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Coordenadoria Estadual da Mulher estuda implantação de uma Sala Lilás em Mossoró

Mossoró deverá contar com mais um equipamento para atender as mulheres em situação de violência. A instalação da Sala Lilás, espaço de acolhimento a vítima de violência doméstica, já vem sendo discutida e a perspectiva é de que seja implantada em junho.  

Segundo informações do site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), a coordenadora da CE-Mulher do TJRN, a juíza Fátima Soares, já esteve em Mossoró para falar sobre o assunto. O encontro aconteceu em abril com o titular do Juizado da Violência Doméstica de Mossoró, o juiz Renato Magalhães. 

Em matéria publicada no site consta que a inauguração do espaço deverá integrar a programação de celebração dos 130 Anos do TJ potiguar. “É importante que a população saiba que o nosso Tribunal está atento à questão de proporcionar um atendimento digno às vítimas da violência doméstica e familiar”, aponta a magistrada.

Na conversa com o colega magistrado, também entrou em pauta a instalação e funcionamento da nova equipe multidisciplinar da Coordenadoria da Mulher, na região Oeste do Rio Grande do Norte, cujas ações são coordenadas pelo magistrado Renato Magalhães.

Atualmente, o Poder Judiciário potiguar conta com duas Salas Lilás, uma no Anexo da Ribeira (antigo Grande Hotel) e a outra, no Centro Judiciário Varella Barca, na Zona Norte de Natal. “Estamos interiorizando nosso projeto, por isso a próxima será aberta em Mossoró”, salienta Fátima Soares. “Essa sala será um instrumento de enorme utilidade para essa parte mais sensível da população (vítimas de violência doméstica e familiar), que precisará mais do que nunca de uma recepção profissional e atenciosa”, ressalta.

As “Salas Lilás” são idealizadas para oferecer conforto e segurança as mulheres. “Trata-se de um local equipado para realização de exames periciais da equipe multidisciplinar composta por psicólogas, assistentes sociais, pedagogas e policiais femininas da Patrulha Maria da Penha”, pontua. 

As salas atuam com a parceira da Patrulha Maria da Penha, tanto na esfera estadual como na municipal.

 

Fonte (www.tjrn.jus.br)

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Destaque Saúde e sexualidade

Caminhos da masturbação feminina: menos tabu, mais prazer

Imagine um ponto específico da anatomia humana, criado unicamente para sentir prazer! Por lá, é possível encontrar cerca de oito mil terminações nervosas, sendo o órgão mais inervado, se comparado a qualquer outra parte do corpo. Prazer! Você está diante do Clitóris! Um presente das deusas, endereçado às mulheres. E dessa vez, acredite, os homens aparecem com certa desvantagem, pois além de concentrar prazer, o pênis ainda precisa desempenhar outras funções, como reproduzir e excretar a urina. Outra boa notícia é que, este pequeno órgão, que não é tão pequeno assim, pode medir cerca de 10 centímetros de cada lado, já que se estende por dentro da vagina e ainda é capaz de dobrar de tamanho quando excitado. Essa excitação ocorre durante carreira solo ou com o estímulo de uma parceria. Sendo assim, diante de uma forma inesgotável de prazer, por que será que a “masturbação feminina” ainda não é uma prática comum?

O tema continua sendo tabu em uma roda de conversa.  Quantas de nós, mulheres, assumem publicamente, mesmo entre amigas, o fato de se masturbar com certa frequência? Quando falamos em igualdade sexual, apesar do homem não ter um ponto x voltado exclusivamente para o prazer, ainda é ele quem goza de mais liberdade, masturbação e orgasmos. Uma pesquisa internacional, divulgada pelo portal inglês Metro, após ouvir 115 mil pessoas, concluiu que os homens se masturbam 2,5 vezes a mais do que as mulheres.

É bem verdade que o cenário está sendo redesenhado. Diferente de parte das mulheres, a Assistente Social Thassila Alves garante o autoprazer e encara a masturbação como um processo de liberdade e conquista, “minhas primeiras experiências vieram logo depois de me identificar como uma mulher feminista (logo, quando entendi que tenho autonomia sobre meu corpo), um processo que levou anos. Imagine que boa parte dos meninos da minha idade muito possivelmente já tinha começado a masturbação com 11/12 anos de idade, e eu com 18/19 tive a primeira experiência sozinha”, revela.

Assim como acontece em outras áreas, a descoberta e independência sexual, muitas vezes, chegam de forma tardia para as mulheres. O fato pode estar ligado a uma série de fatores: família, religião e até falta de informação. Para Thassila, que atualmente usa o próprio perfil no instagram para falar sobre sexualidade e inspirar mulheres no caminho de mais descobertas, a primeira experiência com a masturbação “foi regada a medos, incertezas e convicções religiosas. Sim, eu achava que era errado me masturbar. Foi um processo denso, e que hoje acredito que teve um final feliz, não no sentido poético da coisa, mas como expressão concreta de autonomia sobre meu corpo”.

Dona do próprio prazer

Atualmente, além do prazer proporcionado, Thassila revela que a masturbação ocupa um espaço onde ela pode se reafirmar enquanto mulher que luta não somente pela autonomia do corpo, enquanto espaço subjetivo, mas para que outras mulheres também se reconheçam, e sejam responsáveis e donas do próprio prazer. “Penso que entender o papel da masturbação é mais que um processo de identidade do conhecimento sobre o corpo, é antes, um ato político. Primeiro porque nós mulheres não somos ensinadas ao ato, segundo porque acredito que uma boa parcela de mulheres encontra o prazer no outro (isso quando encontra), e não passa pela experiência do autoconhecimento”, destaca.

Então, por onde começar? Foi pensando nisso que procuramos a fisioterapeuta especialista na região pélvica da mulher, Dayse Bezerra, para falar sobre masturbação feminina. Ela é categórica em dizer que “até hoje existe um grande número de mulheres que não conhecem a região íntima ou nunca se tocaram de forma prazerosa por achar esse ato sujo. Porém a masturbação deve ser vista como uma questão de amor próprio, pois é o primeiro passo para o autoconhecimento”, revela. E para começar, a fisioterapeuta recomenda o uso de um espelhinho para que a mulher conheça calmamente a vagina, crie intimidade com ela, sinta o corpo, fazendo apenas o que tiver vontade no momento.

Segundo Dayse, o desafio é se deixar ser guiada pelo instinto, sem peso, pressa ou preconceito. “Você pode, inclusive, criar um ritual completamente seu, com música, aromas, livros, filmes – existem sites eróticos especializados em mulheres; foque em estar em um ambiente particular para não correr o risco de ser interrompida”, orienta. Ela garante que o exercício valerá a pena, pois se é interessante se apaixonar por outra pessoa, imagine quando essa paixão nasce como forma de poder se dar mais prazer e acolhimento?! O ato torna-se muito mais potente.

Vibrando no autoamor – Mulheres apostam em vibradores para aumentar o prazer

Falar em potência, o mercado tem investido na diversidade de produtos em prol do prazer feminino, o que por um lado pode indicar uma onda crescente de autonomia do prazer da mulher. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual, (Abeme), apenas em 2020, ano em que as pessoas ficaram em isolamento social devido à pandemia da Covid 19, o Brasil registrou a venda de R$ 2 bilhões em produtos. Já em 2021, no mercado virtual, a Dona Coelha, sex shop voltado para o publico feminino, aumentou as vendas 475% em relação ao ano anterior. Em Mossoró, de forma presencial a busca por produtos que garantem aumentar o prazer não é diferente. A empresária Angélica Gomes, há quinze anos dona do Sex shop Sensual Fetiche, conta que a timidez ainda acompanha as mulheres na hora de escolher sobre quais produtos levar, mas que isso vem mudando ao longo dos anos. Angélica também revela que “a maioria que escolhe um vibrador, por exemplo, conta que é para o autoprazer”. A empresária reforça que tem disponível mais de cinquenta tipos de vibradores, “tentamos identificar o que essa mulher busca, para que possamos indicar o melhor vibrador, se ela procura por velocidade, tamanho, se é para uso interno ou apenas para o clitóris”. E os preços variam, “Os vibradores podem ser encontrados a partir de R$ 18,00 podendo chegar a R$ 699,90”.

Segundo a fisioterapeuta Dayse, a masturbação é uma zona livre, onde é possível usar apenas as mãos ou inserir os vibradores. Sobre esse último surge uma dúvida comum entre as mulheres: será que o vibrador é capaz de diminuir a sensibilidade do clitóris? Dayse responde o seguinte: “O que acontece é que os vibradores possuem intensidades diferentes, e geralmente essa intensidade vai sendo aumentada com uso diário, chegando ao ponto onde a mulher só atinge o orgasmo através de um estímulo muito intenso, sendo inclusive bem difícil o parceiro reproduzir”, revela. Neste caso, a fisioterapeuta recomenda que se faz necessário ressensibilizar o clitóris, “reduzindo a intensidade da vibração aos poucos e associando à terapia comportamental, onde trazemos o sexo para um patamar também cognitivo, o que é de extrema importância, pois o cérebro faz parte do ato sexual,  e assim o corpo volta a se satisfazer com estímulos mais simples”, ou seja, é interessante usar o vibrador escolhendo sempre  o caminho que passa pelo equilíbrio.

Especialista explica porque a prática da masturbação faz bem para o corpo

Com a ajuda de produtos eróticos ou não, a mulher tem disponível a criatividade e o poder da mente para explorar o próprio corpo. Dayse relembra que são várias áreas de prazer e cada mulher tem suas particularidades, por isso algumas de nós sentem orgasmo com penetração, outras com o estímulo do clitóris, toque anal, mamilos, e entender essa individualidade é importante. Para não restar dúvidas, ela ainda reforça os benefícios da masturbação: “autoconhecimento do corpo e sexualidade, aumento da libido, mais produção de anticorpos, sensação de bem-estar, e melhora do desempenho sexual”, tudo isso ao alcance das mãos e de forma gratuita.

Lembra Thássila, lá do início dessa reportagem? Ela também revelou que, nos aspectos gerais, sente-se confortável em dialogar com as pessoas sobre experiências com a masturbação. Pra isso, faz uso do @tassilaalves, “acho um processo necessário a ideia de partilhar as vivências, assim, no final ninguém se sente sozinha e também construímos uma relação acolhedora”, tai um convite para segui-la hoje mesmo.

Já a fisioterapeuta Dayse Bezerra pode ser encontrada em @simplificando_a_pelve. Por lá é possível aprender mais sobre saúde do corpo e o prazer da mulher.

O sex shop que aparece na matéria está lá no @sexyshopsensual. Fale que você conheceu o endereço através da Matracas.

Para referenciar parte das informações usadas aqui, fica a indicação de um curta francês premiado, “Le Clitóris”, que mostra, de maneira didática, mas interessante, o formato e o funcionamento do clitóris. 

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Destaque Lutas Feministas

8 de Março: Dia de resistência e luta pela vida das mulheres

Com o mote “Pela Vida das Mulheres Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome”, mulheres tomam as ruas neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

Em Mossoró várias ações já estão acontecendo desde o início da manhã de hoje. Cada organização e movimentos feministas vem registrando sua presença na luta, com atividades em vários pontos da cidade.

No início da manhã a Coletiva Motim Feminista realizou a Alvorada Feminista, na praça da catedral. A ação contou com um abordagem de populares nas ruas, com entrevistas para o programa simbólico “Rádio TV Feminista”.

Ainda dentro da programação do 8M, a Marcha Mundial das Mulheres em Mossoró realiza uma ação política em frente ao Centro Feminista 8 de Março, desde as 8h, com feira de economia feminista e solidária, dando visibilidade ao trabalho das mulheres, baseado nos princípios da agroecologia, da economia solidária.

Além da feira, o evento contou com o debate: Feminismo popular e as lutas de 2022 com a deputada estadual Isolda Dantas; Michela Calaça do Movimento Mulheres Camponesas; Hilberlandia Fernandes da Comissão Pastoral da Terra e Rejane Medeiros do Centro Feminista 8 de Março.

A tarde acontece o ato unificado das mulheres de Mossoró que será às 16h30, na Praça do Pax. Antes de chegar a praça haverá a concentração em dois pontos específicos. São dois blocos, um sai da praça do shopping Boulevar e o outro da praça da Igreja do Perpétuo Socorro, nas proximidades do Centro Feminista 8 de Março.

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Destaque Violência contra mulher

Oito mulheres foram vítimas de feminicídios em pouco mais de dois meses no RN

Ingrid Carolinny Soares dos Santos, de 28 anos, foi encontrada morta na noite da última quinta-feira (3) dentro do “açude do padre”, na cidade de Campo Grande. O principal suspeito do crime é Willame Xavier do Nascimento, 36 anos, com quem Ingrid foi vista bebendo na última quarta-feira (2). (fonte: mossorohoje.com.br) 

Na mesma noite da última quinta-feira (3) um homem matou a ex-mulher com um tiro na cabeça no conjunto Parque dos Coqueiros, na Zona Norte de Natal, e depois cometeu suicídio. Manuela Josino Miranda, de 32 anos, foi morta na frente das duas filhas e da mãe. (fonte: g1.com.br).

Em 22 de fevereiro de 2022, Kalina de Azevedo Marques, 43 anos, foi morta a tiros pelo marido, na grande Natal. Maurício Rocha de Farias Neto, 39 anos, não aceitava a separação. Após matar a esposa, ele cometeu suicídio. (fonte: g1.com.br).   

Ingrid, Manuela e Kalina estão entre os oito casos de feminicídio já registrados entre 1° de janeiro e 4 de março de 2022, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed/RN).  São mulheres que foram mortas por sua condição de ser mulher, pelo machismo.  

De acordo com a professora Suamy Soares, do curso de Serviço Social da Uern, e coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher (NEM/Uern), os dados são um indício de que a violência contra mulher está se agravando e que a condição das mulheres no RN é de extrema vulnerabilidade. “A gente sabe que a violência contra mulher é um fenômeno social, histórico, cultural, que está arraigado na formação social do Brasil e que impacta a vida das mulheres, seja na esfera do trabalho, em casa, na rua. Mas elas têm acontecido com bastante força nesse período pandêmico”, ressalta.     

Para a professora, o quadro demonstra a necessidade de políticas de prevenção a violência contra mulher e o feminicídio, considerando que apenas a Lei Maria da Penha como instrumento de punição não vem sendo eficaz no enfrentamento à violência contra mulher. Uma realidade que se constata através das próprias estatísticas. Ela acrescenta que as violências que ocorrem na esfera doméstica têm assumido dados alarmantes. O Brasil segue sendo o quinto país que mais mata mulheres no mundo, e o RN, também, o quinto Estado do Brasil mais violento para mulheres. 

“Tivemos oito casos de feminicídio em três meses e precisamos destacar que essas violências que são praticadas contra mulheres se agravam quando a gente acrescenta recorte de classe, de raça. Então, é importante destacar que todas as mulheres sofrem violências, mas que as mulheres negras e pobres sofrem mais abatimentos. Os números têm mostrado que, apesar de existir lei para punição dos agressores, as mulheres seguem sendo violentadas e isso mostra a necessidade de políticas eficazes de prevenção a violência e educação e gênero. É preciso que a gente fortaleça a discussão de gênero. Estamos num momento em que o país passa por cortes orçamentários no campo das políticas públicas destinadas às mulheres, um rebaixamento do debate dos direitos humanos e da defesa das mulheres, e tudo isso repercute no aumento das violações. Nosso cenário atual é pavoroso e muito difícil, e a conjuntura atual só fortalece esse cenário de dificuldades e vulnerabilidades para as mulheres”, destaca.      

O Rio Grande do Norte já é considerado um dos Estados mais violentos para as mulheres. Em 2021 o RN registrou elevadas estatísticas de violências praticadas contra mulheres. Dados referentes ao somatório dos registros da Lei Maria da Penha para os crimes de ameaça, calúnia, descumprimentos de medidas protetivas de urgência, injúria, lesão corporal, vias de fato, estupro, estupro de vulnerável e violência doméstica no ambiente familiar contra a mulher apontaram um aumento de 51,1%, num comparativo entre 2020 e 2021, segundo dados da Secretaria de Comunicação Social da Polícia Civil (Secoms). Incluídos nesse número os casos de violência doméstica praticados contra mulher não só pelo parceiro, mas, também, pelos familiares. Conforme os registros de janeiro a setembro de 2020, foram 2.945 casos de violência doméstica. Nesse mesmo período de 2021 (janeiro a setembro), foram 4.421.

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Destaque Gerais

Cebi realiza Vigília de Oração Pela Vida das Mulheres na praça São José, as 18h

Faltam poucos dias para o 8 de Março. Em Mossoró uma série de atividades estão programadas para acontecer, como é o caso do grande ato na Praça do Pax, às 16h30, e outras já estão sendo executadas. Além do ato principal, as organizações e coletivos feministas já vêm desenvolvendo ações alusivas ao 8M.

Neste sábado (05) acontece a Vigília pela Memória das Mulheres Presentes na Caminhada, na Praça Pe. Guido Tonelloto (Praça da Igreja S. José), às 18h. O ato é organizado pelo Centro de Estudos Bíblicos (Cebi), que integra as entidades que lutam pela Vida das mulheres.

De acordo com Zélia Cristina Pedrosa, da assessoria da Cebi, é importante a presença de todas em mais um momento de luta. Na Vigília serão lembradas, especialmente, as mulheres que se dedicaram à luta antes de nós.

“Como entidade ecumênica que se dedica à leitura libertadora da Bíblia, nós propomos uma vigília de oração, preparando esta jornada de lutas. Celebramos a grande bênção de sermos mulheres. Nossas ideias, nossos dons, tudo o que nos faz mulher e que nos fortalece cada dia para seguir lutando e abrindo caminhos para que este mundo seja diferente, inclusivo e igualitário em relação a direitos e oportunidades”, destaca Zélia.

O momento é de recordar as muitas mulheres que abriram caminhos e lutaram pelo fim da violência contra mulher e reivindicaram nossos direitos. “Unimo-nos em uma corrente, em uma rede com toda nossa rica região latino-americana e caribenha para celebrar este dia, dando graças a Deus por nos criar à sua imagem e semelhança, delicadas e fortes, sensíveis, inteligentes e valentes, lutando dia a dia e fazendo que nossas vozes sejam escutadas”, finaliza.

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Destaque Gerais

Talento, criatividade e empreendedorismo das crocheteiras messienses

É de uma agulha, um novelo de lã, criatividade e, principalmente, da paciente arte de alinhavar fios, que nascem as produções das crocheteiras de Messias Targino. Roupas, produtos de enxoval, chapéus, moda praia e mais uma variação de produtos já ultrapassam o mercado messiense e hoje chegam às lojas de renome nacional.  

O crochê sempre fez parte da história da cidade, porém, poucas mulheres se dedicavam à arte. Atualmente um grupo de mulheres vem se destacando no segmento com a produção de peças modernas e que seguem as tendências do mercado. A cidade hoje conta com mais de trinta artesãs, de todas as idades. As mais novas, influenciadas pelas veteranas que têm se engajado no trabalho de ensinar e orientar a quem é iniciante. 

Atualmente o crochê não é mais visto com a percepção apenas de um trabalho realizado pela mulher “prendada” que “já pode casar”, mas como uma expressão artística, empoderamento, autonomia financeira. Afinal parte das mulheres tem essa arte como fonte principal de renda, outras, como complemento que faz a diferença no orçamento no final do mês.

 

 

A forma tradicional de produzir ainda existe entre parte delas. Algumas ainda ficam nas calçadas, geralmente em grupos, em suas cadeiras de balanço, fazendo sua própria jornada de trabalho. Maria das Dores da Silva, 74 anos, é das mais antigas. Profissional que se destaca no bordado, corte e costura e no crochê, dona Maria é considerada uma verdadeira artista e sempre foi muito solicitada na cidade pela dedicação nas peças que produz. “A minha vida toda me dediquei a esse trabalho. Hoje, sigo fazendo minhas peças e orgulhosa do meu trabalho”, frisa.    

Luciete Jales tem sua história profissional diretamente ligada ao crochê. Desde os 12 anos que sua fonte de renda vem do artesanato. Habilidade registrada e reconhecida no biscuit, boneca de pano, pedrarias e, com um foco maior nos produtos de crochê. O mais importante, segue repassando o conhecimento e garantindo novos talentos. “Ter esse trabalho reconhecido e ver nossos produtos sendo valorizados é muito estimulante para gente continuar produzindo e reproduzindo novos talentos. É um prazer poder transmitir o que sei para as novas gerações, dessa forma, garantindo o seguimento dessa arte”, disse.

Além de ser fonte de renda, o crochê também movimenta a economia local, considerando que muitos dos produtos são vendidos dentro da cidade. Os preços variam. Existem peças de quatro reais e existem peças que chegam a trezentos reais. A venda é feita individual, ou seja, por cada crocheteira, e através de negociação entre lojas e a Secretaria de Cultura, que é quem dirige o projeto Messias Targino Terra do Crochê. 

A contrapartida do Município é feita por meio de um convênio com a Moda Depedro, uma marca que vem proporcionando voos a empreendimentos do segmento da moda e quem abriu as portas para o projeto. “Nesse convênio, a Prefeitura paga um determinado valor à marca e ela compra a produção das crocheteiras de Messias”, destaca George Almeida, coordenador do projeto. Inclusive, através dessa parceria com a Depedro, peça produzida por crocheteiras messienses já foi destaque na revista Vogue Brasil. 

George ressalta que em breve será instalada a loja das crocheteiras, um espaço onde cada uma delas terá seu ponto de venda. Além da loja, a Secretaria de Cultura planeja a formação de turmas para realização para cursos que serão destinados a quem tiver interesse em aprender a crochetar, tendo em vista a procura de mulheres interessadas em entrar no segmento. 

Mizaele Jales afirma que é do crochê que vem a principal ajuda no orçamento. A alta demanda pelas peças tem estimulado as mulheres a produzirem. “É uma fonte que eu posso contar. Além da parte financeira, esse projeto trouxe a oportunidade de novos aprendizados e novos projetos para minha vida. E quanto mais a gente se dedicar mais a gente vai ter retorno, principalmente financeiro. Posso dizer que tem sido muito importante o projeto e a intermediação da coordenação nas vendas, para que nossos produtos sejam valorizados e reconhecidos em outros lugares. Hoje nós temos uma boa demanda”, destacou Mizaela.  

Na produção das peças algumas delas recorrem à internet para se atualizar das tendências de cores e modelos, mas o que importa mesmo é entregar o produto como o cliente quer. “O crochê me proporcionou a oportunidade de criar peças que nunca imaginei conseguir criar. Estimula a minha criatividade. Cada peça concluída, logo me vem a vontade de começar a produzir outra. Além disso, tem sido uma fonte que complementa o orçamento, conquistando minha independência financeira e autonomia, ajudando a realizar meus projetos. Sou apaixonada pela arte de crochetar e vejo a possibilidade de empreender através das linhas e agulhas”, disse a pedagoga e também crocheteira Gigriola Lima.

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Destaque Matracas Literárias

Ato do 8 de Março em Mossoró será na Praça do Pax às 16h30

Neste 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, mulheres em todo o país ocuparão as ruas com o mote “Pela Vida das Mulheres: Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome”. Em Mossoró, a principal atividade será na Praça do Pax, às 16h30, onde acontecerá o ato unificado, reunindo representações de diferentes movimentos sociais, sindicais e partidos políticos. 

“Esse ano de 2022 será decisivo pro Brasil. Com as eleições presidenciais chegando, nós mulheres, que sempre estivemos nas trincheiras, temos a chance de derrotar Bolsonaro, e com isso, dizermos não ao machismo, ao neoliberalismo, ao negacionismo, e de construirmos o país que queremos, que coloque a sustentabilidade da vida como prioridade”, destaca Pluvia Oliveira, da Marcha Mundial das Mulheres.  

Para ocupar as ruas, as mulheres se dividiram em dois blocos que sairão de pontos específicos e seguirão em passeata até a Praça do Pax para o grande ato. Um bloco sairá da praça do Shopping Boulevard e outro que sairá do Centro Feminista 8 de Março, localizado na rua Desembargador Dionísio Filgueira, 519, Centro.

De acordo com Telma Gurgel, da Coletiva Motim Feminista, o 08 de Março vai ser um dia todo dedicado às mulheres nas ruas contra Bolsonaro. “Vamos ter às 6h a Alvorada Feminista e à tarde um ato com todas as organizações feministas. Durante o ato teremos o artivismo, que é o conjunto de atividades artísticas de várias expressões. Além de ter, mais uma vez, a presença das mulheres em defesa da sua vida, contra Bolsonaro e pelo fim do feminicídio. É importante a presença de todos e todas que apoiam e, principalmente, das mulheres”, disse.  

Michela Calaça, do Movimento de Mulheres Camponesas, afirma que é fundamental que as mulheres ocupem as ruas no dia 08 de março: “na Via Campesina haverá uma jornada de luta das mulheres que vai do dia 07 à 14 de março com ações de solidariedade, com lutas de rua e também espaços de formação política, mas no dia 08 é todas nas ruas. Em um ano tão importante, as mulheres darão seu recado de que vão derrubar Bolsonaro. Iremos pautar isso durante o ano todo, e agora em março vamos dar uma amostra da nossa força”.

 Os movimentos que estão à frente do ato fazem um chamado a todas para se juntarem aos blocos e somar na luta pela vida das mulheres, contra o machismo, o racismo, o feminicídio, as desigualdades, o aumento do gás, do preço dos alimentos, da fome, do desemprego e toda essa crise econômica que só se agravou no governo Bolsonaro e que tem afetado de forma mais violenta a classe trabalhadora.  

Fazem parte do processo de articulação o Movimento de Mulheres Camponesas, várias organizações da via campesina, a Marcha Mundial de Mulheres (MMM), a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), a Liga Brasileira de Lésbicas, secretarias de mulheres dos vários partidos de esquerda, a União Brasileira de Mulheres e demais organizações de nível local e nacional como o Núcleo de Estudos da Uern (NEM), Associação dos Professores da Ufersa (Adufersa), a Coletiva Motim Feminista, entre outras.

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Destaque Política

90 anos da conquista do voto feminino, mas ainda somos sub-representadas

No Brasil do século 21, as mulheres representam 52,87% do eleitorado. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), extraídos do cadastro nacional de eleitores, quase 78 milhões de brasileiras devem votar nas eleições de 2 de outubro de 2022. O direito ao voto feminino demorou a ser conquistado. Somente em 24 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral autorizou as mulheres brasileiras a votar. Essa conquista há exatos 90 anos, foi resultado das lutas feministas, encabeçada por um movimento que já defendia o voto feminino, há pelo menos quatro décadas antes.

Nessa época, o Rio Grande do Norte, aponta no cenário brasileiro e mundial, com dois importantes fatos históricos: o primeiro, diz respeito à Lei Estadual 660, de 25 de outubro de 1927, em que qualquer cidadão potiguar poderia votar ou ser votado, sem distinção de sexo, desde que reunisse as condições exigidas. Na ocasião, a professora Celina Guimaraes Viana, Mossoroense, solicitou o título eleitoral, passando a ser oficialmente a primeira eleitora brasileira e da América Latina, quatro anos antes do país permitir o sufrágio feminino. No mesmo ano eleitoral, em 1928, também no Rio Grande do Norte, Alzira Soriano, 32 anos, além de votar, disputou e venceu as eleições municipais, na cidade de Lajes, RN, com 60% dos votos válidos, contra o então candidato Sérvulo Pires, sendo a primeira prefeita brasileira eleita.

Mesmo se considerando a importância histórica dessas mulheres, ambas tiveram que enfrentar preconceitos e discriminações ao longo de suas trajetórias. Alzira Soriano foi bastante atacada em virtude do papel social destinado as mulheres, como esposa, mãe e dona de casa, durante a sua campanha e em seu mandato, até a sua renúncia, quando se posicionou contrária ao governo de Getúlio Vargas”, explica a professora, doutora em Sociologia e pesquisadora do Grupo de Estudos Feministas- GEF/UERN, Telma Gurgel.

Além de nomes como o de Celina Guimarães e Alzira Soriano, a professora Telma Gurgel, também relembra mulheres que contribuíram para a conquista do voto, “No RN tivemos Nízia Floresta que foi precursora no debate emancipacionista, por aqui e mesmo, não sendo contemporânea da luta sufragista, suas ideias e batalha pela educação e contra a escravidão deixaram sementes que germinaram no período seguinte. A professora Julia Barbosa também teve seu protagonismo pois foi a pessoa indicada por Juvenal Lamartine para manter contato com Bertha Lutz e Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher. Foi ela que articulou e organizou a visita de Berta ao RN em 1928”, afirma.

Mesmo sendo maioria entre os eleitores, as mulheres ainda não acompanham a tendência de crescimento em termos de representação política. Nem é preciso ir muito longe, basta olhar para as últimas eleições gerais, quando apenas a Governadora Fatima Bezerra, PT, também no Rio Grande do Norte, foi eleita governadora. Apenas em 2010, o Brasil elegeu a primeira e única, até então, mulher Presidenta, Dilma Rousseff (janeiro de 2011- 31 de agosto de 2016).

Essa desigualdade de acesso ao poder ou a representação política é o resultado imediato da estrutura patriarcal e machista ainda presente em nossa realidade. Enquanto as mulheres permanecerem sem a garantia efetiva de seus direitos e condição de emancipação, elas estarão mais afastadas da política”, afirma. Além disso, a professora ressalta o fato de que, a política também propicia certo medo às mulheres, pela forma violenta de como vem sendo organizada, “ basta lembrar os inúmeros casos de assédios, ameaças, e a violência de gênero no interior do parlamento, com destaque ao impeachment da presidente Dilma, e ainda, o que acontece com deputadas que hoje vivem sob proteção policial porque são ameaçadas pela condição de gênero, transsexualidade, negritude ou origem. A própria vereadora Mariele, sofreu um assassinato politico, por ser mulher, negra, de esquerda e de favela”, conclui.

Diante do cenário brasileiro, do retrocesso à diversidade e democracia, o direito ao voto é apenas o primeiro passo para a inclusão de mais mulheres num espaço ainda dominado pelos homens. As mulheres são maioria, porém ainda sub representadas. Com as eleições deste ano surge a expectativa de mais representatividade e atuação das mulheres nas urnas e parlamentos.

Para Telma Gurgel, o grande desafio da política neste século é romper com a lógica dominante do mercado, sobrepondo a humanidade. Segundo ela, enquanto continuarmos fechando os olhos para a desigualdade estrutural da sociedade, não conseguiremos fazer uma nova política, “Então, a política precisa retomar a sua radicalidade e não privilegiar o pragmatismo. É preciso esquerdizar novamente, colocar na pauta que não existe uma paz mundial ou no Brasil, enquanto permanecer a desigualdade”, enfatiza.

Votar e ser votada garante as mulheres representatividade, investimentos em políticas públicas voltadas para suas demandas, garante um espaço de voz num sistema que silencia mulheres e que a violência política de gênero é realidade na vida das que ousam ocupar os espaços de poder.

Linha do Tempo dos 90 anos do voto feminino no Brasil

Para celebrar os 90 anos de conquista do voto feminino a Rede de Desenvolvimento Humano (REDH), em parceria com o Laboratório de Direitos Humanos (LADIH) da UFRJ e apoio da Laudes Foundation, lançou nesta quinta-feira (24), a Linha do Tempo que remonta a luta das feministas para a conquista desse direito e os principais fatos em torno da luta por igualdade de gênero e raça nas 09 (nove) décadas seguintes. Conforme consta no site “as décadas estão divididas em três momentos do processo histórico de conquista do voto e da democracia neste país: de 1824 à 1932; 1932 à 1982, com o início do processo de democratização; e 1982 até hoje”.

Para conhecer a história e as mulheres que ecoaram suas vozes antes de nós é só acessar o www.votofemininonobras.com. Um trabalho que nos permite celebrar e conhecer o percurso da luta, trazendo nomes das mulheres, movimentos e fatos invisibilizados pela história.

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Cultura Destaque Editorias

Distopia ou realidade? O conto “Valsa de Fim de Tarde” da jornalista Taysa Nunes, empresta ritmo às lutas feministas.

É no sertão do Rio Grande do Norte, região localizada no nordeste do Brasil, onde a Valsa de Fim de Tarde acontece. Em um cenário distópico e opressivo, vive a cangaceira Celina, uma mulher nordestina, que foge dos padrões impostos pela sociedade. Celina é, por natureza, uma feminista engajada na luta por justiça e direitos iguais e, uma cidadã capaz de se opor ao atual governo. Logo, se você vive no Brasil, qualquer semelhança encontrada no conto escrito pela jornalista Taysa Nunes, não será mera coincidência. Em tempos assustadores e violentos, em que pessoas são espancadas até a morte, por cobrarem seus direitos, como é o caso de Moïse, o congolês assassinado no Rio de Janeiro, fica explicita a guerra na qual estamos lutando por sobrevivência.

Segundo a autora, “enquanto as classes mais altas se banham em riquezas, os pobres morrem de fome e são punidos com sentenças severas e físicas. “Valsa de Fim de Tarde” é um retorno à adolescência da personagem e de como ela foi violentada pelo sistema. Quando está à beira da morte, é salva por Dandara, líder de uma comunidade de novos cangaceiros.” No conto, todos os personagens carregam nomes ligados a personalidades do Nordeste, e as mulheres são figuras principais, corajosas e empáticas umas com as outras. O enredo foi cuidadosamente articulado pela escritora, por também se colocar no mundo sendo uma mulher feminista, e considerar o movimento um salto de vida. “O feminismo me abriu portas que eu nunca conseguiria ter aberto sozinha se meus olhos não tivessem começado a enxergar coisas que passei a questionar. Cada mulher tem a sua forma de pregar/expressar o feminismo. A minha é através do que eu falo, escrevo, visto, do meu cabelo e das minhas tatuagens.”

A história contada em Valsa de Fim de Tarde, historia com “H” mesmo, pois a ficção imita a realidade distópica do povo brasileiro, foi escrita um pouco antes da covid19, no entanto, a escritora já anunciava uma pandemia. O conto está disponível na internet, no site da Amazon, e recebe a ilustração do artista Joao Antunes, que transformou a narrativa em HQ. “João deu um rosto e alma aos meus personagens tão queridos. Ele foi livre para criar, do roteiro à arte e quanto ao tempo até a finalização.” O e-book de 24 páginas apresenta o texto com o conto original e sua sequencia, chamada “Amorial”, e ainda, presenteia o leitor com um making of. O título da ficção faz referência à música “Valsa de Fim de Tarde” do musicista potiguar Antônio Madureira, “A melodia tem acordes tristes que me tocam profundamente, mas acho que combinou com a história, porque o dia acaba, mas temos o nascer do sol pra continuarmos em frente”, afirma.

Para a jornalista Taysa Nunes, a distopia contra nós mulheres, sempre esteve presente, a começar pela violência contra nossos corpos e mentes. Até quando? O e-book propõe essa quebra de paradigmas, e foi plantado feito semente em terra árida do sertão, como planta resistente capaz de sobreviver em meio a pouca água. ”Eu quero que Celina quebre o sistema por nós e que ela possa ter mulheres e companheiros de cangaço que a ajudem nisso”. A obra nos coloca no olho das lutas presentes na atualidade, e traz um convite para reforçar as trincheiras de nosso tempo, com mais pessoas que sejam capazes de lutar por justiça e direitos iguais, “Celina é uma mulher forte, determinada, nunca abaixa a cabeça e luta pelo que acredita”. Que viva em cada uma de nós, um pouco de Celina, afinal, o futuro distópico e cyberpunk do conto, não seria o presente de agora?. A HQ pode ser adquirida pela Amazon no link: Valsa de Fim de Tarde eBook : Nunes, Taysa, Antunes Jr., João: Amazon.com.br: Livros Quem não tem o kindle para ler o e-Book, pode baixar o aplicativo Kindle para o celular e dançar no ritmo da leitura.

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“Bolsonaro Nunca Mais” será uma das pautas centrais das ações do 8 de março

Movimentos e organizações feministas, locais e nacionais, já começaram a articular as ações que serão desenvolvidas no mês de março, dentro da programação alusiva ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Os encontros, que já vêm acontecendo para discutir as atividades que serão executadas ao longo do mês, são uma continuação das ações que encerraram o calendário de luta de 2021. As pautas centrais já foram definidas e o “Fora Bolsonaro”, juntamente com tudo que decorre da política genocida de seu governo, continua nas principais pautas do manifesto que foi elaborado pelos grupos.

De acordo com Michela Calaça, do Movimento de Mulheres Camponesas, nacionalmente as organizações aprovaram como mote “Pela Vida das Mulheres – Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome”.

“Essa é alinha do nosso diálogo. Temos um manifesto que foi feito no dia 4 dezembro, em que a gente explana tudo que entendemos que a política genocida de Bolsonaro ataca na vida das mulheres. Seja a partir da degradação ambiental, que afeta as mulheres indígenas ou quilombolas em especial, mas atinge o planeta como um todo. A gente tá partindo desse acúmulo político coletivo. A gente parte do que a gente já vem construído unitariamente nos 8 de março há mais de cinco anos, mas de forma mais orgânica, a partir dessa articulação do Bolsonaro Nunca Mais”, disse.

As reuniões já estão acontecendo com várias organizações nacionais e locais, entre elas o Movimento de Mulheres Camponesas, várias organizações da via campesina, Marcha Mundial de Mulheres, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Liga Brasileira de Lésbicas, com as secretárias de mulheres dos vários partidos de esquerda, a União Brasileira de Mulheres e demais organizações de nível local e nacional como o Núcleo de Estudos da Uern (NEM), Associação dos Professores da Ufersa (Adufersa), o Andes, entre outros.

Segundo Michela, a ideia de construir um 8 de março de forma unitária já vem sendo praticada há alguns anos, sendo que no ano passado foi possível uma maior organicidade desse processo com a realização do #4D, o ato “Bolsonaro Nunca Mais” organizado pelas mulheres em todo país no dia 4/12. Ato que encerrou o calendário de luta de 2021 e já apontando para o início do calendário desse ano.

“A articulação continua. Já tivemos a terceira reunião nacional. A ideia é construir um mote e uma identidade comum, mas tendo os estados total liberdade de ampliar esse mote e fazer uma construção que tenha o máximo de diálogo com as realidades estaduais. Dando unidade à luta das mulheres no 8 de março”, explicou.

Em nível local, duas reuniões já foram feitas. Todas as discussões seguem essa linha do Fora Bolsonaro, ou seja, priorizando o mote Bolsonaro Nunca Mais.

“O oito de março está priorizando a pauta do Fora Bolsonaro porque queremos que ele caia. Sua política de morte faz muito mal à vida das mulheres, principalmente mulheres negras”, destaca.

Michela chama atenção para as consequências de um governo genocida que recaem com mais força na vida das mulheres e das mulheres negras, que são as que mais têm que lidar com a carestia, com a fome, quem mais perdeu emprego, quem tem sofrido mais violência com a ampliação do conservadorismo.

“É sobre o corpo de quem recai as violências do conservadorismo e tudo que o governo genocida propaga. O nosso mote vai ser nesse diálogo, pela vida das mulheres, denunciar o machismo, racismo e a carestia no preço dos alimentos”, frisa.

As ações são construídas de forma unitária, porem cada estado e cada localidade tem autonomia para construir sua programação de acordo com sua realidade. Michela afirma que em Mossoró já foram realizadas reuniões com organizações para entender como cada uma vem pensando ou sobre o que já tem definido individualmente. Cada uma tem jornada e pensa atividade diferente.

“As Mulheres Camponesas estão com uma jornada que vai de 7 a 12 de março e estamos também nessa linha da denúncia, em defesa da vida, fora genocida, Bolsonaro nunca mais. A gente entende que ele ataca todas as formas de vida, seja no negacionismo da pandemia, seja com a degradação do meio ambiente e ampliação do conservadorismo que tem impactado a vida das mulheres”, diz.