“Pois mulheres que caminham juntas, ninguém é capaz de domar”. Esse trecho da música “Afroameríndia” expressa muito bem o estilo e a força que tem a CoisaLuz, uma banda formada por mulheres que cantam, encantam, revolucionam e espalham muita luz.
Talento, musicalidade, criatividade e feminismo. Esses são os elementos da química que une Bianca Cardial, Dayanne Nunes e Flávia Fagundes, três mulheres artistas que respiram música, esbanjam talento, graciosidade e muita força.
A banda CoisaLuz nasceu em outubro de 2019 por acaso. Bianca conta que havia recebido um convite para cantar em um evento denominado de “Feira das Bruxas” e diz que, na época, não reunia experiência necessária para assumir o compromisso sozinha. Foi então que surgiu a ideia de convidar a cantora Dayanne Nunes para se juntar a ela nesse evento. A partir desse convite, mais duas mulheres foram convocadas a somar para completar a apresentação, a professora de música Flávia Fagundes e a violonista Roberta Lúcia. O show, segundo elas, deu super certo e foi desse evento que surgiu a ideia de formar a banda CoisaLuz.
INFLUÊNCIAS
O estilo da banda, segundo as integrantes, é influenciado pelo ritmo africano, pela musicalidade brasileira e pelos elementos da natureza. “A nossa inspiração vem da mãe natureza, das plantas, da terra, da água, do fogo, do ar, lua, sol, irmandade e autoconhecimento. As nossas composições vêm de dentro pra fora”, explica a cantora Dayanne.
Dayanne comenta que, inicialmente, o repertório da banda era composto por músicas de artistas que expressassem feminismo e a força da mulher. Porém, com a pandemia, os shows foram paralisados e o tempo em casa serviu para que as artistas começassem a compor suas próprias músicas. “Fomos juntando ritmo, pesquisa, elementos da natureza, os nossos sentimentos, colocamos todas essas inspirações no papel e musicamos. E quando nos demos conta estávamos compondo nossas próprias músicas”, explicou.
ANCESTRALIDADE
A banda CoisaLuz está prestes a lançar um clipe da música Afroameríndia, carro-chefe do EP só com músicas autorais (EP – sigla que vem do inglês “extended play”, usada para um disco longo demais para ser um single, geralmente com duas faixas, e curto demais para ser um LP, ou “long play”, de cerca de doze músicas). Bianca explica que Afroameríndia foi uma grande revelação pra banda, porque surgiu de uma pesquisa sobre ancestralidade. “Nessa pesquisa que estava sendo desenvolvida por uma amiga eu descobri que tinha uma bisavó indígena, eu sou negra, então a junção dessas duas raças com a nossa ideia de formar uma banda só de mulheres que pudesse mostrar força, expressão e arte resultou na música Afroameríndia que é também o tema do nosso EP”, detalhou.
Flávia é professora de música na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Segundo ela, o convite para fazer parte da banda surgiu de uma forma bem descontraída. “Eu conhecia Dayanne e ela me ligou me chamando para tocar pandeiro em um show e eu respondi: ‘quem disse que eu sei tocar bandeiro mulher?’ Mas fui, deu certo e estamos seguindo o projeto com muito entrosamento e irmandade”, revelou Flávia.
O trabalho da CoisaLuz vai muito além de compor e cantar. As três integrantes da banda são responsáveis por toda a produção dos cenários, dos figurinos, da imagem da banda. Levam tudo muito a sério, qualidade do som, iluminação, ambiente, tudo é sempre cuidadosamente avaliado por elas. “Quando começamos, não tínhamos a menor ideia que a coisa ia tomar essa proporção, então essa nossa ideia se tornou coisa séria e dedicamos boa parte de nosso tempo à banda CoisaLuz”, ressaltou Bianca.
“Quando começamos não tínhamos a menor ideia que a coisa ia tomar essa proporção…”
INCENTIVO
Bianca relata que quando a banda começou a fazer shows, elas foram orientadas a buscar incentivos culturais e a CoisaLuz acatou a sugestão e começou a participar dos editais. “Começamos a nos inscrever nos editais e deu muito certo, fomos contempladas em três editais e com os recursos estamos investindo no projeto”, destacou.
O nome da banda segue o mesmo padrão da formação, por acaso. Dayanne explica que durante uma conversa elas estavam buscando um nome diferente e que representasse o que elas queriam passar para o público. “Eu pensei em uma coisa que fosse diferente, mas que ao mesmo tempo espalhasse luz e foi então que surgiu a ‘CoisaLuz”, revelou.
Nos projetos futuros, a banda está prestes a gravar um clip através da Lei Aldir Blanc de Incentivo à Cultura e pensa também em gravar um CD. Os convites para participar de projetos culturais não param de chegar. “A CoisaLuz hoje é uma empresa e estamos muito empenhadas em fazer o melhor para que continue dando certo”, concluiu Bianca.