica configurado a violência física, neste caso, por ato de omitir assistência ou socorro a vítima. (Lei 11.340/06, art. 7°, I). Quando seu companheiro empurra você ou aperta seu braço, são exemplos de violência física.

A violência psicológica, configura-se como qualquer conduta que viole sua condição emocional, causando-lhe dano. Situações que diminua a autoestima, que prejudique o desenvolvimento pessoal, ou que degrade suas emoções, são exemplos dessa forma de violência. Além disso, qualquer ação que exponha ao constrangimento, humilhe, manipule, insulte, ridicularize ou que tenha como objetivo controlar suas ações ou crenças. (Lei 11.340/06, art. 7°, II). Os exemplos mais comuns são as humilhações, xingamentos, que pode acontecer em ambiente público, como também a vigilância constante ao controlar redes sociais ou com quem a mulher pode falar.

A violência Sexual, quando a mulher é obrigada a manter contato sexual (físico ou verbal) ou a participar de qualquer relação sexual de forma forçada, através de ameaça direta ou indireta, por meio de coerção, chantagem, manipulação, ameaça suborno ou qualquer outro mecanismo que tenha como objetivo a violação da intimidade da mulher (Lei 11.340/06, art. 7°, III).

Alguma vez se sentiu forçada pelo marido ou namorado a manter relação sexual? Entenda que qualquer ato que obriga a mulher a manter relações contra a sua vontade é considerado um estupro. O estupro marital é uma realidade ainda pouco discutida, mas de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), uma em cada três mulheres no mundo, sofreu algum tipo de constrangimento por parte de companheiros. Outro exemplo desse tipo de violência é quando o marido impede a esposa de fazer uso de métodos contraceptivos.

A violência patrimonial ocorre quando acontece a subtração, a perda, a destruição ou a retenção dos bens, objetos de valores, instrumentos pessoais além de documentos. Nessa situação o homem pega objetos de valor patrimonial pertencente ao casal ou somente à mulher e o destrói. Além desses atos, é comum em alguns processos de divórcio a sonegação de bens que são devidos à meação. (Lei 11.340/06, art. 7°, IV).

A violência moral é caracterizada pelas situações que envolvem calúnia, difamação ou injúria, aas quais a mulher foi submetida (Lei 11.340/06, art. 7°, V). Quando o homem realiza atitudes como desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir, expor a vida intima ou acusar a mulher de atos como traição, são algumas das atitudes que caracterizam essa forma de violência.

Não há dúvida de que partes dessas formas de violência estão presentes em muitas casas brasileiras e nas mais diferentes regiões do Brasil. Contudo, entre tantos fatores, a falta da independência financeira tem levado essas mulheres a permanecerem num ciclo de violência.

É necessário levar conhecimento sobre práticas e condutas que são tipificadas como crime de violência doméstica. A falta de conhecimento básico transforma atitudes criminosas (de violência doméstica) em mera conduta comum. Para que esse conhecimento chegue a todas as mulheres, é fundamental a promoção de politicas públicas de enfrentamento a violência domestica e que essas politicas, que em parte já são aplicadas, não fiquem apenas no campo da repressão, mas que possam ganhar cada vez mais força no campo educacional.

Categorias
Destaque Lutas Feministas

Mulheres formam comitês populares de luta para discutir a reconstrução do país

O ano de 2022 é, sem dúvida, de grande impotência para o futuro do Brasil. Diante de todo o retrocesso que o país vem sofrendo, dos efeitos destrutivos do atual governo, do aumento no preço dos alimentos, do índice de desemprego, de pessoas em situação de vulnerabilidade, não há outro caminho que não seja levantar uma base forte de luta. 

É apostando nas mudanças que o ano apresenta e com foco na esperança de que é possível um novo Brasil, que movimentos e organizações populares em todo o país vem se articulando através da construção de comitês populares na ideia de, junto com o povo, debater sobre soluções para os principais problemas sociais. O objetivo é criar movimentos fortes e bem articulados que possam discutir sobre a reconstrução do Brasil.

Em Mossoró, essa jornada de luta já está acontecendo. Mulheres de diversas organizações vem realizando encontros mensais, com o intuito de construir esses espaços pelos quais a militância recebe orientação sobre como mobilizar sua comunidade e trazer mais gente para a luta. A proposta é construir diálogos nos bairros, com a classe trabalhadora e a sociedade em geral, assegurando uma luta que inclua a participação de todas as classes sociais. 

Segundo Michela Calaça, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), os comitês populares de lutas são espaços de diálogos sobre o Brasil que a gente quer. “Espaços onde a gente quer conversar com as pessoas sobre o preço do alimento, ampliação da violência, qual o projeto que elas querem para o país. Eles pretendem conversar com todo mundo, com todas as pessoas que tiverem interesse em construir um país melhor, sem fome, um país que seja, de fato, para todos e todas. O comitê popular é esse lugar de debate de que país a gente quer construir”, destaca. 

Michela acrescenta ainda que o objetivo é proporcionar um espaço para que as pessoas possam falar sobre o que estão vendo acontecer no país e como tem impactado na vida dessas pessoas o aumento do preço combustível, o aumento do preço dos alimentos, a falta de transporte público, entre outros problemas como o crescimento da violência homofóbica, que vem sendo registrada em Mossoró. 

Para Layanne Alencar, gastrônoma, mestra em ciências naturais e também militante da Coletiva Motim Feminista/AMB-RN, a formação e atuação dos comitês populares é fundamental para reconstruir um país melhor para todos, todas e todes. Ela acredita que por meio desses espaços organizativos é possível fortalecer a luta por um país mais justo. 

“Precisamos urgentemente debater pautas sociais que são chave para superarmos nossa condição atual a qual o capitalismo traz, que massacra a vida de milhares, sobretudo povos tradicionais – indígenas, quilombolas e pesqueiros -, pessoas da periferia, além de devastar desenfreadamente nossa biodiversidade em função do lucro de poucos”, ressalta. 

Mesmo tendo que dividir o tempo entre os estudos e o trabalho, Layanne tem disponibilizado espaço para luta, sendo uma das que atua na formação dos comitês. 

“Devemos agir enquanto ainda podemos reverter esses quadros e o Projeto Brasil Popular traz consigo uma perspectiva muito interessante de como podemos seguir adiante, fornecendo a base teórica e mecanismos práticos para construirmos esse sonho possível”, diz. 

As reuniões acontecem mensalmente e é um espaço aberto a todos e todas que queiram somar nessa luta de reconstruir o país. Além de tratar dos principais problemas, os comitês são espaços para pensar que as mudanças são possíveis. 

“É também um espaço para pensar esperança, pensar como mudar esse cenário. Os comitês vão estar em todos os bairros, todos os lugares, e neles é só chegar, caso tenha interesse em discutir um país melhor, uma expectativa de esperança”, Michela.

Categorias
Colunistas Destaque Rafaela Gurgel

AUTISMO E O MITO DA MÃE GUERREIRA

Estamos no mês dedicado às mães. Tudo e tod@s voltados a homenageá-las em suas diversas versões que hoje se configuram na sociedade: mãe solo, avó que é mãe, quem gestou, quem adotou, quem teve parto normal, quem teve cesariana, mãe de um ou de vários, quem amamentou ou deu fórmula; quem teve companheiro (a) no processo, quem voltou a trabalhar ou quem ficou em casa, quem ainda está na expectativa, quem está aprendendo a lidar com o novo corpo, para aquelas que desafiam padrões, a que se despediu do filho cedo demais, para as mães que já se foram… inúmeros contextos com a unidade de uma coisa comum, o amor pela cria.

O destaque de hoje fica com uma que não citei acima, a mãe atípica, nomenclatura utilizada para mães de filhos com alguma deficiência. Hoje as necessidades dessas genitoras e suas famílias é enorme, falaremos um pouco sobre a desmistificação de um falso elogio que ouvimos comumente, o da “mãe guerreira”. Muitas vezes a pessoa que o fala não consegue compreender a dimensão desse termo, colocando a mulher em um papel de super-heroína, inatingível, como se esta não fosse como qualquer outra que cuida de seus filhos e tem uma jornada exaustiva.

Algumas vezes, por conta de inúmeras atribuições (que nunca daremos conta), nos toma um sentimento de frustração, culpa e exaustão por um trabalho que é diário e ininterrupto e a irritação e o choro vêm externalizados em máxima potência. Rejeito esse tipo de nomenclatura pois não creio ser eu (ou as mães que estão neste patamar também) redentoras de algo que não está ao nosso alcance. O que queremos é que propósitos maiores, como as políticas públicas, também apoiem as genitoras e suas famílias na missão que é lidar com as consequências da deficiência de nossos filhos. A missão de toda sociedade é subsidiar e direcionar aplicando práticas já existentes em lei, o processo de inclusão não é só aceitar, requer conhecimento, sensibilização e, principalmente, acolhimento.

Enquanto permearmos esse estereótipo da “mãe guerreira” estaremos adoecendo tantas mulheres que se desdobram para suprir inúmeros papéis, muitas vezes sem rede de apoio nem mesmo para autocuidado e lazer, considerados elementos básicos que todo ser humano deveria ter. O estado de alerta é tanto que já ouvi relatos comoventes de mães solo que não conseguem se ausentar nem mesmo para comprar um pão na padaria da esquina, ou até o sono não era dado completo por ter que conter inúmeras crises convulsivas e de insônia. As consequências desses fatores a longo prazo são devastadoras: crises de pânico, ansiedade e depressão são apenas os mais comuns acometimentos de um cuidador, a sobrecarga é intensa, portanto, não há nada de “guerreiro=forte” nisso.

O mito da mãe especial escolhida por Deus, sem dúvida, é o que mais dói. Tenho certeza que Ele tem muitos propósitos em nossas vidas, mas não coaduno com a ideia de que sofrimento, pesar e adoecimento sejam dados pelo Criador. Acredito em espiritualidade permeada de amor, compaixão, perdão, merecimento. Justificar e romantizar as deficiências e seus cuidadores tira o foco do que de fato importa: inclusão e equidade.

Categorias
Destaque Violência contra mulher

Núcleo Simone de Beauvoir promove debate sobre violência contra mulher com pais e funcionários da UEI do bairro Paredões

Atendendo ao chamado, nesta sexta-feira (13), acontecerá uma palestra pública sobre violência doméstica na Unidade de Educação Infantil Maria Iracema de Araújo Caldas, do bairro Paredões, voltada aos pais e/ou responsáveis das crianças matriculadas na Unidade. A roda de conversas será coordenada pela Professora Dra. Fernanda Marques, da faculdade de Serviço Social da UERN, e o evento é mais uma ação promovida pelo Núcleo de Estudos sobre a Mulher – Simone de Beauvoir (NEM). 

Segundo a professora Suamy Soares, coordenadora do NEM, “o Núcleo atua fundamentalmente com formações teóricas, técnicas e políticas na área dos direitos das mulheres e dos direitos humanos, e está disponível para contribuir levando conhecimento e o debate para escolas, CRAS, NASFS, UBS, e grupos comunitários” revela.

Considerando que as discussões sobre violência doméstica e familiar tem sido um tema que está constantemente em pauta, principalmente no Brasil, um dos países que mais registra casos de violência, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), criou NEM. O Núcleo tem sido um diferencial no enfrentamento a violência contra mulher, por meio de ações extensionistas nas áreas dos direitos das mulheres e LGBTQIA+, bem como das lutas sociais e dos direitos humanos. Por lá, violência doméstica é assunto recorrente e ultrapassa os muros da Universidade. 

Suamy explica que “o Núcleo possui um plano de atuação e atende à demanda espontânea de grupos, coletivos, redes de enfrentamento a violência, entidades e pessoas”. 

Para conhecer a atuação do Núcleo e aprofundar o repertório nessa temática, é só acessar o canal no YouTube NEM GEF,  ou no instagram @nem.uern, e também ouvir o podcast “Nem, me fala”. 

 

Violência contra a mulher é um assunto constantemente em pauta 

De acordo com o Art. 5º da Lei Maria da Penha, violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. Com a pandemia da Covid19, e a convivência mais intensa com familiares e parceiros, as mulheres passaram a ficar ainda mais expostas à violência. 

Segundo dados da 9ª edição da pesquisa de opinião “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher” apresentada em 2021 pelo Instituto Data Senado em parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência, pelo menos 27% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica praticada por homens.  

O levantamento revela que, o número de mulheres que percebem o aumento dessa violência segue em ritmo crescente e chega a 86%. O índice aponta crescimento de 4 pontos em relação aos dados anteriores da pesquisa de 2019, e afirma que somente 10% das entrevistadas apontam que a violência contra mulheres permaneceu igual. Já em relação a denunciar a agressão sofrida, 63% das brasileiras acreditam que as vítimas chegam a formalizar as autoridades na maioria das vezes, mas para 24%, as mulheres não denunciam as agressões.

Em briga de marido e mulher não se mete a colher! Será?

Você sabia que desde 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que a Lei Maria da Penha é possível ser colocada em prática sem a queixa da principal vítima? Além disso, a denúncia pode ser anônima, devendo ser feita através dos canais de atendimento de alguma Delegacia Especial da Defesa da Mulher. 

Em Mossoró, a denúncia pode ser feita, também através do telefone da DEAM – que é o 3315-3536. Vale lembrar que não existe um perfil traçado capaz de revelar se uma mulher sofre ou não violência doméstica, por isso mesmo é interessante colocar-se em estado de alerta para se reconhecer ou reconhecer a companheira vítima de algum tipo de abuso. 

Além do NEM e das outras redes de acesso a mulher, como é o caso da Delegacia da Mulher, as denúncias com relação a prática de crimes de violência doméstica ou familiar, podem ser feitas, também, junto ao cartório mais próximo. 

É que desde outubro de 2021, foi lançada a campanha Sinal Vermelho”, através da qual, por meio de um X desenhado na palma da mão, a mulher pode sinalizar para qualquer trabalhador do cartório que está em situação de violência, e este deve acionar a polícia. 

Mais de 13 mil unidades em todo o Brasil aderiram à campanha Sinal Vermelho, que carrega o desafio de facilitar e incentivar a denúncia. Em Mossoró, os Cartórios de Registro Civil também atuando na mobilização. 

Categorias
Ady Canário Colunistas Destaque

13 de maio nos discursos e resistências

Quais os discursos referentes ao marco histórico de 13 de maio? O que representam, especialmente para a educação? Desde meados dos anos 1970, o Movimento Negro e as entidades da sociedade denunciam a forma como o 13 de maio é rememorado no Brasil. O fato da assinatura da Lei Áurea, em 1888, ser comemorada, sobretudo nas escolas, como ato benevolente do poder colonial, num modo estereotipado e de como tudo isso se constrói em relação aos africanos escravizados. Um verdadeiro silenciamento acerca da luta e resistência negra.

Assim, partindo da realidade de que, passados 134 anos da Abolição da Escravatura, em nossos dias, ainda necessitamos de políticas públicas para educação, saúde, trabalho, mídia, segurança, mulheres negras, juventudes, entre outras temáticas, bem como de ações afirmativas de inclusão e justiça social para a população negra. Isso se justifica por conta da ideologia da democracia racial e que nos faz questionar criticamente, que abolição foi essa?

Outra questão, ontem e hoje, o intenso debate da universalidade no tratamento pedagógico desse fato, visto que não dá conta das especificidades dos negros e negras como sujeitos de direitos. O dia de 13 de maio significa um dia político de denúncia contra o racismo em ressiginificação à luta e resistência do povo negro em mais de 300 anos de escravidão que interromperam nossa história. O momento remete ao enfrentamento ao racismo e a efetiva promoção da igualdade racial, obviamente, não restrito às datas comemorativas.

Destacamos a luta das mulheres negras que permanecem ainda sub representadas em espaços de poder nas cidades, Estados e regiões. Inclusive, em plena contemporaneidade, sendo resgatadas de trabalhos análogos à escravidão. Ainda, exemplificamos as comunidades quilombolas e o processo de liberdade e luta pelos territórios como direitos cujos embates se dão no cenário educacional.

Somente, recentemente, temos uma estrutura se transformando por conta de programas e projetos tendo a racialidade, raça e cor presentes. As pesquisas, estudos e mobilizações de entidades, intelectuais negros nas universidades e comunidades, desde o olhar antropológico, linguístico ao jurídico e político, constituindo novos modos de subjetivação, em efeitos de se contrapor ao discurso colonizador sobre essa data.

A esse respeito, das conquistas, acreditamos no debate que tem avançado desde 2003, com a alteração da Lei nacional da educação, colocando o estudo da temática africana e indígena nos currículos, como uma das conquistas na reeducação das relações entre negros e brancos.

Em se tratando de repensar a data, é necessário, sim. Num país de maioria negra, mas que a representação social ainda é um sonho fortemente colocado por muitos ativistas. Por isso, é fundamental refletir o momento para a implementação das medidas necessárias de inclusão e enegrecimento dos espaços sociais, acima de tudo, a afirmação da identidade negra. Certamente, é por isso que lutamos.

Categorias
Colunistas Destaque Natalia Santos

As Mulheres Sempre Dormiram com o inimigo.

Faz menos de duas décadas desde que as mulheres passaram a ter proteção legal1 contra a violência doméstica pela qual sofrem desde sempre, razão pela qual há de se presumir que a problemática não era discutida há vinte anos com tamanha amplitude e publicidade como é atualmente.

Acredito piamente que o cinema, a benefício da humanidade, se antecipa ao abordar muitos temas mesmo antes de se tornarem pautas sociais de grande importância. Assistindo ao clássico suspense Dormindo com o Inimigo (1991) pude refletir sobre a importância das mais diversas formas de expressão e arte.

Sob meu olhar os filmes têm o poder de suscitar, escancarar, antecipar problemáticas mesmo que elas não sejam tão debatidas em sua época. Tratando-se de um filme da década de 90, baseado no romance homônimo da escritora Nancy Price, Dormindo com o Inimigo mostra com detalhes e de maneira sutil (ao menos inicialmente) os traços dos relacionamentos patológicos, abusivos e tóxicos em que grande parte das mulheres estão presas, vivendo para agradar as manias e perversões masculinas.

Para ilustrar o que digo, há uma cena em que o marido sugere que a esposa troque o vestido que está usando, mesmo sabendo que isso vai contra o desejo da mulher objeto de seus caprichos. É uma atitude que pode, ao ser analisada em conjunto com outros comportamentos, dar pistas de que não se trata de uma relação de igualdade entre companheiros.

Percebemos, durante os primeiros momentos, as atitudes calculadas e contidas de uma mulher movida pelo medo. A figura feminina é pura e simplesmente um objeto para realização das birras de seu dono, até que, por se encontrar em uma linha tênue entre a vida e a iminente “morte”, ela se arrisca através de um ato de coragem que, infelizmente, muitas mulheres não sonham em realizar, seja por questões psicológicas ou mesmo pela falta de uma rede de apoio.

Por isso, quero hoje, mais do que nunca, usar esse espaço para frisar a importância de termos espaços livres e democráticos, longe de censura, para que temas tão sensíveis como esse possam ser suscitados, mesmo que a sociedade esteja anos luz de encontrar uma solução para eles.

1 Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7 de ago. de 2006).

Categorias
Destaque Gerais

Escritora Ana Cláudia Trigueiro fala sobre o livro “Deep Blue”

A Psicóloga e escritora potiguar, Ana Cláudia Trigueiro, conversa sobre o seu 9º livro “Deep Blue”, obra voltada para o público juvenil, porém é leitura recomendada para todas as idades pela importante reflexão abordada no título. 

Dedicada a leitura desde os seis anos de idade e apaixonada por literatura, Ana Cláudia tem sua marca registrada no universo da escrita feminina no Rio Grande do Norte, sendo hoje um dos principais nomes da literatura potiguar. Com várias publicações disponíveis, ela escreve contos, crônicas, romances históricos e, no momento, vem trabalhando a divulgação do Deep Blue, seu último trabalho que, como ela mesma afirma, é uma das suas maiores paixões enquanto escritora.  

No Deep Blue a psicóloga vai abordar, entre outras temáticas, a solidão dos adolescentes, uma história contada a partir da personagem Safira, uma das mais marcantes na escrita autora ao longo de sua jornada literária. Segundo Ana os jovens e adolescentes tem sido a principal inspiração quando a ideia enquanto escritora é contar histórias. 

O livro conta a história de Safira, uma adolescente que está vivendo um momento muito turbulento na vida dela. Focando numa abordagem que envolve a adolescência e seus problemas, na história, a menina se coloca numa situação arriscada sem perceber que está correndo riscos. A metáfora, conforme explica a autora, é que ela se torna amiga de um tubarão branco, e na narrativa o tubarão branco representa os perigos que estão se aproximando dos jovens, como a questão da dependência química, as redes sociais que nem sempre são confiáveis. 

“Safira é uma das personagens mais intensas da minha jornada como escritora. A jovem canoísta de 15 anos me fez pensar sobre o quanto a adolescência é delicada e desafiadora. Pensei em uma menina com as características iniciais de uma anti-heroína, que amadurece ao longo do tempo a partir de experiências dolorosas. Há um processo de crescimento emocional que culmina em redenção”, destaca. 

Foto cedida

Sobre a história ela adianta que “Safira mora na Praia de Ponta Negra e ama passear com seu caiaque, remando todas as tardes em direção ao paraíso que fica por trás do Morro do Careca. É lá que conhecerá a criatura gigantesca que a levará às mais divertidas e perigosas aventuras. Não vou falar mais para não tirar do leitor o gostinho da descoberta”, diz. 

Um Tubarão de estimação

“O encontro inusitado com um tubarão-branco, metáfora para os perigos à espreita nessa fase da vida, vai trazer experiências impactantes à protagonista e ela as viverá em meio à dor causada por um trauma do passado”, destaca. A ideia de colocar um tubarão em cena, segundo a escritora, vem do fascínio pelo animal marinho. “Eles são enormes, poderosos, ferozes (para vocês terem uma ideia, são os animais que mais produzem testosterona em toda a natureza), portanto, indomáveis. Aparentemente Blue será “amigo” de Safira, mas a verdade é que servirá de alegoria aos desafios envolvidos no processo de amadurecimento”, explica.

Entre as várias questões, o Deep Blue vai tratar, também, do estilo de vida que a sociedade contemporânea dissemina, da relação dos jovens com os pais. “Nossos Jovens se angustiam por não conseguirem ser e realizar aquilo que as redes sociais alardeiam como sendo necessário para sua felicidade. Enredados nessa teia de consumo e propagação de conteúdos vazios, eles podem se perder. Como leitora precoce, acredito na literatura como fonte de apoio emocional e fonte de formação cultural, intelectual e moral. Além, é claro de diversão. Mas para que o livro se torne um hábito precisa haver condições favoráveis. Assim, Deep Blue deseja formar novos leitores oferecendo literatura atrativa e inspiradora”, ressalta.

O livro foi publicado através da Lei Aldir Blanc em setembro de 2021. O lançamento foi feito por meio de uma live do Clube de Leitura do Bolo de Chocolate, com a participação de adolescentes que leram o livro. Quem ficou curioso para conhecer a história de Safira, pode adquirir o livro pelo Instagram @deepbluebook, além disso, a obra vai estar à venda na Feira do Livro de Mossoró, edição 2022, no estande da Livraria Independência, da Artbook e da CJA.

Categorias
Destaque Política

Nós mulheres e as eleições Nacionais de 2022

Texto de Michela Calaça

Inspirada no que nos lembra a música do grupo CoisaLuz quando canta: “Mulheres que caminham juntas, ninguém é capaz de domar” , quero trazer a memória o #EleNão de 2018, momento que várias mulheres de distintos espectro político, de distintas religiões, cores, lugar de moradia e inclusive diferentes classes sociais, apontavam que um candidato que defendia armas, que tinhas atitudes racistas, machista e LGBTfóbicas, que além disso era completamente despreparado para governar o país, traria retrocessos em todos os âmbitos da vida social, mas isso teria um impacto ainda maior na nossa vida.

Estávamos certas!

Vivemos hoje em um país que a fome voltou de forma massiva e quem mais tem que lidar com essa realidade são as mulheres negras. Quem ainda não está vivenciando diretamente a fome, está vendo sua alimentação piorar dia após dia, pois os preços dos alimentos dificultam inclusive os setores médios a ter acesso a mesma comida que tinha antes. E nesses setores médios também são as mulheres que tem que lidar com a cobrança de fazer mais com menos, mas é preciso perguntar se com outra política econômica, social e ambiental seria preciso fazer mais como quase nada, como ocorre hoje.

O desastre econômico, ambiental e social do governo Bolsonaro dificultou a vida de toda a sociedade, mas quando a vida piora para todo mundo ela piora mais para nós. Somos as que mais perdemos os empregos, temos tido a nossa jornada de cuidados muito ampliada, quando o Estado não cumpre seu papel na saúde pública e gratuita para todos os tipos de adoecimento, quem cuida?

A política do governo Bolsonaro foi diminuição do papel social do Estado, o que nos sobrecarrega diretamente; a diminuição do número de beneficiadas pelo Bolsa Família jogou inúmeras mulheres e suas famílias na miséria. A política de enfrentamento a violência contra mulheres e crianças teve o menor recurso dos últimos anos e mesmo assim não foi complemente executado. E ao mesmo tempo o ministério trabalhou no sentido de dificultar o acesso das mulheres ao diretos sexuais e reprodutivos já conquistados, como também a própria denuncia dos casos de violências sofridas pelas mulheres.

Vimos os nossos direitos serem retirados dia após dia, diretamente ou de forma indireta, fizemos muitas lutas contra isso, mas um governo que entende o povo como inimigo, não escuta reivindicações.

A Pandemia nem queremos mais ouvir falar nela, tão difícil e desastrosa ela foi na nossa vida, fomos que mais perdemos emprego, seja porque a economia piorou pelas opções desastrosas desse governo que só quer melhorar a vida dos extremamente ricos, seja porque não sendo possível pagar por cuidados que o Estado deveria fornecer, voltamos para casa. Convido todas as olhar na sua vida qual a política do governo Bolsonaro que pode ser lida como positiva.

Foi difícil ler até agora, muita lembrança difícil, mas se você chegou até aqui, entenda que nossa intenção é dizer poderia ter sido diferente e que podemos esse ano apostar em um projeto que traga esperança de melhora que as propostas dialoguem com as necessidades reais da nossa vida cotidiana. Até mesmo o desastre da pandemia poderia ter sido menor. Um governo que pensa no social, ambiental e no econômico como uma relação complementar teria enfrentado esses desafios de forma diferente.

A eleição não é apenas uma disputa entre pessoas que querem governar um país. Ela muitas vezes se apresenta assim, mas a disputa real é entre projetos de país. Nem sempre temos grandes diferenças entre os candidatos como teremos esse ano. Essa eleição carrega consigo a disputa de projeto de sociedade, o reforço a violência como modo de governo ou algo que se contraponha a essa lógica.

Optaremos entre a ampliação do conservadorismo reacionário, que significa menos direitos em especial para mulheres e negros, que significa uma maior ampliação da fome, da destruição ambiental em nome do enriquecimento de muitos poucos que já são muito ricos. Ou um projeto que tem na possibilidade de todas as pessoas comerem três vezes ao dia, uma forma de ampliar direitos das mulheres, ampliação do papel do Estado na saúde, educação, geração de emprego e renda, como também ver a natureza não como um entrave ao desenvolvimento, mas como potencial brasileiro para uma economia soberana.

Eleição influencia na nossa vida, do preço do pão até a possibilidade ou não de ver futuro para nossos filhos e filhas. Quando menos Estado para o povo, mais trabalho e escravidão para as mulheres. Em 2022, nós precisamos fazer uma escolha pela defesa da vida em todos os níveis, pois é isso que historicamente nós mulheres sabemos fazer seja na cidade, no campo, na floresta ou nas águas.

Esse artigo é um convite ao diálogo comigo, mas também com suas vizinhas, amigas, colegas de trabalho, familiares, se reúna com outras mulheres para discutir como essa eleição pode melhorar ou piorar a nossa vida.