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AUTORA POTIGUAR GANHA DESTAQUE ESCREVENDO LIVROS NO SUDESTE DO PAÍS.

Quantos livros escritos por mulheres você já leu ao longo de toda a vida? Sempre teve essa atenção ou foi lendo a partir da forma naturalizada e imposta pelas circunstâncias históricas, onde os homens ainda predominam na cena literária? Sem julgamentos, ou medo da resposta, não é de nosso interesse o confronto. A grande verdade é que, a escrita já nasceu querendo nos calar, basta rememorar escritoras que viveram no anonimato, pois do contrário, não seriam publicadas, e se fossem, sofreriam retaliações. Pensemos em Jane Austen do século dezoito, autora de clássicos como “Orgulho e Preconceito”, que enquanto viva, nunca publicou nenhum romance assinado com o próprio nome. Em marcha, nós, mulheres, caminhamos em disparada para chegarmos aqui, quebrando parâmetros de editoras e de uma sociedade estruturalmente machista, repleta de barreiras. Nomes como o de Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Naomi Wolf, entre outros tantos, abrem espaço para o potencial de novas mulheres na escrita. Mulheres potentes.

Suelly Lucas, a escritora que apresentaremos nesta reportagem, demorou em descobrir o interesse pela escrita, embora conte que, costumava escrever por qualquer motivo, “foi à partir dos 15 anos que senti estar voltada para escrever e, só então, comecei prestar atenção em mim”, revela. A descoberta da jovem moça que aos 15 descobre a afinidade com as letras, resultou no lançamento de dois livros e em projetos que vislumbram um terceiro e, outros que já estão desenhados na mente. Inspirada nas riquezas do cotidiano, no verde das plantas conservadas em uma casa na grande São Paulo, nos mistérios presentes em cada felino que cruza seu caminho, e nas poderosas relações familiares, Suelly brinca com as palavras e constrói frases, que juntas formam livros.

A primeira obra foi lançada em 2016, pela Editora Book Express Eireli, e chama-se: Frases Tocantes. Mais tarde, em 2018, o livro ganha uma segunda edição, dessa vez pela Editora Ledriprint , com o mesmo título, “os dois livros tem poesias, cifras e pensamentos. São frases que me identifico muito, uma delas é: “ninguém é forte o tempo inteiro, muitas vezes silenciamos na nossa dor ou mesmo numa saudade, para podermos nos passar por valentes e demonstrar aquilo que nem sempre somos”, é uma realidade”, compartilha.

Além de fazer link com o cotidiano, Suelly conta que armazena em seu patrimônio intelectual influências de escritoras como a paraibana Socorro Silva e Cora Coralina: “encontrei na literatura a liberdade, a sensibilidade e a sutileza. Eu passei a me conhecer melhor, antes estava escondida de mim, hoje sei bem quem sou, e acho que me surpreendi comigo mesma”, e isso aconteceu através da leitura e produção da escrita. Para a escritora, quando uma mulher encontra seu caminho no mundo, estamos falando sobre dois pontos de vista diferentes: independência e autonomia. São palavras quase sinônimas, uma diz respeito a poder ir e vir, e a outra, fala sobre emancipação, querer ir ou ficar, compreender que temos escolha diante da vida e dos acontecimentos. Foi pelo caminho da autonomia que Suelly decidiu seguir e permanecer. Nascida em Mossoró, aos 25 anos foi morar em São Paulo, e lá tem construído sua fortaleza, “acredito que existem dificuldades, mas não podemos deixar de correr atrás, é preciso agir”, reforça. A potiguar relembra que seu sonho de ser autora publicada, recebeu o incentivo de outras mulheres, amigas que suavizaram o caminho. Além disso, Suelly faz questão de citar o marido, “que representa um suporte, e sempre foi um incentivador”, afirma.

De acordo com a autora, a terceira obra já está sendo gestada, e deve nascer ainda este ano, ou comecinho de 2023. Os projetos abrem espaço para a realização de outro sonho, que é realizar o lançamento do terceiro filho em Mossoró-RN, e na cidade de São Bento-PB, onde também guarda parentes. Para conhecer o universo de frases e o pensamento dessa escritora potiguar que produz no “sul” do país, é só entrar em contato através das redes sociais: Instagram: @Suellyxavierlucas, ou Facebook:  Suelly Xavier Lucas. Fica o convite para que possamos ler mais mulheres, mais nordestinas, e novas escritoras. E tem mais, como escreveu a inesquecível Toni Morrison, “se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda, então você deve escrevê-lo”, e é pra já!. Enquanto mulheres leitoras ou escritoras, o nosso lugar deve ser ocupado e preservado.

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Destaque Violência contra mulher

Núcleo Simone de Beauvoir promove debate sobre violência contra mulher com pais e funcionários da UEI do bairro Paredões

Atendendo ao chamado, nesta sexta-feira (13), acontecerá uma palestra pública sobre violência doméstica na Unidade de Educação Infantil Maria Iracema de Araújo Caldas, do bairro Paredões, voltada aos pais e/ou responsáveis das crianças matriculadas na Unidade. A roda de conversas será coordenada pela Professora Dra. Fernanda Marques, da faculdade de Serviço Social da UERN, e o evento é mais uma ação promovida pelo Núcleo de Estudos sobre a Mulher – Simone de Beauvoir (NEM). 

Segundo a professora Suamy Soares, coordenadora do NEM, “o Núcleo atua fundamentalmente com formações teóricas, técnicas e políticas na área dos direitos das mulheres e dos direitos humanos, e está disponível para contribuir levando conhecimento e o debate para escolas, CRAS, NASFS, UBS, e grupos comunitários” revela.

Considerando que as discussões sobre violência doméstica e familiar tem sido um tema que está constantemente em pauta, principalmente no Brasil, um dos países que mais registra casos de violência, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), criou NEM. O Núcleo tem sido um diferencial no enfrentamento a violência contra mulher, por meio de ações extensionistas nas áreas dos direitos das mulheres e LGBTQIA+, bem como das lutas sociais e dos direitos humanos. Por lá, violência doméstica é assunto recorrente e ultrapassa os muros da Universidade. 

Suamy explica que “o Núcleo possui um plano de atuação e atende à demanda espontânea de grupos, coletivos, redes de enfrentamento a violência, entidades e pessoas”. 

Para conhecer a atuação do Núcleo e aprofundar o repertório nessa temática, é só acessar o canal no YouTube NEM GEF,  ou no instagram @nem.uern, e também ouvir o podcast “Nem, me fala”. 

 

Violência contra a mulher é um assunto constantemente em pauta 

De acordo com o Art. 5º da Lei Maria da Penha, violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. Com a pandemia da Covid19, e a convivência mais intensa com familiares e parceiros, as mulheres passaram a ficar ainda mais expostas à violência. 

Segundo dados da 9ª edição da pesquisa de opinião “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher” apresentada em 2021 pelo Instituto Data Senado em parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência, pelo menos 27% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica praticada por homens.  

O levantamento revela que, o número de mulheres que percebem o aumento dessa violência segue em ritmo crescente e chega a 86%. O índice aponta crescimento de 4 pontos em relação aos dados anteriores da pesquisa de 2019, e afirma que somente 10% das entrevistadas apontam que a violência contra mulheres permaneceu igual. Já em relação a denunciar a agressão sofrida, 63% das brasileiras acreditam que as vítimas chegam a formalizar as autoridades na maioria das vezes, mas para 24%, as mulheres não denunciam as agressões.

Em briga de marido e mulher não se mete a colher! Será?

Você sabia que desde 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que a Lei Maria da Penha é possível ser colocada em prática sem a queixa da principal vítima? Além disso, a denúncia pode ser anônima, devendo ser feita através dos canais de atendimento de alguma Delegacia Especial da Defesa da Mulher. 

Em Mossoró, a denúncia pode ser feita, também através do telefone da DEAM – que é o 3315-3536. Vale lembrar que não existe um perfil traçado capaz de revelar se uma mulher sofre ou não violência doméstica, por isso mesmo é interessante colocar-se em estado de alerta para se reconhecer ou reconhecer a companheira vítima de algum tipo de abuso. 

Além do NEM e das outras redes de acesso a mulher, como é o caso da Delegacia da Mulher, as denúncias com relação a prática de crimes de violência doméstica ou familiar, podem ser feitas, também, junto ao cartório mais próximo. 

É que desde outubro de 2021, foi lançada a campanha Sinal Vermelho”, através da qual, por meio de um X desenhado na palma da mão, a mulher pode sinalizar para qualquer trabalhador do cartório que está em situação de violência, e este deve acionar a polícia. 

Mais de 13 mil unidades em todo o Brasil aderiram à campanha Sinal Vermelho, que carrega o desafio de facilitar e incentivar a denúncia. Em Mossoró, os Cartórios de Registro Civil também atuando na mobilização. 

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Destaque Saúde e sexualidade

Caminhos da masturbação feminina: menos tabu, mais prazer

Imagine um ponto específico da anatomia humana, criado unicamente para sentir prazer! Por lá, é possível encontrar cerca de oito mil terminações nervosas, sendo o órgão mais inervado, se comparado a qualquer outra parte do corpo. Prazer! Você está diante do Clitóris! Um presente das deusas, endereçado às mulheres. E dessa vez, acredite, os homens aparecem com certa desvantagem, pois além de concentrar prazer, o pênis ainda precisa desempenhar outras funções, como reproduzir e excretar a urina. Outra boa notícia é que, este pequeno órgão, que não é tão pequeno assim, pode medir cerca de 10 centímetros de cada lado, já que se estende por dentro da vagina e ainda é capaz de dobrar de tamanho quando excitado. Essa excitação ocorre durante carreira solo ou com o estímulo de uma parceria. Sendo assim, diante de uma forma inesgotável de prazer, por que será que a “masturbação feminina” ainda não é uma prática comum?

O tema continua sendo tabu em uma roda de conversa.  Quantas de nós, mulheres, assumem publicamente, mesmo entre amigas, o fato de se masturbar com certa frequência? Quando falamos em igualdade sexual, apesar do homem não ter um ponto x voltado exclusivamente para o prazer, ainda é ele quem goza de mais liberdade, masturbação e orgasmos. Uma pesquisa internacional, divulgada pelo portal inglês Metro, após ouvir 115 mil pessoas, concluiu que os homens se masturbam 2,5 vezes a mais do que as mulheres.

É bem verdade que o cenário está sendo redesenhado. Diferente de parte das mulheres, a Assistente Social Thassila Alves garante o autoprazer e encara a masturbação como um processo de liberdade e conquista, “minhas primeiras experiências vieram logo depois de me identificar como uma mulher feminista (logo, quando entendi que tenho autonomia sobre meu corpo), um processo que levou anos. Imagine que boa parte dos meninos da minha idade muito possivelmente já tinha começado a masturbação com 11/12 anos de idade, e eu com 18/19 tive a primeira experiência sozinha”, revela.

Assim como acontece em outras áreas, a descoberta e independência sexual, muitas vezes, chegam de forma tardia para as mulheres. O fato pode estar ligado a uma série de fatores: família, religião e até falta de informação. Para Thassila, que atualmente usa o próprio perfil no instagram para falar sobre sexualidade e inspirar mulheres no caminho de mais descobertas, a primeira experiência com a masturbação “foi regada a medos, incertezas e convicções religiosas. Sim, eu achava que era errado me masturbar. Foi um processo denso, e que hoje acredito que teve um final feliz, não no sentido poético da coisa, mas como expressão concreta de autonomia sobre meu corpo”.

Dona do próprio prazer

Atualmente, além do prazer proporcionado, Thassila revela que a masturbação ocupa um espaço onde ela pode se reafirmar enquanto mulher que luta não somente pela autonomia do corpo, enquanto espaço subjetivo, mas para que outras mulheres também se reconheçam, e sejam responsáveis e donas do próprio prazer. “Penso que entender o papel da masturbação é mais que um processo de identidade do conhecimento sobre o corpo, é antes, um ato político. Primeiro porque nós mulheres não somos ensinadas ao ato, segundo porque acredito que uma boa parcela de mulheres encontra o prazer no outro (isso quando encontra), e não passa pela experiência do autoconhecimento”, destaca.

Então, por onde começar? Foi pensando nisso que procuramos a fisioterapeuta especialista na região pélvica da mulher, Dayse Bezerra, para falar sobre masturbação feminina. Ela é categórica em dizer que “até hoje existe um grande número de mulheres que não conhecem a região íntima ou nunca se tocaram de forma prazerosa por achar esse ato sujo. Porém a masturbação deve ser vista como uma questão de amor próprio, pois é o primeiro passo para o autoconhecimento”, revela. E para começar, a fisioterapeuta recomenda o uso de um espelhinho para que a mulher conheça calmamente a vagina, crie intimidade com ela, sinta o corpo, fazendo apenas o que tiver vontade no momento.

Segundo Dayse, o desafio é se deixar ser guiada pelo instinto, sem peso, pressa ou preconceito. “Você pode, inclusive, criar um ritual completamente seu, com música, aromas, livros, filmes – existem sites eróticos especializados em mulheres; foque em estar em um ambiente particular para não correr o risco de ser interrompida”, orienta. Ela garante que o exercício valerá a pena, pois se é interessante se apaixonar por outra pessoa, imagine quando essa paixão nasce como forma de poder se dar mais prazer e acolhimento?! O ato torna-se muito mais potente.

Vibrando no autoamor – Mulheres apostam em vibradores para aumentar o prazer

Falar em potência, o mercado tem investido na diversidade de produtos em prol do prazer feminino, o que por um lado pode indicar uma onda crescente de autonomia do prazer da mulher. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual, (Abeme), apenas em 2020, ano em que as pessoas ficaram em isolamento social devido à pandemia da Covid 19, o Brasil registrou a venda de R$ 2 bilhões em produtos. Já em 2021, no mercado virtual, a Dona Coelha, sex shop voltado para o publico feminino, aumentou as vendas 475% em relação ao ano anterior. Em Mossoró, de forma presencial a busca por produtos que garantem aumentar o prazer não é diferente. A empresária Angélica Gomes, há quinze anos dona do Sex shop Sensual Fetiche, conta que a timidez ainda acompanha as mulheres na hora de escolher sobre quais produtos levar, mas que isso vem mudando ao longo dos anos. Angélica também revela que “a maioria que escolhe um vibrador, por exemplo, conta que é para o autoprazer”. A empresária reforça que tem disponível mais de cinquenta tipos de vibradores, “tentamos identificar o que essa mulher busca, para que possamos indicar o melhor vibrador, se ela procura por velocidade, tamanho, se é para uso interno ou apenas para o clitóris”. E os preços variam, “Os vibradores podem ser encontrados a partir de R$ 18,00 podendo chegar a R$ 699,90”.

Segundo a fisioterapeuta Dayse, a masturbação é uma zona livre, onde é possível usar apenas as mãos ou inserir os vibradores. Sobre esse último surge uma dúvida comum entre as mulheres: será que o vibrador é capaz de diminuir a sensibilidade do clitóris? Dayse responde o seguinte: “O que acontece é que os vibradores possuem intensidades diferentes, e geralmente essa intensidade vai sendo aumentada com uso diário, chegando ao ponto onde a mulher só atinge o orgasmo através de um estímulo muito intenso, sendo inclusive bem difícil o parceiro reproduzir”, revela. Neste caso, a fisioterapeuta recomenda que se faz necessário ressensibilizar o clitóris, “reduzindo a intensidade da vibração aos poucos e associando à terapia comportamental, onde trazemos o sexo para um patamar também cognitivo, o que é de extrema importância, pois o cérebro faz parte do ato sexual,  e assim o corpo volta a se satisfazer com estímulos mais simples”, ou seja, é interessante usar o vibrador escolhendo sempre  o caminho que passa pelo equilíbrio.

Especialista explica porque a prática da masturbação faz bem para o corpo

Com a ajuda de produtos eróticos ou não, a mulher tem disponível a criatividade e o poder da mente para explorar o próprio corpo. Dayse relembra que são várias áreas de prazer e cada mulher tem suas particularidades, por isso algumas de nós sentem orgasmo com penetração, outras com o estímulo do clitóris, toque anal, mamilos, e entender essa individualidade é importante. Para não restar dúvidas, ela ainda reforça os benefícios da masturbação: “autoconhecimento do corpo e sexualidade, aumento da libido, mais produção de anticorpos, sensação de bem-estar, e melhora do desempenho sexual”, tudo isso ao alcance das mãos e de forma gratuita.

Lembra Thássila, lá do início dessa reportagem? Ela também revelou que, nos aspectos gerais, sente-se confortável em dialogar com as pessoas sobre experiências com a masturbação. Pra isso, faz uso do @tassilaalves, “acho um processo necessário a ideia de partilhar as vivências, assim, no final ninguém se sente sozinha e também construímos uma relação acolhedora”, tai um convite para segui-la hoje mesmo.

Já a fisioterapeuta Dayse Bezerra pode ser encontrada em @simplificando_a_pelve. Por lá é possível aprender mais sobre saúde do corpo e o prazer da mulher.

O sex shop que aparece na matéria está lá no @sexyshopsensual. Fale que você conheceu o endereço através da Matracas.

Para referenciar parte das informações usadas aqui, fica a indicação de um curta francês premiado, “Le Clitóris”, que mostra, de maneira didática, mas interessante, o formato e o funcionamento do clitóris. 

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Destaque Política

90 anos da conquista do voto feminino, mas ainda somos sub-representadas

No Brasil do século 21, as mulheres representam 52,87% do eleitorado. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), extraídos do cadastro nacional de eleitores, quase 78 milhões de brasileiras devem votar nas eleições de 2 de outubro de 2022. O direito ao voto feminino demorou a ser conquistado. Somente em 24 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral autorizou as mulheres brasileiras a votar. Essa conquista há exatos 90 anos, foi resultado das lutas feministas, encabeçada por um movimento que já defendia o voto feminino, há pelo menos quatro décadas antes.

Nessa época, o Rio Grande do Norte, aponta no cenário brasileiro e mundial, com dois importantes fatos históricos: o primeiro, diz respeito à Lei Estadual 660, de 25 de outubro de 1927, em que qualquer cidadão potiguar poderia votar ou ser votado, sem distinção de sexo, desde que reunisse as condições exigidas. Na ocasião, a professora Celina Guimaraes Viana, Mossoroense, solicitou o título eleitoral, passando a ser oficialmente a primeira eleitora brasileira e da América Latina, quatro anos antes do país permitir o sufrágio feminino. No mesmo ano eleitoral, em 1928, também no Rio Grande do Norte, Alzira Soriano, 32 anos, além de votar, disputou e venceu as eleições municipais, na cidade de Lajes, RN, com 60% dos votos válidos, contra o então candidato Sérvulo Pires, sendo a primeira prefeita brasileira eleita.

Mesmo se considerando a importância histórica dessas mulheres, ambas tiveram que enfrentar preconceitos e discriminações ao longo de suas trajetórias. Alzira Soriano foi bastante atacada em virtude do papel social destinado as mulheres, como esposa, mãe e dona de casa, durante a sua campanha e em seu mandato, até a sua renúncia, quando se posicionou contrária ao governo de Getúlio Vargas”, explica a professora, doutora em Sociologia e pesquisadora do Grupo de Estudos Feministas- GEF/UERN, Telma Gurgel.

Além de nomes como o de Celina Guimarães e Alzira Soriano, a professora Telma Gurgel, também relembra mulheres que contribuíram para a conquista do voto, “No RN tivemos Nízia Floresta que foi precursora no debate emancipacionista, por aqui e mesmo, não sendo contemporânea da luta sufragista, suas ideias e batalha pela educação e contra a escravidão deixaram sementes que germinaram no período seguinte. A professora Julia Barbosa também teve seu protagonismo pois foi a pessoa indicada por Juvenal Lamartine para manter contato com Bertha Lutz e Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher. Foi ela que articulou e organizou a visita de Berta ao RN em 1928”, afirma.

Mesmo sendo maioria entre os eleitores, as mulheres ainda não acompanham a tendência de crescimento em termos de representação política. Nem é preciso ir muito longe, basta olhar para as últimas eleições gerais, quando apenas a Governadora Fatima Bezerra, PT, também no Rio Grande do Norte, foi eleita governadora. Apenas em 2010, o Brasil elegeu a primeira e única, até então, mulher Presidenta, Dilma Rousseff (janeiro de 2011- 31 de agosto de 2016).

Essa desigualdade de acesso ao poder ou a representação política é o resultado imediato da estrutura patriarcal e machista ainda presente em nossa realidade. Enquanto as mulheres permanecerem sem a garantia efetiva de seus direitos e condição de emancipação, elas estarão mais afastadas da política”, afirma. Além disso, a professora ressalta o fato de que, a política também propicia certo medo às mulheres, pela forma violenta de como vem sendo organizada, “ basta lembrar os inúmeros casos de assédios, ameaças, e a violência de gênero no interior do parlamento, com destaque ao impeachment da presidente Dilma, e ainda, o que acontece com deputadas que hoje vivem sob proteção policial porque são ameaçadas pela condição de gênero, transsexualidade, negritude ou origem. A própria vereadora Mariele, sofreu um assassinato politico, por ser mulher, negra, de esquerda e de favela”, conclui.

Diante do cenário brasileiro, do retrocesso à diversidade e democracia, o direito ao voto é apenas o primeiro passo para a inclusão de mais mulheres num espaço ainda dominado pelos homens. As mulheres são maioria, porém ainda sub representadas. Com as eleições deste ano surge a expectativa de mais representatividade e atuação das mulheres nas urnas e parlamentos.

Para Telma Gurgel, o grande desafio da política neste século é romper com a lógica dominante do mercado, sobrepondo a humanidade. Segundo ela, enquanto continuarmos fechando os olhos para a desigualdade estrutural da sociedade, não conseguiremos fazer uma nova política, “Então, a política precisa retomar a sua radicalidade e não privilegiar o pragmatismo. É preciso esquerdizar novamente, colocar na pauta que não existe uma paz mundial ou no Brasil, enquanto permanecer a desigualdade”, enfatiza.

Votar e ser votada garante as mulheres representatividade, investimentos em políticas públicas voltadas para suas demandas, garante um espaço de voz num sistema que silencia mulheres e que a violência política de gênero é realidade na vida das que ousam ocupar os espaços de poder.

Linha do Tempo dos 90 anos do voto feminino no Brasil

Para celebrar os 90 anos de conquista do voto feminino a Rede de Desenvolvimento Humano (REDH), em parceria com o Laboratório de Direitos Humanos (LADIH) da UFRJ e apoio da Laudes Foundation, lançou nesta quinta-feira (24), a Linha do Tempo que remonta a luta das feministas para a conquista desse direito e os principais fatos em torno da luta por igualdade de gênero e raça nas 09 (nove) décadas seguintes. Conforme consta no site “as décadas estão divididas em três momentos do processo histórico de conquista do voto e da democracia neste país: de 1824 à 1932; 1932 à 1982, com o início do processo de democratização; e 1982 até hoje”.

Para conhecer a história e as mulheres que ecoaram suas vozes antes de nós é só acessar o www.votofemininonobras.com. Um trabalho que nos permite celebrar e conhecer o percurso da luta, trazendo nomes das mulheres, movimentos e fatos invisibilizados pela história.

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Cultura Destaque Editorias

Distopia ou realidade? O conto “Valsa de Fim de Tarde” da jornalista Taysa Nunes, empresta ritmo às lutas feministas.

É no sertão do Rio Grande do Norte, região localizada no nordeste do Brasil, onde a Valsa de Fim de Tarde acontece. Em um cenário distópico e opressivo, vive a cangaceira Celina, uma mulher nordestina, que foge dos padrões impostos pela sociedade. Celina é, por natureza, uma feminista engajada na luta por justiça e direitos iguais e, uma cidadã capaz de se opor ao atual governo. Logo, se você vive no Brasil, qualquer semelhança encontrada no conto escrito pela jornalista Taysa Nunes, não será mera coincidência. Em tempos assustadores e violentos, em que pessoas são espancadas até a morte, por cobrarem seus direitos, como é o caso de Moïse, o congolês assassinado no Rio de Janeiro, fica explicita a guerra na qual estamos lutando por sobrevivência.

Segundo a autora, “enquanto as classes mais altas se banham em riquezas, os pobres morrem de fome e são punidos com sentenças severas e físicas. “Valsa de Fim de Tarde” é um retorno à adolescência da personagem e de como ela foi violentada pelo sistema. Quando está à beira da morte, é salva por Dandara, líder de uma comunidade de novos cangaceiros.” No conto, todos os personagens carregam nomes ligados a personalidades do Nordeste, e as mulheres são figuras principais, corajosas e empáticas umas com as outras. O enredo foi cuidadosamente articulado pela escritora, por também se colocar no mundo sendo uma mulher feminista, e considerar o movimento um salto de vida. “O feminismo me abriu portas que eu nunca conseguiria ter aberto sozinha se meus olhos não tivessem começado a enxergar coisas que passei a questionar. Cada mulher tem a sua forma de pregar/expressar o feminismo. A minha é através do que eu falo, escrevo, visto, do meu cabelo e das minhas tatuagens.”

A história contada em Valsa de Fim de Tarde, historia com “H” mesmo, pois a ficção imita a realidade distópica do povo brasileiro, foi escrita um pouco antes da covid19, no entanto, a escritora já anunciava uma pandemia. O conto está disponível na internet, no site da Amazon, e recebe a ilustração do artista Joao Antunes, que transformou a narrativa em HQ. “João deu um rosto e alma aos meus personagens tão queridos. Ele foi livre para criar, do roteiro à arte e quanto ao tempo até a finalização.” O e-book de 24 páginas apresenta o texto com o conto original e sua sequencia, chamada “Amorial”, e ainda, presenteia o leitor com um making of. O título da ficção faz referência à música “Valsa de Fim de Tarde” do musicista potiguar Antônio Madureira, “A melodia tem acordes tristes que me tocam profundamente, mas acho que combinou com a história, porque o dia acaba, mas temos o nascer do sol pra continuarmos em frente”, afirma.

Para a jornalista Taysa Nunes, a distopia contra nós mulheres, sempre esteve presente, a começar pela violência contra nossos corpos e mentes. Até quando? O e-book propõe essa quebra de paradigmas, e foi plantado feito semente em terra árida do sertão, como planta resistente capaz de sobreviver em meio a pouca água. ”Eu quero que Celina quebre o sistema por nós e que ela possa ter mulheres e companheiros de cangaço que a ajudem nisso”. A obra nos coloca no olho das lutas presentes na atualidade, e traz um convite para reforçar as trincheiras de nosso tempo, com mais pessoas que sejam capazes de lutar por justiça e direitos iguais, “Celina é uma mulher forte, determinada, nunca abaixa a cabeça e luta pelo que acredita”. Que viva em cada uma de nós, um pouco de Celina, afinal, o futuro distópico e cyberpunk do conto, não seria o presente de agora?. A HQ pode ser adquirida pela Amazon no link: Valsa de Fim de Tarde eBook : Nunes, Taysa, Antunes Jr., João: Amazon.com.br: Livros Quem não tem o kindle para ler o e-Book, pode baixar o aplicativo Kindle para o celular e dançar no ritmo da leitura.

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Mossoró tem a primeira mulher comentarista de futebol em rádio e televisão no RN

O pioneirismo é marca registrada na história de mulheres mossoroenses. No esporte, não é diferente. Na época em que futebol ainda era considerado “coisa de homem”, a professora Celina Guimarães liderava a turma do Grupo Escolar 30 de Setembro, ao traduzir as regras do inglês e, literalmente, ensinar a prática da bola em campo. Até o início do século XX, Celina ainda não encontrava-se representada como a primeira mulher a conquistar o direito ao voto, mas já ocupava o título de primeira mulher a arbitrar uma partida de futebol.

O tempo passa e, 79 anos depois, Michelline Maciel e Edgar Pereira trazem ao mundo, na mesma Mossoró de Celina, uma menininha chamada Larissa Maciel. O gosto por futebol acompanhou o crescimento de Larissa. Ela explica como tudo começou: “a minha história com o esporte surgiu desde muito pequena, quando eu era criança. A minha família sempre foi muito ligada, principalmente ao futebol, a maioria é flamenguista. Meu avô incentivava a assistir aos jogos com ele, assim como meu tio por parte de pai. As minhas primas, que eram como irmãs e cresceram comigo, também gostavam de futebol. Eu possuía um laço familiar forte com o esporte e todo domingo tinha algo pra assistir. Então, fui crescendo com base nisso, pegando gosto e já notava que o esporte seria uma tradição na minha vida”, afirma.

O placar: 1×0 pra quem já consegue acompanhar ou imaginar a figura emblemática na qual Larissa se tornou. Primeira mulher comentarista de futebol em rádio e televisão no Rio Grande do Norte, apresentadora e repórter da área esportiva, atuante de frente no universo virtual, dona de um conteúdo todo voltado para essa área. E olha que esporte vai muito além do futebol. O universo é vasto. Larissa estudou, cresceu, construiu memórias em família, escolheu o jornalismo esportivo para seguir carreira e hoje entra em campo para jogar a partida que empresta sentido à vida.

Assim como toda boa disputa esportiva tem emoção e às vezes o atleta precisa lidar com as contrariedades, Larissa faz um aquecimento, se prepara e vai. Ser mulher em uma sociedade patriarcal é desafiador e exige preparo mental para administrar os absurdos que chegam: “Já senti o assédio por parte de jogadores, técnicos, dirigentes. Infelizmente, o caso mais atual foi agora, durante a segunda divisão do Campeonato Potiguar, quando fui ameaçada por uma pessoa que não gosta dos meus comentários. Neste mesmo campeonato, outra figura ligada ao futebol também me enviou áudios com falas tentando diminuir o meu trabalho e apuração de notícias por eu ser mulher”, revela. Engana-se quem pensa que ela abandona o jogo. A mulher de 1,56m é gigante em ousadia e aposta no conhecimento capaz de conquistar diariamente, afinal, o conhecimento é o bem que nenhuma pessoa pode nos tirar.

Subir ao pódio e trabalhar abrindo caminhos para que outras mulheres possam dominar a área esportiva no que diz respeito ao jornalismo é mais um desafio de Larissa. Ela revela que a representatividade feminina no esporte ainda é muito complexa, seja nos meios de comunicação ou na prática de atividades esportivas: “como é que em Mossoró não existe um fomento ao futebol feminino por parte das equipes profissionais? Temos equipes amadoras que precisam desse incentivo”. E quanto às mulheres na cobertura esportiva, é hora de avançar. “Se depender de mim, eu vou batalhar pra que eu possa crescer e abrir portas para outras mulheres, porque de outra forma, se formos depender do mundo masculino, não conseguiremos”, afirma.

Além de jornalista, comentarista de esporte, Larissa também adota o feminismo como movimento de vida. Se é preciso seguir regras no esporte, fora das quadras funciona da mesma forma: “feminismo pra mim está presente todos os dias, quando abro o meu blog e faço uma publicação, ou estou ao vivo na TV e posso incentivar outras meninas a buscarem espaço. E se eu puder estender a mão pra essas pessoas, me sinto dentro da causa feminista. É onde, também, entra a sororidade, quando você vê que existem outras mulheres que estão na cobertura pela imprensa, e você ajuda com uma informação”. Ela ainda destaca que abraça o feminismo, principalmente dentro do jornalismo esportivo, pois ele é uma peça importante para combater o assédio que pode acontecer.

Certamente, Celina Guimarães gostaria de ter conhecido a destemida e preparada Larissa Maciel. Taí, uma pergunta que faltou em meu roteiro, mas que deixo no ar, voltada para essa personagem inspiradora: quais projetos ligados à área esportiva você, Larissa, tocaria ao lado de Celina? A resposta servirá para um segundo momento.  Por hora, continue jogando com todo brilho! A história adaptada de Celina para Larissa não é linear, mas é construída de avanços e conquistas e é isso que verdadeiramente conta. Um Gol de placa para cada mulher que decide fazer revolução em seus espaços.

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Engenheira agrônoma quebra preconceito e assume a cabine do trator

Em todo o contexto histórico da humanidade a luta das mulheres pela  igualdade de gênero nos espaços sociais tem sido constante. Ainda hoje, século XXI, na era da informação, das transformações tecnológicas, as  mulheres seguem se mobilizando, não só para obter direitos óbvios, como também para manter os que já foram conquistados. No cenário brasileiro, desde o direito ao voto feminino, em 1932 – concedido apenas às mulheres casadas, com autorização dos maridos, e para as viúvas com renda própria –, quando a Constituição Federal passou a permitir a participação das mulheres na política, à criação e liberação da pílula anticoncepcional, em 1960, o universo feminino é, sem dúvidas, permeado por exclusão, protestos e desafios. Cada conquista celebrada é resultado de movimentos revolucionários de uma ou de muitas de nós. Não existe romantização no processo. O percurso é mesmo tortuoso. Porém, toda mulher é capaz de abrir os próprios caminhos e de outras companheiras que seguirão o atalho.

Jane kelly Holanda, 41 anos de idade, faz parte de um grupo seleto de mulheres precursoras. Engenheira agronômica por formação, Jane é ciente de que as únicas diferenças entre homens e mulheres são fisiológicas e anatômicas, pois todo o resto é construção social. Logo, o que não é bom pode ser modificado. A cultura está sempre em transformação. Dessa forma, ela lidera grupos e mais grupos formados majoritariamente por homens.

Jane ocupa o cargo de primeira instrutora do curso de operação de tratores no  Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), em Mossoró, RN.  Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), ligados ao levantamento estatísticas de gêneros, revelam que, apesar de mais instruídas que os homens, as mulheres ainda enfrentam dificuldades em ocupar funções de liderança e chefia no mercado de trabalho. Somente 37,4% dos cargos de comando, em 2019, pertenciam a elas, além disso, no mesmo ano, as mulheres receberam 77,7% do rendimento dos homens, enquanto ocupavam cargos gerenciais com maior remuneração e responsabilidade. Em meio a uma seara masculina, a instrutora aparece na liderança profissional. “Desde cedo gostei de carros e sempre busquei me especializar naquilo que faço. Quando aceitei o desafio de ministrar o curso, passei por um treinamento de uma semana e hoje conheço o trator como ninguém”, afirma.  Ela compartilha que na rua já sofreu preconceito por estar ao volante de um carro sendo mulher, mas nunca se deparou com essa realidade durante a aplicação dos cursos. No entanto, a instrutora reforça: “a área agrícola precisa abrir os horizontes para mais mulheres, valorizar o trabalho dos grupos, de forma que todos possam usufruir da igualdade de direitos e deveres no campo”. Este é, portanto, o desafio das ciências agrárias e da humanidade pelos próximos anos.

Com os pés fincados no presente, Jane planta os olhos no futuro e sonha com mais abertura profissional. “Aos poucos vamos quebrando as barreiras, mostrando que temos as mesmas capacidades”, enfatiza. Ainda segundo ela, o caminho capaz de levar a esse ponto é a capacitação profissional aliada à persistência em relação aos ideais. É exatamente o que temos feito ao longo dos séculos. Cada passo conta. Para se ter uma ideia, quando Jane fala em capacitação/educação, é interessante lembrar que somente em 1879 as portas das universidades foram abertas às mulheres. Muito mais tarde, em 1988, a Constituição Brasileira passou a reconhecer as mulheres como iguais aos homens.

Ainda assim, um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em março de 2020, revela que 90% da população mundial têm algum tipo de preconceito contra mulheres. A análise mostra que o prejulgamento existe por parte de ambos os sexos, homens e mulheres. Entre os entrevistados, em 75 países, 90,6% dos homens e 86,1% das mulheres mostraram ter ao menos um preconceito na questão que envolve igualdade de gêneros. No Brasil, 89,5% revelaram ter ao menos um preconceito contra mulheres. A pergunta que surge é: como utilizar o trator e atingir as raízes de uma questão histórica para adubar a terra?

A força de ser quem somos

A verdade é que as mulheres já avançaram em diversas frentes, sendo que há muito tempo a força física deixou de ser atributo de sobrevivência, já que a Pré-História ficou para trás. Vivemos, agora, um período de transição e de transformações significativas, onde Jane kelly é uma mulher que transforma e abre portas para outras professoras ou tratoristas que devem chegar e, também, revolucionar a área agrícola daqui a alguns anos. Se no passado as coisas não eram favoráveis às mulheres, hoje temos o poder de colher os frutos plantados por nossas ancestrais e o dever de semear o campo em busca de novas colheitas. Nenhuma semente há de se perder neste chão fértil pelo machismo estrutural, ainda que, às vezes, a força mortífera dos fertilizantes e a estiagem desanimem. Estamos no caminho direcionadas a preparar o campo, com pés firmes no acelerador e mãos concentradas na direção.