A notícia do divórcio de Preta Gil e Rodrigo Godoy levantou mais uma discussão nas redes sociais sobre o peso do cuidado nas relações afetivas. Afinal, quando a mulher não pode cuidar, a promessa do "para sempre" continua? Ainda é possível acreditar em um "final feliz" se a esposa não puder realizar as funções de antes?
Sistematicamente educadas para servir, as mulheres são induzidas a acreditar que o casamento representa a realização de todos os desejos e sonhos. Como se não houvesse outros caminhos, alguns muito mais interessantes e proveitosos do que esse, continuam sendo instigadas a fazerem tudo o que está ao alcance em prol desta união. Logo, todo o cuidado, ou a maior parte dele, recai sobre elas - no desgaste físico e carga mental.
E quando a mulher não pode mais desempenhar tais atividades, quem assume o fardo? Quem fica para cuidar da mulher? Apenas outra(s) mulher(es). Não é de hoje que notícias como essa, ou dados alarmantes de saúde, revelam o abandono matrimonial quando as mulheres invertem a "regra" e assumem a condição de cuidadas - e não mais de cuidadoras.
Isso ocorre porque as figuras masculinas mudam com o passar dos anos, mas a lógica patriarcal do cuidado permanece. As mulheres deixam as casas dos pais e, mesmo assim, carregam toda a responsabilidade de manter a promessa divina a partir das performances "perfeitas" como sujeito, mãe e filha. Se uma das personas falha, todo o relacionamento está comprometido. Todavia, doença não é erro ou agora está sendo enxergada assim?
Logo, onde fica o "sim" heteronormativo, pronunciado no altar, no conhecido trecho: na saúde e na doença? A resposta tem prazo de validade ou só serve para as enfermidades que recaem sobre os companheiros?
Que as Pretas, cantoras ou não, encontrem o afeto de que tanto precisam e que se distanciem cada vez mais de toda jura que beneficia somente um dos cônjuges. ...