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Exposição Afrocentro, da artista visual Malu, será neste sábado (19) em Mossoró

Acontece neste sábado (19), em Mossoró, a exposição “Afrocentro” da artista visual potiguar Malu, em celebração ao dia da consciência negra.

O evento ocorrerá no conhecido Beco dos Artistas, a partir das 18h, no centro da cidade, com a proposta de um aquilombamento cultural que envolverá artistas potiguares das cidades de Mossoró e Natal.

A programação é composta pela rapper e ativista Cabocla de Jurema e o rapper de Natal, Cazasuja, tocando pela primeira vez em Mossoró. Cazasuja convida ainda outros artistas que compõem a cena do rap de Natal para fazer a festa coletiva, como Cafuzo da Baixada e Ujvlly.

O evento contará ainda com a participação de Thiago Odílio que realizará a discotecagem, para animar o público em meio a arte, cultura e o reavivamento de um espaço cultural esquecido pelo poder público da cidade.

O Beco dos Artistas já foi palco de inúmeras manifestações culturais de Mossoró e região e renasce com a proposta de trazer cultura e lazer em uma noite afrocentrada, assinada pela cabeça pensante de uma artista de apenas 25 anos de idade, que empresta seu corpo e suas obras ao expor em um evento de rua, de forma totalmente independente.

A atividade conta com o apoio da entidade estudantil máxima do estado, da União Nacional dos Estudantes, da deputada federal Natália Bonavides, professores da UERN, entre outros que acreditam na força e potência da juventude negra do estado. Todos e todas estão convidados a comparecer e prestigiar esse momento histórico para a vida cultural de Mossoró.

 19 de novembro às 18h

Beco dos Artistas, Travessa Martins de Vasconcelos, Centro.

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Dia do Estudante: comemorar ou protestar?

Dia 11 de agosto, uma data emblemática para milhares de estudantes brasileiros, pois hoje é dia de celebrar a vida, o esforço e a dedicação de crianças, jovens e adultos que buscam o conhecimento por meio dos estudos.
Entretanto, neste dia de hoje, não só os estudantes brasileiros precisam fazer uma reflexão, mas toda a sociedade, afinal, o que os estudantes têm a comemorar?
Será a Emenda Constitucional aprovada em 2016 no governo do Presidente Michel Temer que congelou o investimento em Educação por vinte anos?
Serão os constantes cortes nas verbas que deveriam ser destinadas à Educação desde 2019 quando milhares de estudantes de escolas públicas, dos Institutos Federais e Universitários foram às ruas protestar pelo fato das instituições não terem condições de pagar gastos básicos como o consumo de energia ou manter a limpeza das instituições?
Será o abandono sofrido por milhares de estudantes no período da pandemia, especialmente os mais vulneráveis, que ficaram esquecidos por não terem acesso à internet e equipamentos tecnológicos que os amparassem no momento em que o distanciamento social era vital?
Serão os desvios de verbas do Ministério da Educação com a compra de kits de robóticas e a compra de ônibus escolares superfaturados para beneficiar aliados do governo e lobistas?
Serão os casos de corrupção envolvendo o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro e os seus comparsas pastores ao pedirem propina para ceder verbas do MEC para determinadas prefeituras que se dispusessem a aceitar os moldes da falcatrua?
Será a falta de uma política de educação que vise investir nas estruturas escolares sucateadas, bem como na qualidade de educação oferecida aos estudantes das capitais aos rincões deste país?
Pelo visto, aos estudantes brasileiros não há o que se comemorar já que a Educação é considerada a inimiga principal do maior representante da nação, o presidente. Nesse sentido, só resta aos estudantes, neste dia emblemático, tomar as ruas do país e protestar em prol da democracia, pois sem democracia não há Educação, não há perspectiva para a realização dos sonhos dos nossos estudantes.
Monteiro Lobato disse que: “Um país se faz com homens e livros”. Eu acrescento que um país se faz com homens, livros e investimento. Um país que não investe na Educação do seu povo, é um país fadado à pobreza, à miséria, ao fracasso e ao insucesso.
Jovens estudantes e sociedade brasileira, a quem interessa a ignorância de uma nação?
Lutemos estudantes, professores e familiares por dias melhores em que a educação romperá de vez com os grilhões da ignorância.
Paula Regina da Silva Duarte é professora mestre em Letras; professora da rede estadual de ensino e diretora da juventude do SINTE/Regional.
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AUTORA POTIGUAR GANHA DESTAQUE ESCREVENDO LIVROS NO SUDESTE DO PAÍS.

Quantos livros escritos por mulheres você já leu ao longo de toda a vida? Sempre teve essa atenção ou foi lendo a partir da forma naturalizada e imposta pelas circunstâncias históricas, onde os homens ainda predominam na cena literária? Sem julgamentos, ou medo da resposta, não é de nosso interesse o confronto. A grande verdade é que, a escrita já nasceu querendo nos calar, basta rememorar escritoras que viveram no anonimato, pois do contrário, não seriam publicadas, e se fossem, sofreriam retaliações. Pensemos em Jane Austen do século dezoito, autora de clássicos como “Orgulho e Preconceito”, que enquanto viva, nunca publicou nenhum romance assinado com o próprio nome. Em marcha, nós, mulheres, caminhamos em disparada para chegarmos aqui, quebrando parâmetros de editoras e de uma sociedade estruturalmente machista, repleta de barreiras. Nomes como o de Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Naomi Wolf, entre outros tantos, abrem espaço para o potencial de novas mulheres na escrita. Mulheres potentes.

Suelly Lucas, a escritora que apresentaremos nesta reportagem, demorou em descobrir o interesse pela escrita, embora conte que, costumava escrever por qualquer motivo, “foi à partir dos 15 anos que senti estar voltada para escrever e, só então, comecei prestar atenção em mim”, revela. A descoberta da jovem moça que aos 15 descobre a afinidade com as letras, resultou no lançamento de dois livros e em projetos que vislumbram um terceiro e, outros que já estão desenhados na mente. Inspirada nas riquezas do cotidiano, no verde das plantas conservadas em uma casa na grande São Paulo, nos mistérios presentes em cada felino que cruza seu caminho, e nas poderosas relações familiares, Suelly brinca com as palavras e constrói frases, que juntas formam livros.

A primeira obra foi lançada em 2016, pela Editora Book Express Eireli, e chama-se: Frases Tocantes. Mais tarde, em 2018, o livro ganha uma segunda edição, dessa vez pela Editora Ledriprint , com o mesmo título, “os dois livros tem poesias, cifras e pensamentos. São frases que me identifico muito, uma delas é: “ninguém é forte o tempo inteiro, muitas vezes silenciamos na nossa dor ou mesmo numa saudade, para podermos nos passar por valentes e demonstrar aquilo que nem sempre somos”, é uma realidade”, compartilha.

Além de fazer link com o cotidiano, Suelly conta que armazena em seu patrimônio intelectual influências de escritoras como a paraibana Socorro Silva e Cora Coralina: “encontrei na literatura a liberdade, a sensibilidade e a sutileza. Eu passei a me conhecer melhor, antes estava escondida de mim, hoje sei bem quem sou, e acho que me surpreendi comigo mesma”, e isso aconteceu através da leitura e produção da escrita. Para a escritora, quando uma mulher encontra seu caminho no mundo, estamos falando sobre dois pontos de vista diferentes: independência e autonomia. São palavras quase sinônimas, uma diz respeito a poder ir e vir, e a outra, fala sobre emancipação, querer ir ou ficar, compreender que temos escolha diante da vida e dos acontecimentos. Foi pelo caminho da autonomia que Suelly decidiu seguir e permanecer. Nascida em Mossoró, aos 25 anos foi morar em São Paulo, e lá tem construído sua fortaleza, “acredito que existem dificuldades, mas não podemos deixar de correr atrás, é preciso agir”, reforça. A potiguar relembra que seu sonho de ser autora publicada, recebeu o incentivo de outras mulheres, amigas que suavizaram o caminho. Além disso, Suelly faz questão de citar o marido, “que representa um suporte, e sempre foi um incentivador”, afirma.

De acordo com a autora, a terceira obra já está sendo gestada, e deve nascer ainda este ano, ou comecinho de 2023. Os projetos abrem espaço para a realização de outro sonho, que é realizar o lançamento do terceiro filho em Mossoró-RN, e na cidade de São Bento-PB, onde também guarda parentes. Para conhecer o universo de frases e o pensamento dessa escritora potiguar que produz no “sul” do país, é só entrar em contato através das redes sociais: Instagram: @Suellyxavierlucas, ou Facebook:  Suelly Xavier Lucas. Fica o convite para que possamos ler mais mulheres, mais nordestinas, e novas escritoras. E tem mais, como escreveu a inesquecível Toni Morrison, “se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda, então você deve escrevê-lo”, e é pra já!. Enquanto mulheres leitoras ou escritoras, o nosso lugar deve ser ocupado e preservado.

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Distopia ou realidade? O conto “Valsa de Fim de Tarde” da jornalista Taysa Nunes, empresta ritmo às lutas feministas.

É no sertão do Rio Grande do Norte, região localizada no nordeste do Brasil, onde a Valsa de Fim de Tarde acontece. Em um cenário distópico e opressivo, vive a cangaceira Celina, uma mulher nordestina, que foge dos padrões impostos pela sociedade. Celina é, por natureza, uma feminista engajada na luta por justiça e direitos iguais e, uma cidadã capaz de se opor ao atual governo. Logo, se você vive no Brasil, qualquer semelhança encontrada no conto escrito pela jornalista Taysa Nunes, não será mera coincidência. Em tempos assustadores e violentos, em que pessoas são espancadas até a morte, por cobrarem seus direitos, como é o caso de Moïse, o congolês assassinado no Rio de Janeiro, fica explicita a guerra na qual estamos lutando por sobrevivência.

Segundo a autora, “enquanto as classes mais altas se banham em riquezas, os pobres morrem de fome e são punidos com sentenças severas e físicas. “Valsa de Fim de Tarde” é um retorno à adolescência da personagem e de como ela foi violentada pelo sistema. Quando está à beira da morte, é salva por Dandara, líder de uma comunidade de novos cangaceiros.” No conto, todos os personagens carregam nomes ligados a personalidades do Nordeste, e as mulheres são figuras principais, corajosas e empáticas umas com as outras. O enredo foi cuidadosamente articulado pela escritora, por também se colocar no mundo sendo uma mulher feminista, e considerar o movimento um salto de vida. “O feminismo me abriu portas que eu nunca conseguiria ter aberto sozinha se meus olhos não tivessem começado a enxergar coisas que passei a questionar. Cada mulher tem a sua forma de pregar/expressar o feminismo. A minha é através do que eu falo, escrevo, visto, do meu cabelo e das minhas tatuagens.”

A história contada em Valsa de Fim de Tarde, historia com “H” mesmo, pois a ficção imita a realidade distópica do povo brasileiro, foi escrita um pouco antes da covid19, no entanto, a escritora já anunciava uma pandemia. O conto está disponível na internet, no site da Amazon, e recebe a ilustração do artista Joao Antunes, que transformou a narrativa em HQ. “João deu um rosto e alma aos meus personagens tão queridos. Ele foi livre para criar, do roteiro à arte e quanto ao tempo até a finalização.” O e-book de 24 páginas apresenta o texto com o conto original e sua sequencia, chamada “Amorial”, e ainda, presenteia o leitor com um making of. O título da ficção faz referência à música “Valsa de Fim de Tarde” do musicista potiguar Antônio Madureira, “A melodia tem acordes tristes que me tocam profundamente, mas acho que combinou com a história, porque o dia acaba, mas temos o nascer do sol pra continuarmos em frente”, afirma.

Para a jornalista Taysa Nunes, a distopia contra nós mulheres, sempre esteve presente, a começar pela violência contra nossos corpos e mentes. Até quando? O e-book propõe essa quebra de paradigmas, e foi plantado feito semente em terra árida do sertão, como planta resistente capaz de sobreviver em meio a pouca água. ”Eu quero que Celina quebre o sistema por nós e que ela possa ter mulheres e companheiros de cangaço que a ajudem nisso”. A obra nos coloca no olho das lutas presentes na atualidade, e traz um convite para reforçar as trincheiras de nosso tempo, com mais pessoas que sejam capazes de lutar por justiça e direitos iguais, “Celina é uma mulher forte, determinada, nunca abaixa a cabeça e luta pelo que acredita”. Que viva em cada uma de nós, um pouco de Celina, afinal, o futuro distópico e cyberpunk do conto, não seria o presente de agora?. A HQ pode ser adquirida pela Amazon no link: Valsa de Fim de Tarde eBook : Nunes, Taysa, Antunes Jr., João: Amazon.com.br: Livros Quem não tem o kindle para ler o e-Book, pode baixar o aplicativo Kindle para o celular e dançar no ritmo da leitura.

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Symara Tâmara – Uma artista de corpo e alma

Escritora, poetisa, compositora, cantora, musicista, interprete e professora. Uma brasileira que carrega no sangue força, talento e a garra da mulher nordestina. Symara Tâmara, uma artista de voz marcante, forte, timbre único que vem construindo sua história no mundo da música com muita originalidade e criatividade. 

Vencedora de um dos mais tradicionais concursos de talentos musicais de Mossoró, o “Mais Bela Voz”, no ano de 2006, desde então Symara vem  se destacando no cenário musical do Rio Grande do Norte. O seu nome já faz parte da lista de artistas requisitados para apresentações em eventos culturais de Mossoró e recentemente a artista lançou o EP autoral “Tempo”, o qual reúne canções que falam de amor, questões sociais, reflexões sobre a relação do ser humano com o tempo e com suas memórias afetivas.

 O EP “Tempo”, primeiro da carreira da artista, marca os 20 anos de carreira da cantora Symara Tâmara. “Esse trabalho é o marco final das comemorações de vinte anos de minha trajetória musical”, destacou Symara. “Tempo” é o título de uma das faixas do EP. 

POEMA MUSICADO – A canção escolhida para intitular o trabalho vem originalmente do poema “Ribeira”, publicado no livro Peregrina, da poetisa potiguar Kalliane Amorim e musicado por Symara Tâmara, num envolvimento de muita sensibilidade e beleza. 

Para a cantora, a passagem de vinte anos de experiências artístico-musicais foi fundamental para seu amadurecimento, como artista e como ser humano, sendo essa uma razão para celebrar esse momento com uma homenagem ao tempo.

O EP “Tempo” conta com seis canções em seu set list, compostas por Symara em parceria com outros compositores, com os quais a cantora vem formando parceria ao longo de sua trajetória musical, entre eles, seu esposo e produtor César Guimarães.  

PREMIAÇÃO

As composições da artista falam de amor, questões sociais e têm rendido à cantora premiações em diversos festivais de música realizados no Brasil, como a canção “Florescer”, parceria de César Guimarães com a cearense Gabriela Mendes, com a qual Symara ficou entre as vinte melhores canções no I Festival Juazeiro do Norte de Música do Nordeste (CE) e no Prêmio Fomento à Cultura Potiguar (RN), em 2019, sendo o primeiro single lançado pela cantora nas plataformas digitais e seu primeiro videoclipe, que está em seu canal no YouTube.

Symara ficou entre os doze finalistas no I Festival da Música de Fortaleza (CE) em 2018, com a canção “Pixote”, do paraibano Ninor Freitas. Neste festival a cantora concorreu com mais de 300 canções de todo o Brasil. Em 2021, com a canção “Pescador de poesia”, do também paraibano Emiliano Pordeus, ficou em segundo lugar no 1º Festival de Música Sousense (I FESTMUS). 

O EP “Tempo” foi lançado em dezembro do ano passado nas plataformas digitais. O trabalho é um projeto realizado com recursos da lei Aldir Blanc, através da Prefeitura Municipal de Mossoró. O repertório apresenta variados gêneros, com canções que trazem do regional às raízes da música afro-brasileira. Symara explica que embora seu trabalho conte com todo aparato de elementos percussivos, de cordas e metais, porém na apresentação de lançamento do EP que aconteceu no Centro Cultural Banco do Nordeste de Souza-PB, a apresentação foi realizada em um formato mais intimista, onde a artista se apresentou acompanhada por seu produtor musical Jubileu Filho ao violão.

 A ARTISTA – Symara Tâmara, artista potiguar nascida em Natal e cidadã mossoroense, sempre conciliou música, literatura, educação e pesquisa. Tem formação acadêmica e mestrado em Letras pela UERN, membro da AFLAM e ALAMP. Na literatura, é autora do livro de poemas “O zênite da inspiração” (2000) e Antônio Francisco: tradição e modernidade – uma poética da memória (2015). Atualmente está preparando três publicações, uma de poesia (Infinita tarde finda), e duas de pesquisa na área de literatura: Antônio Francisco vai à escola – um relato de experiência com a obra antoniana em sala de aula e Reflexões e fluxos sobre literatura, através da lei Aldir Blanc do RN e do município de Mossoró. 

Na música, vem trabalhando desde 2001, cantando na noite e em bandas de rock e de baile de Mossoró, se destacando em projetos musicais dentro dos maiores eventos da cidade e do estado. Venceu o tradicional concurso A mais Bela Voz em 2006, concorrendo com mais de 800 candidatos de todo o RN. O seu nome figura na lista de artistas requisitados em projetos musicais temáticos como Mossoró Cidade Junina, Assembleia Cultural (Natal-RN) e Câmara Cultural. 

Também apresentou canções de seu projeto autoral em projetos como Canto Potiguar (2008), Projeto Seis & Meia (2010) e Abertura do Espetáculo Chuva de Balas (2011), e participou de projetos como Tributo a Clara Nunes, Elas cantam Brega, MPB Petrobrás, Sacolão Cultural e polos do Mossoró Cidade Junina. Representou o estado do RN em festivais nacionais (Festival da Música de Fortaleza e Festival Juazeiro do Norte de Música do Nordeste) e instituições culturais nacionais (CCBNB Sousa-PB). Abriu shows de artistas nacionais e internacionais, como Quarteto em CY, João Bosco, Nando Reis e Modulatus Project (Iury Matias – RN e Laura Rui – Portugal). 

É professora de Língua Portuguesa da rede pública estadual de ensino do RN. Contatos e mais informações: Acunha Produções: (84) 99120-2706 (whats app) acunhaproducoes@gmail.com Symara Tâmara: (84)98843-3357 symaratamara@hotmail.com symaracontato @gmail.com Redes sociais: Instagram: @symaratamara @acunhaproducoes Facebook: Symara Tâmara Canal no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCp0DcB2s5_ZoMNg4hgA2LyQ

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Mesa de Glosas e o protagonismo das mulheres do Pajeú na poesia improvisada

A cantoria de viola, a mesa de glosas, a arte do repente, tem um improviso que canta e encanta sobre os fatos e o dia a dia do nosso povo. Ora como expressão de felicidade, ora como lamento, ora como registro histórico, ora como diversão. Todavia, ao longo do tempo, esse segmento cultural da cantoria de viola, do repente, da literatura de cordel foi dominado pela figura masculina. Poetas, repentistas e escritores de cordel sempre existiram em grande quantidade. Mulheres, nesse ambiente, sempre foram algo raro de se encontrar, não porque não existia, mas por serem invisibilizadas.

É do Pajeú, território sertanejo localizado no Estado de Pernambuco que conta com dezessete municípios (todos referência quando estamos falando de poesia), que sai parte das vozes femininas do repente e que vêm se destacando pelo Brasil afora. Não à toa, o território é identificado por sua efervescência poética como “pajeúnica”. Trata-se de uma identidade histórica, tendo em vista que do Pajeú saíram outros nomes na arte de improvisar, tais como Severina Branca, Isabelly Moreira, Luzia Batista, Mocinha de Passira, que inclusive são nomes que as glosadoras da nova geração também levam junto para os espaços que ocupam atualmente. Nomes que são apresentados por meio de declamações de seus versos, para mostrar que as glosadoras mulheres sempre ocuparam esse espaço, mas que foram ofuscadas.

Luna Vitrolira, idealizadora do “Mulheres de Repente” / Foto: Damariz Galvez

Representatividade, existência, empoderamento, escrevivência, é tudo o que representa o projeto “Mulheres de Repente”, idealizado pela multiartista Luna Vitrolira, que já se revela como um dos instrumentos que vem dando um novo contexto a este cenário poético e mostrando a potência das glosadoras do sertão pernambucano na arte do improviso. As poetisas Francisca Araújo, Dayane Rocha, Elenilda Amaral e Erivoneide Amaral, com a mediação de Luna Vitrolira, já participaram do espetáculo “Mulheres de Repente”, no Centro Cultural do Grajaú, em São Paulo (SP); já estiveram em Salvador, no Museu de Arte; em Teresina (PI); na Festa Literária das Periferias e no Rio de Janeiro. Essas são oportunidades que marcam não só a carreira dessas mulheres como também a construção de um novo cenário dentro da poesia improvisada.

“A gente, hoje, marca muito forte a nossa existência. Somos nós contando a nossa própria história a partir das nossas próprias narrativas. Então, quando a gente amplia os espaços das mulheres na literatura, a gente está falando de uma voz que entra no espaço de disputa de narrativa para contar a sua versão da história, a sua perspectiva de mundo, a sua escrevivência, a partir do seu corpo, de suas marcas, de suas experiências, de seu lugar de fala”, destaca Luna.

O “Mulheres de Repente” surge para marcar o protagonismo feminino na arte do improviso. Ele nasce da vontade de difundir a poesia feita de improviso no sertão do Pajeú, no momento em que, segundo Luna, houve uma grande explosão da poesia falada, vinda das diversas periferias de todo o Brasil. A partir desse contexto, a multiartista começou a questionar sobre o porquê da literatura oral, da literatura de cordel, da cantoria de viola, da mesa de glosas, toda essa arte produzida no Pajeú, não poderia se projetar no meio dessas oportunidades e chegar aos vários estados brasileiros, considerando que o sertão é uma grande periferia também, um território que tem um contexto histórico difícil, e que é um território de povos originários, povos negros.

“A nossa cultura e nossa poética são totalmente fundamentadas nessa ancestralidade. Então eu comecei a perceber que, mesmo com toda a projeção da poesia falada, da poesia oral, da poética das vozes em vários territórios pelo Brasil, a partir desse lugar da periferia, o sertão, ele continuava sendo marginalizado, invisibilizado, como um território periférico, que realmente não é visto, não e considerado. A gente sabe que o Nordeste, e o sertão, sobretudo, ele ainda sofre o peso de muitas caricaturas a partir dessa imagem de seca, de miséria que foi criada. Então, pouco se olha pra nossa poética, para nossa cultura, para o que a gente tem de vida, de poesia, de vitalidade e de ebulição”, explica. Foram esses questionamentos que inspiraram Luna a fazer o “De Repente Uma Glosa”, projeto de circulação nacional, da mesa de glosas, mas que eram mesas mistas, com homens e mulheres.

Glosadoras do Pajeú durante espetáculo em São Paulo / Foto: Damariz Galvez

Quando começaram a circular, em 2016, existiam poucas mulheres nesses espaços, poucas mulheres glosadoras ocupando a mesa. “Então a gente começou em mesas mistas com Elenilda Amaral e Dayane Rocha, e aí foram surgindo outras poetisas improvisadoras e glosadoras, como Francisca Araújo, Erivoneide Amaral, Milene Augusto, Thaynnara Queiroz, e foi aí que a gente começou a sentir a necessidade de fazer mesas de glosas onde o protagonismo fosse feminino”, destaca.

Das modalidades poéticas, sobretudo a literatura que é feita no sertão, e mais ainda quando se fala da arte de improvisar, os homens são maioria, e por ser um espaço ocupado majoritariamente por homens, são poucas as mulheres que se sentem à vontade e que conseguem exercer a sua arte em meio a tantas opressões. A partir dessa realidade várias questões foram sendo observadas. “A gente foi percebendo que quando as pessoas construíam os motes (que são os assuntos, estrutura de dois versos a partir do qual as poetisas glosam), não se pensava a questão de gênero. Eram criados motes masculinos para as meninas glosarem no masculino. E a gente sabe que se o mote vem no masculino existe uma questão muito forte que é a limitação da rima. Se o adjetivo ou substantivo vem no masculino, para a mulher glosar ela vai usar uma voz masculina que não é a voz dela, não é a voz feminina. Então, começou a se questionar muitas coisas, na própria sistemática da mesa de glosa, a partir da questão de gênero”, detalha.

Percebendo o machismo durante as apresentações, segundo Luna, em alguns momentos foi necessário chamar a atenção dos improvisadores homens. Foi necessário pedir que atentassem para a representação das mulheres, alertando-os para o cuidado com os assuntos, o cuidado com os temas, para que não sejam temas misóginos, machistas, que vão desvalorizar a mulher, que não sejam motes apenas que tragam a voz masculina. “O que acontecia muitas vezes era a subversão do mote. Dayane Rocha muitas vezes encarou um mote que vinha num gênero masculino, ela transgredia, transformava o mote no gênero feminino e mudava todo o esquema de rima. Então ela fazia um improviso que se diferenciava na estrutura métrica dos outros, dos homens. Porque ela adaptava para a voz feminina, para a voz dela”, explicou.

Ainda sobre a importância do projeto, a idealizadora frisa a relevância de incentivar outras mulheres que queiram ecoar suas vozes, amplificar seus discursos. “Na mesa de glosas ampliamos esse debate de gênero pensando nas pessoas não binárias, que querem participar e que ainda se sentem limitadas e oprimidas como se aqueles espaços não lhe pertencessem. A gente vem buscando cada vez mais esse debate para trazer mais mulheres para dentro desse processo. Inclusive, temos feito projetos de formação pensando nisso”, relata.

Desafios enfrentados pelas improvisadoras quando a mesa de glosas é mista

Luna constata que existe um diferencial na questão do respeito e da cumplicidade que existe quando é uma mesa feminina, o que acaba não existindo quando a mesa é mista. “Mesmo que alguns poetas homens se esforcem, não consegue se ter uma cumplicidade de fato, real. Entre eles tem uma dinâmica e quando tem mulheres na mesa é como se eles não conseguissem lidar com a dinâmica diferente da deles. Então são muitos os conflitos, são muitas as barreiras que muitas vezes só sente a potência dessas barreiras quem está sentado à mesa. Ou seja, as mulheres glosadoras é que sentem na prática essas barreiras”, diz. Um exemplo vivenciado pelas meninas tem relação com o tempo de criação e elaboração de cada uma. Segundo ela, existe uma postura muito desrespeitosa com algumas glosadoras com relação ao tempo que elas levam para elaborar suas estrofes e isso gera um discurso de que os homens são mais ágeis, mas não avaliam o fato de que os homens estão há décadas glosando em atividade e com uma bagagem de tempo de experiência muito maior quando comparado com as mulheres que começaram a glosar há pouco tempo. “São dois pesos e duas medidas para a gente poder ter mais cuidado ao pensar nesse protagonismo feminino na mesa de glosas”, reconhece.

O diferencial de quando a mesa de glosas é composta só por mulheres existe também no que diz respeito aos temas abordados. Temas que nunca foram pautas nesse espaço como a maternidade, o machismo, liberdade da mulher, agora estão sendo trazidos para as mesas. “Muita coisa muda, mexe na estrutura, e se impede, inclusive, que motes, que são chamados de motes de gracejos, se utilizem da imagem da mulher para ‘tirar uma onda’, uma piada. É muito importante marcar esse lugar e honrar as várias mulheres repentistas que tiveram que passar por tantos desafios, para conseguir conquistar o direito de exercer sua sensibilidade artística, ser poeta, cantadora de viola, ser improvisadora e ser glosadora”, frisa.

Luna faz uma referência às repentistas que tiveram que enfrentar maiores desafios para se firmar nesses espaços, como Mocinha de Passira, uma renomada cantadora de viola de Pernambuco, que teve que fugir de casa para ser cantadora; e Luzia Batista, também uma repentista reconhecida, que teve sua viola de cantoria quebrada pelo marido e foi proibida de cantar. “Quando a gente vê hoje mulheres fazendo improviso na mesa de glosa e viajando por vários Estados do Brasil, isso é muito revolucionário”, festeja Luna.

A presença das mulheres na mesa de glosa ainda é considerada tímida. “Não somos poucas escritoras, escritoras somos várias, mas na mesa de glosa, hoje, somos apenas seis mulheres. Estamos com muita força, enfrentando desafios, enfrentando, às vezes, muito desrespeito, mas sempre com muito profissionalismo, marcando nossa presença com muita dignidade, com nossa integridade e sem permitir que sejamos subalternizadas nesse processo. A gente não se submete a absolutamente nada, a gente se posiciona. Quando a gente faz isso a gente se torna referência para outras mulheres que vão desejar estar e ocupar esses espaços e isso vai provocar essa ampliação, que é o que a gente busca”, fala a multiartista.

Sobre a circulação do projeto e a receptividade nos Estados brasileiros

O projeto já circulou em vários Estados brasileiros. Para a idealizadora as oportunidades de fazer o “Mulheres de Repente” são experiências gratificantes. “Em muitos lugares fora e até mesmo em Pernambuco muitas pessoas nunca ouviram falar e nunca assistiram uma mesa de glosas. Nunca testemunharam esse rebento do sagrado que é o improviso, então quando as pessoas se deparam com a mesa de glosas existe um encantamento muito forte. As pessoas ficam impressionadas. Existe uma contemplação muito bonita de perceber no público que fica esperando e observando as poetas pensando, elaborando, esperando que a poesia nasça e torcem muito por isso e sempre que o improviso é declamado existe uma vibração muito forte da plateia. Ficam impactadas”, discorre.

Em alguns espaços por onde passaram o projeto não houve, inicialmente, uma receptividade positiva, como no Sudeste, por exemplo. Segundo ela, em alguns lugares foi possível sentir um tratamento que veio junto com um certo preconceito, com uma visão pejorativa do popular. No entanto, apesar da primeira impressão vir de forma negativa, quando assistiam, tudo mudava, ficavam impressionados. Luna comenta que: “Já aconteceu de a gente chegar a espaços e ser muito bem recebidas, muito bem acolhidas, das pessoas amarem, vibrarem, comprarem os livros, seguirem as redes sociais e manterem contato com a gente, pesquisarem sobre outras poetas e sobre a região; e já aconteceu de a gente impressionar as pessoas dessa forma: não darem valor aquilo ali, e depois acham incrível.

Os desafios são muitos, porém, cientes da importância que tem o projeto as improvisadoras não tem baixado a cabeça. “É muito difícil às vezes lidar com essas oscilações. A gente entende demais como é que os nordestinos, pernambucanos, sertanejos, são vistos nesses lugares, porque existe uma ignorância muito grande sobre quem somos e ao mesmo tempo existe uma marginalização da nossa literatura, porque existe uma questão chamada epistemicídio mesmo e uma subalternização de toda literatura que é pautada na oralidade. Quando isso se soma a região, a raça, gênero, classe social, território, geografia, sotaque, a gente acaba tendo que enfrentar muitas barreira, mas a gente nunca abaixa a cabeça porque sabemos de nossa missão, sabemos o que estamos indo fazer e sabemos da importância desse projeto, importância de nossa resistência nossa voz”.

Origem da mesa de glosas e sua formação e sistematização

A mesa de glosa – glosar significa improvisar – surgiu das rodas de glosa. Essas rodas aconteciam depois que terminavam as apresentações de cantoria de viola. “Os poetas guardavam as violas, se juntavam em rodas na mesa do bar, alguém dava um mote, e eles faziam rodadas de improviso sem a viola; apenas como uma brincadeira de improvisar”, explica Luna.

Tabira foi a cidade que formalizou e sistematizou a mesa de glosa como um espetáculo de poesia improvisada com regras de funcionamento, em 1997. O fato aconteceu na missa do poeta. “A missa do poeta era feita em homenagem a Zé Marcolino em Serra Talhada, e quando a missa migra para Tabira, vira uma semana de celebração, uma semana de festividade em que a mesa de glosa se torna uma das atividades em homenagem a Zé Marcolino, que também era improvisador”, conta.

A estrutura é uma mesa retangular, onde as poetizas se sentam uma ao lado da outra. Além das poetas glosadoras, existe também uma mediadora coordenadora da mesa, que vai ser responsável por elaborar e dar os motes e conduzir a mesa durante toda a apresentação. Nessa estrutura, Luna explica que a quantidade de poetas é igual à quantidade de motes, que é igual à quantidade de rodadas. “Hoje existem seis mulheres glosadoras no Pajeú. Uma mesa com seis, serão seis motes e seis rodadas. Na mesa de glosas fazemos na estrutura de décimas, ou seja, estrofe de dez versos, com sete silabas poéticas na estrutura de rima. Aí, dessa estrutura de rima, os dois últimos versos fecham a décima: é justamente o mote. Então as poetas escrevem oito versos, e fecham a décima com o mote que são os dois versos restantes”, detalha.

Mulheres de Repente preparam livro, documentário e site

Além do espetáculo da mesa de glosas que corre pelo País, as poetisas estão para produzir um livro sobre a mesa de glosa que vai abordar a sua origem, funcionamento, as mulheres de repente e, junto com o livro, a criação de um “site” onde será disponibilizado material de acesso para as pessoas que queiram conhecer mais sobre as poetisas, sobre o repente, sobre a glosa, o improviso, sobre o Pajeú. A ideia é tornar acessível a arte que é produzida no Pajeú. Também será produzido um documentário sobre o “Mulheres de Repente” e a sua atuação. Fora tudo isso, existe o projeto de formação destinado às mulheres que queiram aprender a glosar, que tenham interesse em escrever, que queiram aprender mais sobre a técnica do improviso ou apenas conhecer a modalidade.

O sucesso do projeto Mulheres de Repente segue caminho e já tem as próximas paradas para o ano de 2022: participarão na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) e na Festa Literária das Periferias (FLUP).

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Mulheres se juntam, fazem música e se tornam indomáveis

“Pois mulheres que caminham juntas, ninguém é capaz de domar”. Esse trecho da música “Afroameríndia” expressa muito bem o estilo e a força que tem a CoisaLuz, uma banda formada por mulheres que cantam, encantam, revolucionam e espalham muita luz.

Talento, musicalidade, criatividade e feminismo. Esses são os elementos da química que une Bianca Cardial, Dayanne Nunes e Flávia Fagundes, três mulheres artistas que respiram música, esbanjam talento, graciosidade e muita força.

A banda CoisaLuz nasceu em outubro de 2019 por acaso. Bianca conta que havia recebido um convite para cantar em um evento denominado de “Feira das Bruxas” e diz que, na época, não reunia experiência necessária para assumir o compromisso sozinha. Foi então que surgiu a ideia de convidar a cantora Dayanne Nunes para se juntar a ela nesse evento. A partir desse convite, mais duas mulheres foram convocadas a somar para completar a apresentação, a professora de música Flávia Fagundes e a violonista Roberta Lúcia. O show, segundo elas, deu super certo e foi desse evento que surgiu a ideia de formar a banda CoisaLuz.

INFLUÊNCIAS

O estilo da banda, segundo as integrantes, é influenciado pelo ritmo africano, pela musicalidade brasileira e pelos elementos da natureza. “A nossa inspiração vem da mãe natureza, das plantas, da terra, da água, do fogo, do ar, lua, sol, irmandade e autoconhecimento. As nossas composições vêm de dentro pra fora”, explica a cantora Dayanne.

Dayanne comenta que, inicialmente, o repertório da banda era composto por músicas de artistas que expressassem feminismo e a força da mulher. Porém, com a pandemia, os shows foram paralisados e o tempo em casa serviu para que as artistas começassem a compor suas próprias músicas. “Fomos juntando ritmo, pesquisa, elementos da natureza, os nossos sentimentos, colocamos todas essas inspirações no papel e musicamos. E quando nos demos conta estávamos compondo nossas próprias músicas”, explicou.

ANCESTRALIDADE

A banda CoisaLuz está prestes a lançar um clipe da música Afroameríndia, carro-chefe do EP só com músicas autorais (EP – sigla que vem do inglês “extended play”, usada para um disco longo demais para ser um single, geralmente com duas faixas, e curto demais para ser um LP, ou “long play”, de cerca de doze músicas). Bianca explica que Afroameríndia foi uma grande revelação pra banda, porque surgiu de uma pesquisa sobre ancestralidade. “Nessa pesquisa que estava sendo desenvolvida por uma amiga eu descobri que tinha uma bisavó indígena, eu sou negra, então a junção dessas duas raças com a nossa ideia de formar uma banda só de mulheres que pudesse mostrar força, expressão e arte resultou na música Afroameríndia que é também o tema do nosso EP”, detalhou.

Flávia é professora de música na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Segundo ela, o convite para fazer parte da banda surgiu de uma forma bem descontraída. “Eu conhecia Dayanne e ela me ligou me chamando para tocar pandeiro em um show e eu respondi: ‘quem disse que eu sei tocar bandeiro mulher?’ Mas fui, deu certo e estamos seguindo o projeto com muito entrosamento e irmandade”, revelou Flávia.

O trabalho da CoisaLuz vai muito além de compor e cantar. As três integrantes da banda são responsáveis por toda a produção dos cenários, dos figurinos, da imagem da banda. Levam tudo muito a sério, qualidade do som, iluminação, ambiente, tudo é sempre cuidadosamente avaliado por elas. “Quando começamos, não tínhamos a menor ideia que a coisa ia tomar essa proporção, então essa nossa ideia se tornou coisa séria e dedicamos boa parte de nosso tempo à banda CoisaLuz”, ressaltou Bianca.

“Quando começamos não tínhamos a menor ideia que a coisa ia tomar essa proporção…”

INCENTIVO

Bianca relata que quando a banda começou a fazer shows, elas foram orientadas a buscar incentivos culturais e a CoisaLuz acatou a sugestão e começou a participar dos editais. “Começamos a nos inscrever nos editais e deu muito certo, fomos contempladas em três editais e com os recursos estamos investindo no projeto”, destacou.

O nome da banda segue o mesmo padrão da formação, por acaso. Dayanne explica que durante uma conversa elas estavam buscando um nome diferente e que representasse o que elas queriam passar para o público. “Eu pensei em uma coisa que fosse diferente, mas que ao mesmo tempo espalhasse luz e foi então que surgiu a ‘CoisaLuz”, revelou.

Nos projetos futuros, a banda está prestes a gravar um clip através da Lei Aldir Blanc de Incentivo à Cultura e pensa também em gravar um CD. Os convites para participar de projetos culturais não param de chegar. “A CoisaLuz hoje é uma empresa e estamos muito empenhadas em fazer o melhor para que continue dando certo”, concluiu Bianca.

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Banda Scream Out – Lugar de mulher é tocando rock sim!

Na guitarra Hannah Melo, no baixo Laysa Santiago e na bateria Zara Caroline. Três mulheres com gostos incomuns pela música rompem a barreira do som, quebram tabus, normas e regras e decidem formar uma banda. A primeira banda de rock de Mossoró formada totalmente por mulheres. Eu me refiro à Scream Out, denominação que em português significa “gritar”, nome escolhido propositalmente para dizer que uma banda formada só por mulheres estava chegando para ocupar seu espaço e fazer muito barulho.

A denominação da banda se encaixou perfeitamente com a proposta das integrantes, que é mostrar que lugar de mulher também é no palco tocando e cantando rock. O estilo da Scream Out reúne as várias vertentes do rock. Elas uniram os gostos particulares de cada uma e essa junção resultou no trabalho que está sendo apresentado nos palcos da noite mossoroense.

A Scream Out tem pouco tempo de estrada, mas já coleciona fãs e uma agenda bem movimentada. A banda se apresentou pela primeira vez no dia 26 de junho deste ano e de lá pra cá vem traçando um caminho vertical. O repertório, cuidadosamente selecionado, inclui: indie rock, pop rock e heavy metal. Nos shows, que as meninas da Scream Out costumam chamar de “tocadas”, são apresentados covers de nomes nacionais e internacionais como: Artict Monkeys; Autoramas; White Stripes; Supercombo; Two Door Cinema Club; Interpol; The Cramberries; Pitty; Pink Floyd; Katy Perry; Amy Winehouse; Nirvana; Kings of Leon; Bon Jovi; Green Day; Maneskin; Audioslave; Red Hot Chilli Peppers; Foo Fighters; Muse; Cássia Eller; Legião Urbana; Scorpions; Marilyn Manson; Deftones, etc.

O INÍCIO

A ideia de montar uma banda só de mulheres partiu de Hannah, que convidou Laysa e por fim o convite foi feito à Zara que aceitou de imediato. Apesar de cursar veterinária, Zara respira música desde criança e conhece bem vários instrumentos. Segundo ela, o potencial de cada uma das integrantes é suficiente para executar qualquer repertório.

Zara conta que a escolha pelo instrumento bateria foi proposital mesmo. “Eu toco desde os oito anos de idade, tocava na igreja e todos os instrumentos que aprendi a tocar foi sozinha. Eu era sempre o quebra galho na igreja, quando faltava algum instrumentista eles me chamavam para substituir. Mas o meu instrumento por definição é a bateria. Eu comecei a tocar bateria há uns cinco anos na igreja da qual eu faço parte. A banda da igreja precisava de um baterista porque há muito tempo não tinha e me fizeram a proposta para tocar bateria, me deram o repertório para ensaiar e em menos de um mês eu já estava afinada”, detalhou. Ela continua dizendo que tem verdadeira paixão por bateria e inclusive acompanha o trabalho de algumas bateristas mulheres e é fã da baterista Nina Pará, inclusive tem uma tatuagem da artista. “Outra coisa que fez me apegar à bateria é que é um instrumento bem machista, os homens acham que só eles podem tocar bem e nós mulheres bateristas estamos aqui para provar o contrário”, declara Zara.

A guitarrista Hannah teve que enfrentar outros obstáculos para seguir na música e tocar guitarra, instrumento que domina muito bem. Ela explica que o machismo dentro de casa impediu que sua família a apoiasse. Porém, munida de uma característica muito particular das mulheres, a coragem, arregaçou as mangas, foi pra escola de música aprender a tocar guitarra e hoje é um dos destaques da banda Scream Out como guitarrista.  “Eu comecei a tocar com 16 anos e na aula de música eu era a única mulher que estava aprendendo a tocar guitarra. A música sempre esteve presente na minha vida, mas ao contrário de Laysa e Zara nunca tive incentivo em casa, o apoio pra seguir fazendo o que gosto vem do meu namorado que também é músico e das meninas da banda”, relata Hannah, que também é fisioterapeuta.

O primeiro ensaio foi dia 23 de fevereiro deste ano. “Nós já tínhamos definido que formaríamos a banda e que o nosso estilo seria rock, então começamos a ensaiar. Logo no primeiro ensaio, já percebemos uma conexão muito boa e vem sendo assim a cada vez que nos reunimos para montar um show”, detalhou Zara.

Desafiar. Essa é uma palavra que faz parte do dia a dia da banda Scream Out. Laysa, que é multi-instrumentista e desde muito criança toca instrumentos como flauta, teclado e violão, sabe muito bem o que significa ser desafiada. Mostrar que é capaz e que não há limites pelo fato de ser mulher é uma tarefa que ela desempenha com o mesmo prazer com que sobe aos palcos. “Eu ainda não tocava baixo e na banda precisava de uma baixista e o que eu ouvi foi que era muito difícil tocar baixo e cantar ao mesmo tempo, que era o que eu estava me propondo a fazer. Disseram até que era impossível. Foi então que decidi provar o contrário, apendi a tocar baixo e na banda eu canto e toco baixo sim”, afirmou Laysa.

A banda Scream Out, em apenas quatro meses no cenário musical de Mossoró, já acumula participações marcantes em shows realizados em vários pubs da cidade. “A primeira vez que subimos no palco como banda foi para fazer uma participação em um show e já nos emocionamos, porque a ideia era cantar apenas três músicas e o público pediu mais e foi muito massa. A partir daí começamos a montar um repertório completo e desde então estamos sempre recebendo convites para tocar em algum lugar e tudo está sendo muito maravilhoso. Estamos amando esse nosso projeto,” completou Hannah.