Nós mulheres e as eleições Nacionais de 2022

Texto de Michela Calaça

Inspirada no que nos lembra a música do grupo CoisaLuz quando canta: “Mulheres que caminham juntas, ninguém é capaz de domar” , quero trazer a memória o #EleNão de 2018, momento que várias mulheres de distintos espectro político, de distintas religiões, cores, lugar de moradia e inclusive diferentes classes sociais, apontavam que um candidato que defendia armas, que tinhas atitudes racistas, machista e LGBTfóbicas, que além disso era completamente despreparado para governar o país, traria retrocessos em todos os âmbitos da vida social, mas isso teria um impacto ainda maior na nossa vida.

Estávamos certas!

Vivemos hoje em um país que a fome voltou de forma massiva e quem mais tem que lidar com essa realidade são as mulheres negras. Quem ainda não está vivenciando diretamente a fome, está vendo sua alimentação piorar dia após dia, pois os preços dos alimentos dificultam inclusive os setores médios a ter acesso a mesma comida que tinha antes. E nesses setores médios também são as mulheres que tem que lidar com a cobrança de fazer mais com menos, mas é preciso perguntar se com outra política econômica, social e ambiental seria preciso fazer mais como quase nada, como ocorre hoje.

O desastre econômico, ambiental e social do governo Bolsonaro dificultou a vida de toda a sociedade, mas quando a vida piora para todo mundo ela piora mais para nós. Somos as que mais perdemos os empregos, temos tido a nossa jornada de cuidados muito ampliada, quando o Estado não cumpre seu papel na saúde pública e gratuita para todos os tipos de adoecimento, quem cuida?

A política do governo Bolsonaro foi diminuição do papel social do Estado, o que nos sobrecarrega diretamente; a diminuição do número de beneficiadas pelo Bolsa Família jogou inúmeras mulheres e suas famílias na miséria. A política de enfrentamento a violência contra mulheres e crianças teve o menor recurso dos últimos anos e mesmo assim não foi complemente executado. E ao mesmo tempo o ministério trabalhou no sentido de dificultar o acesso das mulheres ao diretos sexuais e reprodutivos já conquistados, como também a própria denuncia dos casos de violências sofridas pelas mulheres.

Vimos os nossos direitos serem retirados dia após dia, diretamente ou de forma indireta, fizemos muitas lutas contra isso, mas um governo que entende o povo como inimigo, não escuta reivindicações.

A Pandemia nem queremos mais ouvir falar nela, tão difícil e desastrosa ela foi na nossa vida, fomos que mais perdemos emprego, seja porque a economia piorou pelas opções desastrosas desse governo que só quer melhorar a vida dos extremamente ricos, seja porque não sendo possível pagar por cuidados que o Estado deveria fornecer, voltamos para casa. Convido todas as olhar na sua vida qual a política do governo Bolsonaro que pode ser lida como positiva.

Foi difícil ler até agora, muita lembrança difícil, mas se você chegou até aqui, entenda que nossa intenção é dizer poderia ter sido diferente e que podemos esse ano apostar em um projeto que traga esperança de melhora que as propostas dialoguem com as necessidades reais da nossa vida cotidiana. Até mesmo o desastre da pandemia poderia ter sido menor. Um governo que pensa no social, ambiental e no econômico como uma relação complementar teria enfrentado esses desafios de forma diferente.

A eleição não é apenas uma disputa entre pessoas que querem governar um país. Ela muitas vezes se apresenta assim, mas a disputa real é entre projetos de país. Nem sempre temos grandes diferenças entre os candidatos como teremos esse ano. Essa eleição carrega consigo a disputa de projeto de sociedade, o reforço a violência como modo de governo ou algo que se contraponha a essa lógica.

Optaremos entre a ampliação do conservadorismo reacionário, que significa menos direitos em especial para mulheres e negros, que significa uma maior ampliação da fome, da destruição ambiental em nome do enriquecimento de muitos poucos que já são muito ricos. Ou um projeto que tem na possibilidade de todas as pessoas comerem três vezes ao dia, uma forma de ampliar direitos das mulheres, ampliação do papel do Estado na saúde, educação, geração de emprego e renda, como também ver a natureza não como um entrave ao desenvolvimento, mas como potencial brasileiro para uma economia soberana.

Eleição influencia na nossa vida, do preço do pão até a possibilidade ou não de ver futuro para nossos filhos e filhas. Quando menos Estado para o povo, mais trabalho e escravidão para as mulheres. Em 2022, nós precisamos fazer uma escolha pela defesa da vida em todos os níveis, pois é isso que historicamente nós mulheres sabemos fazer seja na cidade, no campo, na floresta ou nas águas.

Esse artigo é um convite ao diálogo comigo, mas também com suas vizinhas, amigas, colegas de trabalho, familiares, se reúna com outras mulheres para discutir como essa eleição pode melhorar ou piorar a nossa vida.

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