Distopia ou realidade? O conto “Valsa de Fim de Tarde” da jornalista Taysa Nunes, empresta ritmo às lutas feministas.

É no sertão do Rio Grande do Norte, região localizada no nordeste do Brasil, onde a Valsa de Fim de Tarde acontece. Em um cenário distópico e opressivo, vive a cangaceira Celina, uma mulher nordestina, que foge dos padrões impostos pela sociedade. Celina é, por natureza, uma feminista engajada na luta por justiça e direitos iguais e, uma cidadã capaz de se opor ao atual governo. Logo, se você vive no Brasil, qualquer semelhança encontrada no conto escrito pela jornalista Taysa Nunes, não será mera coincidência. Em tempos assustadores e violentos, em que pessoas são espancadas até a morte, por cobrarem seus direitos, como é o caso de Moïse, o congolês assassinado no Rio de Janeiro, fica explicita a guerra na qual estamos lutando por sobrevivência.

Segundo a autora, “enquanto as classes mais altas se banham em riquezas, os pobres morrem de fome e são punidos com sentenças severas e físicas. “Valsa de Fim de Tarde” é um retorno à adolescência da personagem e de como ela foi violentada pelo sistema. Quando está à beira da morte, é salva por Dandara, líder de uma comunidade de novos cangaceiros.” No conto, todos os personagens carregam nomes ligados a personalidades do Nordeste, e as mulheres são figuras principais, corajosas e empáticas umas com as outras. O enredo foi cuidadosamente articulado pela escritora, por também se colocar no mundo sendo uma mulher feminista, e considerar o movimento um salto de vida. “O feminismo me abriu portas que eu nunca conseguiria ter aberto sozinha se meus olhos não tivessem começado a enxergar coisas que passei a questionar. Cada mulher tem a sua forma de pregar/expressar o feminismo. A minha é através do que eu falo, escrevo, visto, do meu cabelo e das minhas tatuagens.”

A história contada em Valsa de Fim de Tarde, historia com “H” mesmo, pois a ficção imita a realidade distópica do povo brasileiro, foi escrita um pouco antes da covid19, no entanto, a escritora já anunciava uma pandemia. O conto está disponível na internet, no site da Amazon, e recebe a ilustração do artista Joao Antunes, que transformou a narrativa em HQ. “João deu um rosto e alma aos meus personagens tão queridos. Ele foi livre para criar, do roteiro à arte e quanto ao tempo até a finalização.” O e-book de 24 páginas apresenta o texto com o conto original e sua sequencia, chamada “Amorial”, e ainda, presenteia o leitor com um making of. O título da ficção faz referência à música “Valsa de Fim de Tarde” do musicista potiguar Antônio Madureira, “A melodia tem acordes tristes que me tocam profundamente, mas acho que combinou com a história, porque o dia acaba, mas temos o nascer do sol pra continuarmos em frente”, afirma.

Para a jornalista Taysa Nunes, a distopia contra nós mulheres, sempre esteve presente, a começar pela violência contra nossos corpos e mentes. Até quando? O e-book propõe essa quebra de paradigmas, e foi plantado feito semente em terra árida do sertão, como planta resistente capaz de sobreviver em meio a pouca água. ”Eu quero que Celina quebre o sistema por nós e que ela possa ter mulheres e companheiros de cangaço que a ajudem nisso”. A obra nos coloca no olho das lutas presentes na atualidade, e traz um convite para reforçar as trincheiras de nosso tempo, com mais pessoas que sejam capazes de lutar por justiça e direitos iguais, “Celina é uma mulher forte, determinada, nunca abaixa a cabeça e luta pelo que acredita”. Que viva em cada uma de nós, um pouco de Celina, afinal, o futuro distópico e cyberpunk do conto, não seria o presente de agora?. A HQ pode ser adquirida pela Amazon no link: Valsa de Fim de Tarde eBook : Nunes, Taysa, Antunes Jr., João: Amazon.com.br: Livros Quem não tem o kindle para ler o e-Book, pode baixar o aplicativo Kindle para o celular e dançar no ritmo da leitura.

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