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Ady Canário Colunistas Destaque

Julho das Pretas e ação afirmativa emancipatória

Neste mês de julho, alusivo à Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, em memória de Tereza de Benguela, é importante refletir sobre as desigualdades de raça no Brasil, sobretudo neste ano no qual teremos eleições, quando se questiona: qual a presença das mulheres negras nos espaços da política brasileira?

De acordo com o relatório da Oxfam Brasil e Instituto Alziras, por exemplo, “pela primeira vez na história, as candidaturas negras foram a maioria (51,5%) para as câmaras municipais, com o bom resultado de 45,1% entre as eleitas. Mais de 50% da população brasileira é negra, e 25,4% são mulheres negras. No entanto, há no país apenas 6,3% de vereadoras negras. Atualmente, 57% dos municípios do Brasil não têm vereadoras negras.” É urgente investir em ações afirmativas e lideranças femininas negras, sobretudo pretas.

Nesse sentido, mesmo sabendo que temos um longo caminho pela frente de lutas, desafios e tensões, defendemos o fortalecimento da visibilidade de mulheres, mulheres negras, em todas as suas diversidades nos espaços decisórios e na ampliação dessa representação, especialmente no empoderamento daquelas historicamente invisibilizadas. Como nos ensina Angela Davis, em “Mulheres, Cultura e Política”: “Devemos começar a criar um movimento de mulheres revolucionário e multirracial, que aborde com seriedade as principais questões que afetam as mulheres pobres e trabalhadoras” (p. 18).

Corroboramos com essas questões e relembramos as especificidades das mulheres negras preconizadas pelo Estatuto da Igualdade Racial (2010, p. 8, 29, 36):

“[…] desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais. […] Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meio rural e urbano, com ações afirmativas para mulheres negras […] O Estado assegurará atenção às mulheres negras em situação de violência, garantidas a assistência física, psíquica, social e jurídica […]”

A ampliação da ação afirmativa é um modo em potencial para o enfrentamento ao racismo estrutural, institucional e do cotidiano visando à inclusão social das mulheres negras, como estratégia numa sociedade racista, sexista e capitalista. Por uma presença negra, democrática e forte contra todas as formas de violências. Pela ampliação da ação afirmativa no mercado de trabalho e demais esferas de poder. Salve todas as mulheres negras, latino-americanas e caribenhas! Temos na demanda sóciopolítica “[…] a oportunidade real de ampliar nossas lutas, com a garantia de que um dia seremos capazes de redefinir os elementos básicos da nossa opressão como inúteis resquícios do passado”(DAVIS, 2017, p. 24).

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Colunistas Destaque Rafaela Gurgel

Autismo nível 1: o que você precisa saber!

Já tem um tempinho que venho me dedicando aqui a levar um pouco de informação e vivências do dia a dia da maternidade atípica, como reflexões e fatos que acontecem no nosso cotidiano, até mesmo para inspirar e fortalecer o caminho de outras mães que também fazem este percurso.

Nas próximas edições deste espaço pretendo levar pontos necessários para quem tem interesse de conhecer a fundo o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Antes das minhas leituras e até mesmo como mera desconhecida deste universo, a frase que mais costumo ouvir sobre o meu filho até hoje é: “Ah, mas ele é ‘leve’!”. Leveza é levar vento na cara sentindo a brisa do mar, meu bem.

Autismo é autismo em todos os seus níveis, apenas foi criado um estereótipo, ou diria até um arquétipo, para minimizar o que já é difícil de fato. A “leveza” que o senso comum nomeia se dá pelo fato de que o nível 1 precisa de pouco suporte, ou seja, é o antigo “Síndrome de Asperger” ou autista de alta funcionalidade. O indivíduo apresenta as mesmas dificuldades nos eixos de comprometimento, como comunicação e comportamentos repetitivos e estereotipados, porém, com menor comprometimento. Justamente por não compreender melindres linguísticos e sociais, sou categórica em dizer: o leve passou longe.

Hoje meu filho tem 7 anos e percebo que entre os pares ele já apresenta dificuldades quanto a compreensão de regras sociais que estão implícitas em nosso meio. Por exemplo: ele não entende como iniciar uma conversa com os colegas, ou permanecer engajado nas atividades propostas, como também em entrar em lugares não permitidos e manipular objetos que não lhe pertencem. Por mais que a gente o oriente a fazer, esbarramos nesse entendimento (que ele não tem ainda) de copiar o modelo e observar pela imitação o que fazer em determinadas situações.

Você já se imaginou conviver em um meio social onde não entenda linguagens do tipo: “José chutou o balde!”, “Maria pagou o pato”, “Dar uma mãozinha”, “Estar com a cabeça nas nuvens”, etc? Poderia passar horas aqui colocando várias. Essas expressões são chamadas idiomáticas, que são linguagens habituais da nossa cultura para nos comunicar. Elas ganham sentidos conotativos ultrapassando significados literais e é justamente neste quesito que os autistas têm grande dificuldade.

Percebem as sutilezas da linguagem e traquejo social? Coisas que nós, pessoas típicas, conseguimos nos virar bem sem problemas de grandes dimensões, para um autista podem gerar desconfortos. Este é apenas um dos vários problemas que enfrentam os autistas de suporte 1, portanto, o que menos existe nesse universo é leveza. Leve essa informação para vida!

Vale salientar também um grande mito que permeia o autismo nível 1 é de que todos são superdotados ou supergênios. Isso não é uma realidade absoluta dentro desse público, pois a literatura mostra dados de que alguns indivíduos têm associado como comorbidade a deficiência intelectual, portanto, sobrepujar mais esse estigma pode dificultar ainda mais o processo de inserção na sociedade.

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Cultura Destaque

AUTORA POTIGUAR GANHA DESTAQUE ESCREVENDO LIVROS NO SUDESTE DO PAÍS.

Quantos livros escritos por mulheres você já leu ao longo de toda a vida? Sempre teve essa atenção ou foi lendo a partir da forma naturalizada e imposta pelas circunstâncias históricas, onde os homens ainda predominam na cena literária? Sem julgamentos, ou medo da resposta, não é de nosso interesse o confronto. A grande verdade é que, a escrita já nasceu querendo nos calar, basta rememorar escritoras que viveram no anonimato, pois do contrário, não seriam publicadas, e se fossem, sofreriam retaliações. Pensemos em Jane Austen do século dezoito, autora de clássicos como “Orgulho e Preconceito”, que enquanto viva, nunca publicou nenhum romance assinado com o próprio nome. Em marcha, nós, mulheres, caminhamos em disparada para chegarmos aqui, quebrando parâmetros de editoras e de uma sociedade estruturalmente machista, repleta de barreiras. Nomes como o de Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Naomi Wolf, entre outros tantos, abrem espaço para o potencial de novas mulheres na escrita. Mulheres potentes.

Suelly Lucas, a escritora que apresentaremos nesta reportagem, demorou em descobrir o interesse pela escrita, embora conte que, costumava escrever por qualquer motivo, “foi à partir dos 15 anos que senti estar voltada para escrever e, só então, comecei prestar atenção em mim”, revela. A descoberta da jovem moça que aos 15 descobre a afinidade com as letras, resultou no lançamento de dois livros e em projetos que vislumbram um terceiro e, outros que já estão desenhados na mente. Inspirada nas riquezas do cotidiano, no verde das plantas conservadas em uma casa na grande São Paulo, nos mistérios presentes em cada felino que cruza seu caminho, e nas poderosas relações familiares, Suelly brinca com as palavras e constrói frases, que juntas formam livros.

A primeira obra foi lançada em 2016, pela Editora Book Express Eireli, e chama-se: Frases Tocantes. Mais tarde, em 2018, o livro ganha uma segunda edição, dessa vez pela Editora Ledriprint , com o mesmo título, “os dois livros tem poesias, cifras e pensamentos. São frases que me identifico muito, uma delas é: “ninguém é forte o tempo inteiro, muitas vezes silenciamos na nossa dor ou mesmo numa saudade, para podermos nos passar por valentes e demonstrar aquilo que nem sempre somos”, é uma realidade”, compartilha.

Além de fazer link com o cotidiano, Suelly conta que armazena em seu patrimônio intelectual influências de escritoras como a paraibana Socorro Silva e Cora Coralina: “encontrei na literatura a liberdade, a sensibilidade e a sutileza. Eu passei a me conhecer melhor, antes estava escondida de mim, hoje sei bem quem sou, e acho que me surpreendi comigo mesma”, e isso aconteceu através da leitura e produção da escrita. Para a escritora, quando uma mulher encontra seu caminho no mundo, estamos falando sobre dois pontos de vista diferentes: independência e autonomia. São palavras quase sinônimas, uma diz respeito a poder ir e vir, e a outra, fala sobre emancipação, querer ir ou ficar, compreender que temos escolha diante da vida e dos acontecimentos. Foi pelo caminho da autonomia que Suelly decidiu seguir e permanecer. Nascida em Mossoró, aos 25 anos foi morar em São Paulo, e lá tem construído sua fortaleza, “acredito que existem dificuldades, mas não podemos deixar de correr atrás, é preciso agir”, reforça. A potiguar relembra que seu sonho de ser autora publicada, recebeu o incentivo de outras mulheres, amigas que suavizaram o caminho. Além disso, Suelly faz questão de citar o marido, “que representa um suporte, e sempre foi um incentivador”, afirma.

De acordo com a autora, a terceira obra já está sendo gestada, e deve nascer ainda este ano, ou comecinho de 2023. Os projetos abrem espaço para a realização de outro sonho, que é realizar o lançamento do terceiro filho em Mossoró-RN, e na cidade de São Bento-PB, onde também guarda parentes. Para conhecer o universo de frases e o pensamento dessa escritora potiguar que produz no “sul” do país, é só entrar em contato através das redes sociais: Instagram: @Suellyxavierlucas, ou Facebook:  Suelly Xavier Lucas. Fica o convite para que possamos ler mais mulheres, mais nordestinas, e novas escritoras. E tem mais, como escreveu a inesquecível Toni Morrison, “se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda, então você deve escrevê-lo”, e é pra já!. Enquanto mulheres leitoras ou escritoras, o nosso lugar deve ser ocupado e preservado.

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Colunistas Destaque Natalia Santos

Séries de Mulheres: Duas Dicas Imperdíveis.

Recentemente assisti a duas séries de tv que me chamaram atenção não só por terem ótimas histórias que prendem do início ao fim, mas por terem sido criações ou adaptações de histórias feitas por mulheres.

A primeira delas é Maldivas (2022) que, além de ser uma produção nacional, foi criada e estrelada por Natalia Klein1. Essa é uma história que contém muito suspense e mistério com pitadas ácidas de humor. Na série, somos convidados a entender o velho ditado de não julgar um livro pela capa e de que as aparências enganam.

Maldivas (Divulgação/Netflix)

A própria Natalia deixa claro que utilizou de clichês de gênero propositalmente na trama, recurso que, além de nos contagiar pela familiaridade, abre brechas para algumas críticas e alfinetadas. Divertida, com episódios curtos, é a série perfeita para maratonar em um fim de semana, cheia de reviravoltas, segredos e bons drinks.

Minha segunda indicação é a série O Verão que Mudou Minha Vida (2022), uma adaptação da trilogia de livros escritos por Jenny Han2, uma linda história sobre crescer e amadurecer. Na trama, podemos acompanhar os dramas da adolescente Belle, que todo verão viaja para a casa de praia com a família e amigos, mas, nos seus 15 anos, percebe que muitas coisas não são mais como antigamente.

O Verão que Mudou Minha Vida (Divulgação/Amazon Prime Video)

Além de ser deliciosamente nostálgica e contar com uma trilha sonora maravilhosa, a série aborda não só os temas da vida adolescente, mas faz questão de inserir arcos bem trabalhados sobre a vida dos adultos que não estão ali somente para preencher papéis. Também é perfeita para uma maratona de fim de semana!

Espero que vocês aproveitem e curtam bastante essas dicas, pois eu me apaixonei por estas duas “séries de mulheres”.

1 Natalia Klein é escritora, roteirista, comediante e atriz, também criadora do blog Adorável Psicose, que deu origem à série de TV com o mesmo nome.

2 Jenny Han é uma escritora norte-americana de origem coreana. Ela é conhecida por escrever livros infantis e adolescentes.

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Colunistas Destaque Suziany Araújo

Aborto: duas histórias e o que determina a legislação brasileira

Na penúltima semana de junho veio à tona dois fatos que marcaram e impactaram a vida de duas mulheres. Histórias com realidades sociais distintas, mas com alguns elementos semelhantes, principalmente pela ótica do julgamento e de como uma menina ou uma mulher são tratadas diante de um tema ainda bastante polêmico: o aborto.

No dia 20 de junho jornal The Intercep Brasil, divulgou uma matéria com um caso que chamou a atenção de diferentes instituições, pessoas e novamente uma grande polêmica gerada. De acordo com  informações divulgadas pelo jornal, à juíza Joana Ribeiro Zimmer, titular da Comarca de Tijucas, juntamente com um membro do Ministério Público, tentava convencer uma menina de 11 anos a desistir de um procedimento de aborto, que no caso da menina, era legal. A menina,  vítima de estupro, ao procurar o hospital para a realização do aborto, foi informada que, devido ao avanço da gravidez, tempo gestacional de vinte duas semanas,  precisaria de uma autorização judicial para realização do procedimento. Contudo, não existe hoje na legislação, na jurisprudência, ou mesmo doutrina, um tempo gestacional estabelecido para realização do aborto.

O conceito da palavra aborto, o define como a interrupção do processo de gravidez. O aborto (de ab-ortus) transmite a ideia de privação do nascimento, com a morte do produto da concepção. Do ponto de vista médico, aborto é a interrupção da gravidez até 20ª ou 22ª semana, ou quando o feto pese até 500 gramas ou, ainda, segundo alguns, quando o feto mede até 16,5 cm. (A LEGISLAÇÃO SOBRE O ABORTO E SEU IMPACTO NA SAÚDE DA MULHER)

A enciclopédia jurídica determina: “Rigorosamente, malgrado a pragmática linguística consolidada e a terminologia legal adotada, existe distinção entre os vocábulos “aborto” e “abortamento” (“partus abactus, crimen procurati abortus”). Croce e Croce Jr1 esclarecem que “abortamento” corresponde ao ato de abortar, isto é, ao conjunto de meios e manobras empregado para interrupção da gravidez, enquanto que “aborto” (do latim ab + ortus = privação de nascimento; de aboriri = desaparecer) identifica o produto da concepção, morto ou inviável, dali resultante”. (ENCICLOPEDIA JURIDICA).

O penalista Heleno Cláudio Fragoso (1986) diz que “o aborto consiste na interrupção da gravidez com a morte do feto”. A partir disso, não podemos considerar que a interrupção de uma gravidez que já está com 22 duas semanas é um homicídio, como foi afirmado pela magistrada que conduzia as discussões sobre o caso da garota de 11 anos.

Existe na legislação uma clara definição do que seria o crime de aborto e o homicídio. Bittencourt apresenta a seguinte lição: “A vida começa com o início do parto, com o rompimento do saco aminiótico; é suficiente a vida, sendo indiferente a capacidade de viver. Antes do início do parto, o crime será de aborto. Assim, a simples destruição da vida biológica do feto, no início do parto, já constitui o crime de homicídio.”.

A doutrina define como homicídio, quando em ocasião violenta alguém resolve tirar a vida do outro, será a eliminação da vida extrauterina, ou seja, de forma simplificada, é colocar um fim a vida de quem já nasceu.

No Brasil, em regra, o aborto é crime, tanto o auto-aborto ou aborto provocado por terceiros. Fazer um aborto ilegal pode acarretar em prisão de um a três anos para a mãe ou quem deu permissão para o ato. Contudo, existem três hipóteses em que o aborto é permitido: na gravidez resultante de estupro, essa situação é precedida de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal; quando põe em risco a saúde da gestante e nos casos em que o feto é anencéfalo.

O Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012, decidiu que em casos de anencefalia, quando o feto tem má formação na calota craniana ou no cérebro, a mulher também pode interromper a gravidez. Na época o entendimento por parte dos os ministros é que um feto com anencefalia é natimorto e, assim sendo, a interrupção da gravidez nessa situação não é considerado aborto.

A pesquisadora Debora Diniz afirma: “O diagnóstico da má formação fetal é, sem sombra de dúvida, uma das experiências mais angustiantes que uma mulher grávida pode experimentar.”.

Após essa matéria a respeito da negativa da juíza, outras informações sobre a gravidez da menina vieram a público. De acordo com o inquérito e divulgação em outros portais de notícia, a menina teve relações sexuais de forma consentida com o filho do padrasto, um menino de 13 anos. Nessa circunstancias não se pode falar em crime de estupro, por dois motivos, primeiro pelo consentimento e o segundo ponto é que se o ato entre a criança e o adolescente não fosse consentida, teríamos um ato infracional, não mais um crime de estupro de vulnerável. Contudo, o consentimento e a idade dos envolvidos mudou tudo. Haveria algum impedimento para a realização do procedimento do aborto? Embora não sendo gerado por ato de violência sexual, tinha-se uma situação atípica, um problema familiar que precisava de amparo e uma solução por parte do Estado. Os envolvidos são pessoas em formação, que muito provavelmente não tenha conhecimento das consequências do que estavam fazendo. Em um momento na audiência a magistrada pergunta a menina se ela sabia como engravidava e a resposta foi não.

A segunda personagem dessa semana polêmica é a atriz de 21 anos, Klara Castanho, que teve sua vida íntima violada e com isso veio a público esclarecer especulações em torno de uma gravidez e colocação de criança para adoção. Uma coisa perceptível é que cada vez que uma mulher expõe uma violência sexual sofrida (nesse caso um estupro), percebemos o quanto essa mulher é atacada, julgada e condenada socialmente pelas decisões que em torno da violência sofrida. Para uma parte significativa das pessoas a culpa é sempre da vítima.  Klara Castanho foi obrigada, depois de diversas especulações, a expor que foi vítima de estupro o que resultou em uma gravidez.

A atriz não realizou o procedimento de aborto. De acordo com seu relato, só descobriu a gravidez quando estava próximo do bebê nascer. Por não desejar permanecer com a criança, resultado de uma experiência traumatizante, procurou uma advogada para proceder com os trâmites legais e assim entregá-la para adoção.

Também é relatada pela atriz a falta de empatia do médico que a atendeu que a obrigou a ouvir os batimentos cardíacos da criança e disse no atendimento que ela deveria amá-lo por carregar parte do seu DNA. Como também após o parto, ainda no hospital, foi procurada por jornalistas (buscavam informações sobre o fato), que só chegaram ao hospital após a falta de ética de alguns profissionais.

Quando a notícia de que uma mulher havia entregado uma criança para adoção, mesmo sendo divulgado junto com essa informação o fato de que essa mulher havia sido vítima de uma violência sexual, não foi poupada de julgamentos. Novamente um cenário de discussões foi estabelecido nas redes sociais. Debate sem fundamentação teórica, sociológica ou mesmo jurídico.

A atriz procurou uma advogada e pelos meios legais entregou a criança para adoção. O que diz a nossa legislação sobre a entrega de uma criança para adoção? A atriz cometeu crime ao assim fazer? Houve abandono de incapaz? Como levantando por algumas pessoas.

Na nossa legislação não é crime colocar a criança para adoção, mesmo que a gravidez não tenha sido resultado de um crime de estupro. A previsão legal de entrega voluntária de bebês para adoção foi incluída no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) desde 2017, entrando em vigor assim o artigo 19-A. Trata-se de um mecanismo que procura proteger as crianças e evitar práticas que não são permitidas no Brasil, como aborto fora das hipóteses previstas em lei, abandono de bebês e adoção irregular. Em caso de violência sexual, a lei dispõe que a mulher pode realizar o procedimento de interrupção da gravidez, independentemente de semanas gestacionais.

A mãe que assim manifestar interesse na entrega do filho deve procurar desses lugares, postos de saúde, hospitais, conselhos tutelares ou qualquer órgão da rede de proteção à infância. A mulher será então encaminhada à Vara da Infância e da Juventude, onde será ouvida por profissional da equipe técnica composta de psicólogos, assistentes sociais, que em conjunto analisarão se ela realmente está convicta e em condições de tomar a decisão, considerando-se inclusive eventuais efeitos do estado gestacional ou puerperal.

Sobre o crime de abandono de incapaz se caracteriza quando alguém tem o dever de cuidar de um menor, mas o deixa sozinho, sem a menor capacidade de se defender de eventuais riscos. Recentemente um pai deixou a filha de 6 anos dormindo sozinha em um apartamento que ficava no 12° andar, o que terminou com a morte da criança.  A título de reflexão, houve uma grande repercussão sobre o fato? E se fosse uma mãe que deixasse uma filha de 6 anos sozinha e tivesse saído com o namorado? O nosso Código Penal não tipifica os crimes levando em consideração uma pena maior ou menor pelo critério se foi o pai ou a mãe. A lei seria aplicada da mesma forma independentemente do gênero.  Se você deixou seu filho sozinho, não importa se você é homem ou mulher, será devidamente responsabilizado. Mas e as pessoas, a sociedade, usaria/usam a mesma medida para apontar os erros paternos e maternos?

Conforme o Código Penal, o crime de abandono de incapaz se caracteriza quando uma pessoa que está sob cuidado, guarda, vigilância ou autoridade de terceiros é abandonada e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se de riscos, (Art. 133, CP).

A atriz, como relatado em seu perfil, procurou um profissional e os órgãos responsáveis para realizar a entrega da criança, formalizando assim pelos meios legais e não simplesmente abandonando o incapaz a desconhecidos.

A conclusão tirada a partir dos dois fatos que ganharam destaque nacional é que, as pessoas ainda cobram muito pouco dos reais responsáveis por crimes de abuso ou violência sexual. A mão do julgamento, das ofensas, ainda recai exclusivamente sobre a mulher. Não se percebe tanto interesse em identificar aqueles que violam uma mulher e que esses através do devido processo legal cumpram uma pena. Klara fez o que a maioria das pessoas ligadas a alguma entidade religiosa, apontam como solução para os casos em que a mulher engravida após sofrer violência sexual, ou seja, não fez o aborto e entregou para adoção. Preservou a vida. Mas, quantas páginas, entidades de cunho religioso manifestou apoio a Klara e disse “muito bem, você fez o certo, você poupou uma vida ao não realizar o aborto”, quantas? Eu, pelo menos, não vi nenhuma. O fato é que, uma parte da nossa sociedade permanece com o pensamento medieval de que se existe o DNA da mãe naquele feto, mesmo oriundo de uma violência sexual, essa mulher deve desenvolver o “instituto materno”, deve ter o sentimento de perdão e misericórdia e permanecer em convívio com o fruto da violência que sofreu. Por conta meramente genética a atriz ou qualquer mulher tem por obrigação amar aquela criança em formação.

Temos uma cultura que odeia as mulheres.  Tivemos duas provas essa semana, duas provas que revelaram as duas faces de um mesmo problema. A menina que é estuprada e procura atendimento para realizar o aborto recebe como veredito a condenação. E não muito diferente, a mulher que resolve ter o bebê e disponibilizá-lo, de forma legal, para adoção, recebe da nossa sociedade o mesmo tratamento. Não importa o que a mulher faça, ela na maioria das vezes vai estar errada. Porque para estar certa você precisa apenas, geneticamente, nascer com o cromossomo XY.

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Destaque Gerais

Vereadora diz que bancada da situação dificulta andamento de projeto voltado para mulheres vítimas de violência

A vereadora Marleide Cunha há mais de um ano vem tentando colocar em votação um projeto de lei que busca instituir reservas de vagas para mulheres vítimas de violência doméstica e vulnerabilidade social nos processos de licitação das empresas contratadas pelo Município de Mossoró. Mas, segundo ela, os vereadores da bancada da situação vêm dificultando o andamento do projeto.

Na sessão desta terça-feira (28/06), a vereadora teve mais uma tentativa frustrada. Segundo Marleide a sessão foi esvaziada para não haver a votação no projeto. “A bancada da situação não tem interesse. Hoje conseguimos as assinaturas para o requerimento de urgência, porque precisamos de oito assinaturas. E nós temos essas oito assinaturas, juntando a bancada da oposição e independentes. Conseguimos as assinaturas e o projeto ia entrar em pauta para ser votado, mas todos os vereadores da situação que estavam no plenário, saíram para não dar quórum. Então, não entrou em votação porque a sessão foi encerrada por falta de quórum”, disse.

Nesta quarta-feira (29), Marleide vai tentar mais uma vez colocar o requerimento de urgência para ser apreciado. “Espero que amanhã ele seja aprovado. Precisamos dar condições as mulheres para que elas possam romper com o ciclo de violência. Sabemos que sem oportunidade de trabalho elas vão continuar se submetendo a situações de violência”, frisa.

O projeto foi protocolado em 1º de março de 2021. Em junho ele foi rejeitado pela Comissão de Constituição Justiça e Redação (CCJ) com o argumento de que era inconstitucional. Marleide explica que antes da votação da Comissão foi encaminhado um parecer dos advogados mostrando que o projeto não era inconstitucional, já que este não altera os critérios de licitação.

“Continuam os mesmos critérios, que é o de menor preço, melhor técnica e melhor técnica e preço. Então ele não interfere nesses critérios. O projeto apenas destina 5% das vagas para as mulheres vítimas de violência nas empresas terceirizadas do município”, explica.

Mesmo a CCJ tendo rejeitado o projeto, a vereadora não pediu arquivamento. O passo seguinte foi entrar com um substitutivo pedindo novamente avaliação do projeto.

Ainda de acordo com Marleide não há motivos para impedimento. Ela acrescenta que um projeto semelhante a esse, de um vereador da situação, foi aprovado e sancionado ainda em 2022. Foi o Projeto de Lei que trata sobre reserva de vagas de emprego destinadas aos egressos do sistema prisional e sistema socioeducativo nas empresas que tem contrato de prestação de serviço com o Município de Mossoró. Projeto que, inclusive, contou com o voto favorável da vereadora, por considerar a importância dele.

“Essa Lei já existe, é a 3947 de maio de 2022. Ela foi aprovada e sancionada esse ano. Enquanto o nosso projeto que estava desde o ano passado foi rejeitado. Se para as mulheres vítimas de violência era inconstitucional, porque que esse projeto que reserva, também, vagas de emprego para egressos do sistema prisional não foi considerado inconstitucional?”, questiona a vereadora.

Marleide disse que na sessão desta terça-feira a bancada da situação tinha a minoria em plenário, apenas seis vereadores. Essa minoria foi orientada a sair da sessão. No caso, esvaziaram o plenário Genilson Alves, Raério Araújo, Wiginis do Gás e Edson Carlos, ficando apenas os da mesa diretora.

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Colunistas Destaque Rafaela Gurgel

Todo dia um 7 x 1 diferente

Certo dia, num dos inúmeros grupos de WhatsApp, conversando amenidades sobre vários perrengues que passamos todos os dias, uma colega disse: “Todo dia um 7 x 1 diferente!”. Isso ficou na minha cabeça por dias, até que dia 8 de junho de 2022, às 14 horas, mais um se concretizou. Aconteceu um julgamento onde o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu julgar em prol das operadoras de planos de saúde, taxando milhares de vidas dos assistidos.

Aquele placar de 7 x 1 quase se concretizou de fato não fossem três dos ministros exporem que economia e operadora de saúde alguma estaria acima de uma vida, enquanto os outros 6 sobrepujavam a política neoliberal exacerbada nos últimos tempos com discursos que causavam ojeriza. Muito foi discutido e encampado por inúmeros grupos desde fevereiro, fazendo até ser adiado o processo, mas o que tanto temíamos se findou. A cada voto contrário a nosso desfavor, ou seja, da vida e dignidade humana, era um grito de horror e socorro de inúmeros usuários. O choro era contumaz tal e qual aquele, aquele mesmo 7 x 1 da Copa do Mundo do Brasil. A cada negativa ia se esvaindo o mínimo de esperança que ainda poderia restar.

O choro era inglório tal e qual aquele dia, inúmeras pessoas assistiam incrédulas a tamanhos disparates. O Brasil inteiro perdeu, os milhares de segurados também. Foram 6 votos para o rol taxativo contra 3 para o exemplificativo. Os argumentos dos ministros foram um soco no estômago para quem vive um distanciamento brutal do que seja digno nesse país, onde pagamos uma das mais altas cargas tributárias do mundo; pessoas que se apegam a uma esperança que o plano de saúde possa dar, uma cobertura mais ampla e digna que assegure sua saúde e de sua família.

Prevaleceu as incoerências taxativas de quem não sabe o que se sacrificou mês a mês num boleto que lhe traga esperança; o que vimos foi, mais uma vez, uma justiça injusta e relegada a um lobby de seguradoras milionárias que só visam lucros. Passados poucos dias da decisão já assistimos a negativas de solicitações prescritas por médicos pelo simples fato de não estar no rol. E, como foi divulgado nas mídias, é preciso ratificar: O ROL TAXATIVO MATA!

E, como ficaremos depois disso? Só Deus e o tempo saberá, enquanto isso só nos resta rezar…

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Ady Canário Colunistas Destaque

Racismo linguístico e opressão sofrida

No momento em que li sobre racismo linguístico desvelou-se uma abordagem de diversos aspectos da linguagem social. Pensamos nas relações entre mulheres negras e brancas por que vivemos no cotidiano de nossas vidas inúmeros acontecimentos que vão se naturalizando por meio da linguagem e em suas intersecções.  Como uma noção chave no âmbito do racismo epistêmico, o racismo linguístico nos conduz para além das vivências, mas nos coloca diante de tensões e enfrentamentos diários.

Todos os dias assistimos episódios produzidos e reproduzidos como este do Programa “É de Casa”, exibido no sábado, dia 11/06, que gerou ampla repercussão nas mídias digitais e jornalísticas com análises trazendo a discussão do racismo estrutural. Certamente, temos posições sujeitos entre uma mulher branca para com uma mulher negra. Isso faz reaparecer enunciados já ditos e não ditos numa ordem discursiva. Daí vem a pergunta: por que esse enunciado e não outro em seu lugar? Sem dúvida, mais uma vez, a mídia mostrando a sua influência em naturalizar práticas de racismo e suas variadas faces sistêmicas.

Isso se dá pela linguagem e sua relação entre saber e poder. É o racismo (re)abre em nós as marcas, as dores. E como diz Grada Kilomba “por vezes dói sempre, por vezes infecta e outras vezes sangra”. Isso abrange professores em ascensão social, professores, estudantes e militantes pela promoção da igualdade racial. Será que se a dona Silene fosse branca, teria sido pedido a ela para servir?

Nesse sentido, o racismo na dimensão linguística, abre a compreensão do papel da linguagem e das práticas discursivas. É importante e assume lugar central, pois são nos usos que discriminamos direta ou indiretamente. Vamos validando a construção ou desconstrução de discursividades e enunciados racistas. É por meio da e na língua que o sujeito negro, as mulheres negras encampam uma luta constante e enuncia a resistência, a liberdade e contra a dominação. Essa dominação vem desde o Brasil colônia e se perpetua até os dias de hoje. Como nos diz a filósofa Angela Davis, as mulheres resistentes e desafiando a escravidão o tempo inteiro e a repressão sofrida. Todavia temos atos de resistência, já nos mostra Lélia Gonzalez.

O professor Gabriel Nascimento faz uma contextualização teórica e analítica, defendendo uma perspectiva raciolinguístico. Isso nos fornece as condições históricas, linguísticas e sociais acerca da relação entre raça, discurso e racismo. Evidencia o que é racismo linguístico e os modos como ocorre. Considerando o universo da linguagem, preconceito que se constituem pelas línguas e seus usos.  Para nós mulheres negras, o tema se reatuliza no fardo e luta pela igualdade, pois numa sociedade opressora, a desumanização persiste.

Em síntese, nós mulheres negras também vivenciamos o racismo linguístico. São situações nas quais nossos conhecimentos são postos em dúvidas ou tidos como menos válidos na sociedade. Esse racismo linguístico, portanto, vai normatizando práticas discursivas na vida pessoal e profissional. A fim de que estabeleçamos a necessária articulação entre linguagem, discurso, raça e racismo em nossos processos educativos é evidente que, o trabalho é todo dia. Lutamos (nos indignamos) pela desconstrução de discursos eurocêntricos de base excludente. A luta é todo dia.

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Aryanne Queiroz Colunistas Destaque

O CORPO-EXÍLIO FEMININO

“Sermos nós mesmos faz com que acabemos excluídos pelos outros. No entanto, fazer o que os outros querem nos exila de nós mesmos”. 

              (Clarissa Pinkola Estés)

Quando foi que começaram a fazer com que nós, mulheres, passássemos a esconder o nosso poder? A mulher realmente não pode controlar a si mesma, precisa de uma fala masculina para repreendê-la e representá-la? Por que a feminilidade é tão recriminada pela sociedade e tão escondida por nós, mulheres? Por que servimos tanto a esse patriarcado, se ele não nos protege, não nos beneficia em nada? Por que as nossas vivências incomodam tanto? Por que os nossos corpos são tão menosprezados e abusados moralmente e sexualmente? Por que nossa força foi substituída por uma fragilidade que nos paralisa e não nos permite ver o quanto somos poderosas? Por que vivemos satisfazendo e obedecendo a tantas ordens que em nada nos agrega? Por que os limites impostos não são questionados por muitas de nós? Será que somente a força física dos homens é o que nos impede de fluir? Será que as crenças limitantes são realmente suficientes para nos oprimir? Será que a dominação masculina vai, pra sempre, nos imobilizar? Até quando admitiremos essa anulação do feminino, o qual habita em nós, mulheres? Viver uma vida inteira cheia de amarras e de autocontrole é favorável para quem, afinal? Reprimir-se tem sido algo benéfico para a nossa saúde mental? Quem vai nos libertar, se não formos nós mesmas? Por que os padrões corporais femininos são tão inalcançáveis? Você já se perguntou por quem a indústria cosmética e farmacêutica é controlada? Por que a paz com o nosso corpo tem sido sinônimo de utopia? O que nos faz sentir necessidade de nos sentirmos ‘gostosas’, se nem alimento nós somos? Em falar em alimento, por que estamos alimentando a nossa alma com tanto ódio a nós mesmas? Por que, ao invés de nos unirmos, cada vez mais estamos nos separando e concorrendo, umas com as outras? O controle dos corpos femininos, através da mídia, das falas e dos olhares, está servindo a quem? Não sei se tais perguntas acima farão você se libertar; meu intuito é fazer você, pelo menos, refletir e não viver no automático.

Essa automaticidade é provocada por essa prisão em que vivemos há tanto tempo e já esquecemos que possuímos um poder. O exílio desse poder feminino acontece dentro do nosso próprio corpo. Tal poder não está fora de nós; não se encontra no cume do Monte Everest (montanha mais alta da Terra) ou nas Fossas Marianas (maior abismo oceânico do mundo); não está no Ponto Nemo (local mais distante de qualquer continente neste planeta em que vivemos) ou na Favela Dharavi (lugar mais densamente povoado). Está tão perto, tão próximo, mas tão negligenciado: o corpo feminino, ou seja, está aí, fazendo parte de sua constituição, do seu próprio ser! Mas, parafraseando o que Clarissa Pinkola Estés bem disse, fazendo o que os outros – diga-se, o patriarcado – querem, nós fomos deportadas de nós mesmas. O nosso corpo tem sido, esse tempo todo, o nosso próprio exílio…

Será que já não é tempo de nos libertarmos? Aliás, será que não já se passou a hora disso acontecer?! Fico com a frase de Mahatma Gandhi: A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência”. Desejo que possamos, todas, nos libertar, juntas, dessa prisão e ter essa consciência tão almejada por nós, feministas.

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Colunistas Destaque Natalia Santos

Para sempre felicidade: uma deliciosa surpresa.

Em 2021 a Netflix lançou o romance sul-africano “Para Sempre Felicidade” como sequência do sucesso “Happiness Is a Four Letter Word” (2016), dirigido por Thabang Moleya e roteirizado por Ayanda Halimana. No entanto, só esse ano tive o prazer de acompanhar essa deliciosa história sobre amizade, amor e sororidade.

Não é novidade que tento sempre trazer dicas de produções femininas, mas desta vez quis dar destaque a uma direção masculina que acerta o tom de um roteiro feminino. Além disso, me encantou ver um filme sul-africano chegando a uma plataforma de streaming mundialmente conhecida, dando voz e vez a um elenco predominantemente negro que pouco estamos acostumados a ver.

Para Sempre Felicidade é um drama romântico que acompanha três amigas em Joanesburgo que lutam por seus trabalhos, relacionamentos, e enfrentam as adversidades da vida, como problemas familiares. Os cenários e figurinos do longa são sofisticados e cheios de vida, destacando perfeitamente a personalidade decidida de suas protagonistas.

É o tipo de filme perfeito para dias em que precisamos nos sentir identificadas, dar boas risadas e sermos tocadas pelos momentos mais emocionantes, seguindo a pegada de “filmes conforto” que tanto adoramos, sendo também uma ótima oportunidade para conhecer e se surpreender com produções sul-africanas ao mesmo tempo em que nos divertimos.