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Colunistas Destaque Rafaela Gurgel

Copa do Mundo e as diferenças

Começou mais uma Copa do Mundo, época que ficamos inebriados a uma imersão de valores, crenças, cultura e muito futebol. Nesta edição o país escolhido foi o Catar, pequeno, estratégico e riquíssimo em renda per capita. Também extremamente conservador e avesso a algumas crenças que para nós ocidentais é usual.

Apesar de restrições absurdas para atualidade, como intolerância a uniões homoafetivas, uso de bebidas alcoólicas e em alguns países proibida a presença de mulheres em estádios, outras situações nos surpreendem positivamente neste Mundial, como espaços reservados em três estádios para acomodar o público autista, com salas sensoriais, oportunizando acessibilidade. 

Tapetes coloridos, colchonetes sensoriais, projetores e luzes de led para recorrer quando se sentirem estressados são alguns recursos disponíveis nas salas. Por falar em efeito sensorial, estamos em meio a um período complicado quanto a soltura de fogos de artifício, festividades como a Copa e a proximidade dos festejos de fim de ano aumentam a proporção de seus efeitos. É importante ressaltar que há pouquíssimo tempo (em torno de 2 semanas), o prefeito de Mossoró sancionou a Lei Municipal nº 3.492/2022, que trata da proibição da soltura de fogos de artifício ruidosos. A fiscalização será feita pela Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito (SESDEM), juntamente com outras forças de segurança estaduais e federais.

As penalidades se darão por meio de multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), apreensão do material e obrigação por custear danos causados. Em caso de reincidência anterior aos 30 dias da primeira multa, será cobrada em dobro. A luta por uma lei dessa natureza vem de décadas, onde o maior público afetado (animais, autistas, idosos e gestantes) sofre grande dor pela sensibilidade auditiva. Crises sensoriais e de ansiedade podem, a partir de agora, ser evitadas e trazer alento e tranquilidade a essas pessoas e seus familiares.

Cabe a nós, enquanto sociedade, o poder fiscalizador. O Disk Denúncia é o número 153.

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Colunistas Destaque Natalia Santos

Pantera Negra e O Protagonismo Feminino Negro.

No mês da consciência negra, mais do que em qualquer outro mês do ano, as atenções se voltam para debater e agir contra o racismo e a desigualdade social. É justo que nesse mês o cinema nos presenteie com um filme que traz mulheres negras para um local de protagonismo.

Em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre havia um desafio em continuar com a história de Wakanda sem a presença do rei T’Challa, interpretado por Chadwick Boseman, que nos deixou em 2020. Essa ausência foi trabalhada da melhor maneira possível, trazendo as mulheres para papéis que seriam facilmente interpretados por homens: elas comandam exércitos, lutam, exercem influência e tomam decisões importantes.

Além de toda a exuberância visual do longa, o roteiro fica sempre à altura do Pantera Negra de 2018, conseguindo trazer a emoção para além das telas, com muitas cenas de suspense, ação e também alívios cômicos que funcionam sem parecer forçados.

Por fim, a escolha do filme por abrir caminho para um sucessor de T’Challa dá um sopro de ar para que a Marvel possa respirar, digerir a falta que Boseman faz e traçar novas histórias para serem contadas nos cinemas. Esperamos que as mulheres continuem fazendo parte delas.

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Ady Canário Colunistas Destaque

Consciência negra é ação afirmativa contra o racismo

Uma das conquistas do Movimento Negro, por meio da Lei 12.519/2011 instituindo o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”, o 20 de novembro é um momento propício para reforçar a luta contra o racismo estrutural. O racismo se dá nas estruturas sociais de poder e em variadas dimensões. Nesse sentido, precisamos assumir uma postura ética e política nesse processo.

Entender o funcionamento do racismo na sociedade é uma etapa importante na atual conjuntura. São diversos episódios assustadores da violência racista contra negros/as. Quem não lembra:

– O ataque ao humorista Eddy Júnior com ameaça à vida;

– O assassinato brutal do jovem congolês Moïse Kabamgabe;

– Seu Jorge sofre racismo durante um show num clube;

– Jovens negros sendo vítimas diariamente de racismo em escolas;

– 66% das mulheres assassinadas eram negras.

São números muito tristes. Sem contar que, atualmente, no Brasil, uma pessoa negra sofre três vezes mais risco de ser assassinada do que qualquer outra. Esse contexto mostra a situação do racismo no país. Muito embora o debate racial tenha avançado, inclusive com a ressignificação da data, infelizmente somos um país fortemente racista.

Essa questão tem provocado movimentos de conscientização sobre a importância de valorizarmos a luta contra o racismo, uma vez que é importante denunciarmos tal fenômeno enraizado na cultura. Trata-se de assumirmos a responsabilidade. Por isso, a consciência negra antirracista é ação afirmativa, sim. Isso implica tratar a questão racial também do ponto de vista da igualdade de oportunidades e justiça, especialmente para mulheres negras.

Precisamos, sim, construir uma consciência negra. Conhecer mais sobre a história positiva dos africanos e negros. Consciência negra é construir relações étnico-raciais. É se orgulhar pelo pertencimento negro. Necessitamos desse dia para vivenciarmos com quem temos muito a aprender. A levar a raça a sério. Uma consciência nas dimensões de classe, classe, gênero, sexualidade, pessoas com deficiência, dentre outras diversidades!

Portanto, um intenso desafio para a prática e sonhos. Consciência antirracista e inclusiva. Por isso, precisamos aprender sobre a nossa história. Consciência negra é ação afirmativa da negritude. E precisa fazer sentido para todas as pessoas. É uma luta que não cessa para a superação das desigualdades raciais.

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Colunistas Destaque Rafaela Gurgel

Autismo moderado a severo e o impacto familiar

Há um certo tempo falei acerca do autismo nível 1 de suporte e algumas particularidades. Agora vamos discorrer um pouco sobre os níveis 2 e 3 de suporte, mais conhecidos popularmente como autismo moderado e severo. De acordo com o último Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), de 2013, a classificação do nível 2 é de necessidade de um pouco mais de suporte em sua rotina; e o nível 3, o indivíduo necessita de apoio substancial.

A necessidade de implementação de uma maior rede de profissionais é interessante no sentido de tornar atividades cotidianas do indivíduo mais eficazes, porém existe uma real e dura conjuntura neste público em específico, pois quanto maior a intensidade de atendimentos, maiores são a carga emocional, financeira e até mesmo logística para os responsáveis. 

Comumente, em autistas de nível 1, temos um tríduo que sustenta bem a base de acompanhamentos terapêuticos, como o psicólogo, fonoaudiólogo e o terapeuta ocupacional. O fato é que diante um nível 3 de suporte essa equipe base é acrescida por um nutricionista, fisioterapeuta, gastropediatra, entre muitas outras especialidades.

Especificando brevemente o tratamento que cada profissional faz temos a Psicologia (que conduz baseado em TCC – Terapia Cognitivo Comportamental, ou ABA – Análise do Comportamento Aplicada, as mais utilizadas); Fonoaudiologia (algumas voltadas para área de linguagem ou apraxia de fala); Terapia Ocupacional (voltada para Integração Sensorial de Ayres). Os profissionais que entram no tratamento, como nutricionistas (tratam sérios problemas com alimentação seletiva, deficiência e vitaminas, etc.), fisioterapeutas (que visam ampliar a parte motora. Geralmente autistas têm coordenação motora ampla e fina comprometidas com fraco tônus muscular).

Todo esse descritivo de acompanhamentos leva a uma sobrecarga descomunal, por isso os pais que têm filhos nesses níveis têm mais propensão a estresse, depressão, ansiedade e até mesmo desenvolver histórico de doenças crônicas. Fora o impacto financeiro entre as famílias, que muitas vezes se desfazem de bens e despesas no orçamento para tentar suprir um tratamento digno a seus filhos.  Precisamos que essa realidade transcenda os tratamentos via particular e planos de saúde para abranger a um público que necessita do mínimo atendimento via SUS.

Treinar pais também é primordial para continuidade e eficácia pós terapias. Pais treinados fazem a diferença na condução do tratamento; e os autistas níveis 2 e 3 podem, sim, evoluir para o nível 1 do espectro.

Desistir não é opção!

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Colunistas Destaque Natalia Santos

Um Olhar Verdadeiro Sobre as Bruxas do Cinema.

Outubro é marcado pelo Dia das Bruxas e, muitas vezes, o conceito de Bruxa é, ainda hoje, usado de maneira pejorativa para se referir a mulheres que se rebelam contra padrões ditados pela sociedade patriarcal.

Na Idade Média muitas mulheres foram perseguidas, acusadas de feitiçaria e bruxaria, por possuírem domínio no uso de ervas medicinais para curar enfermidades¹. Somente por volta de 1750, com a ascensão do Iluminismo, o movimento de “caça às bruxas” teve um “fim”.²

Por isso, venho aqui hoje falar com irmãs, bruxas, mulheres sábias e conhecedoras da natureza, para apresentar três filmes que falam verdadeiramente e de maneira disruptiva sobre a essência das Bruxas, pois só o conhecimento é capaz de libertar a mente humana dos preconceitos.

A Bruxa (2015)

Um filme de Robert Eggers, cuja história se passa em uma fazenda no século 17, quando uma histeria religiosa toma conta de uma família que acusa a filha mais velha pelo desaparecimento do seu irmão ainda bebê. A meu ver, aqui a mensagem principal é centrada em expor o fanatismo religioso que levou muitas mulheres a serem acusadas e mortas por serem consideradas bruxas.

The Love Witch (2016)

Escrito e dirigido pela cineasta Anna Biller, The Love Witch é uma comédia de terror e conta a história de Elaine Parks, uma bruxa moderna que usa feitiços e magia para fazer os homens se apaixonarem por ela com resultados desastrosos. Anna usa a narrativa envolvente para abordar conceitos como misoginia, os conceitos sobre o amor e libertação feminina.

As Bruxas de Eastwick (1978)

Um clássico do cinema com nomes consagrados como Susan Sarandon, Cher, Michelle Pfeiffer e Jack Nicholson. Nessa comédia, três mulheres entediadas que vivem na pacata cidade de Eastwick, na Nova Inglaterra, estão sempre imaginando o homem ideal, até que conhecem o misterioso ricaço Daryl Van Horne. Uma história que fala, acima de tudo, sobre como as mulheres não devem temer ser quem são e que não precisam seguir o papel a elas imposto pela sociedade.

 

Notas

1. https://brasilescola.uol.com.br/historia/bruxas.htm

2. https://catarinas.info/a-caca-as-bruxas-uma-interpretacao-feminista/

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Aryanne Queiroz Colunistas Destaque

O (S/s)er mulher

“Eu sou lúcida na minha loucura”.

(Cláudia Letti)

 

Finalizamos o mês de setembro, o qual se denominou de “Setembro Amarelo”, para discutir as questões de saúde mental e promoção da vida. Venho conversar sobre como a nossa imagem de “mulher louca” tem sido moldada e reescrita. Provavelmente o movimento Feminista é o “culpado” por essa tentativa de ressignificação, durante todas as suas “ondas”, lutando para lapidar esse conceito tão múltiplo que é o conceito de “Mulher”.

Pelo olhar do Patriarcado, fomos taxadas como um ser incognoscível para muitos, fonte de mistério e de loucura para a maioria deles. Ou seja, sempre definidas, de algum modo, como um problema a ser resolvido (ou extirpado). Se a mulher é tida como louca, fica mais fácil de impor a cultura masculinista racional; se é histérica, vamos de “dar lições” com um “pau” (porque é assim que eles acham que resolvem todos os seus problemas, vide o atual presidente do Brasil como exemplo, com o seu discurso insano, se autodeclarando “imbrochável” e puxando um coro para tentar acreditar naquilo que dizia – porque ele é daqueles que acredita que uma mentira dita várias vezes pode se tornar verdade).

O Feminismo contesta esse lugar imposto a nós, mulheres (independentemente de cor de pele, classe social ou origem étnica), de pessoas insanas e desajustadas. Geralmente, quando se fala em Setembro Amarelo, se fala do “louco” (no masculino), pois a maioria das pessoas que cometem suicídio são do gênero masculino. Sabemos que o índice é altíssimo entre esse grupo, há estudos sérios comprovando esse fato, não há dúvidas. No entanto, o que quero discutir aqui é a imagem que ainda se impõe sobre as mulheres que contestam o seu lugar de fala, expõem o seu cansaço físico e, principalmente, mental e não são tão reparadas como os homens. Na realidade, estamos todos/as/és cansados/as/es dessa estrutura patriarcal que nos adoece como um todo e muitas vezes nos fazem desistir da nossa própria vida.

A saúde mental é pauta urgente, há a necessidade de perceber o principal vetor (mas, não o único) de tanto adoecimento psíquico, principalmente das mulheres: a opressão do patriarcado, direcionado a toda e qualquer mulher que não se encaixa nos padrões e se depara com tantas regras inalcançáveis, como o estereótipo de “mulher nova, bonita e carinhosa”, no qual a mulher deve se referenciar a todo instante para alcançar a perfeição desejada pelos homens, para  fazê-los “gemer, sem sentir dor”. Desta forma, o mito da beleza é imposto de formas sutis e escancaradas, exigindo que não devemos envelhecer, ser feia ou insensível (pra não dizer louca). E eu pergunto: como não enlouquecer diante de tantas cobranças? Como escapar de algo que nos é cobrado em todos os lugares, por todas as pessoas, a todo instante? Como ter sanidade mental se não há a proposta de cura dessa doença social chamada patriarcado, tão hostil e opressora? 

Clarice Lispector disse que “a loucura é vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente”. Precisamos pensar em conjunto sobre isso, porque o “Ser Mulher” é um modelo que nos faz sermos mulheres, todos os dias, em uma histeria contínua e desenfreada. Nos faz sermos loucas, com lucidez. E parafraseando a frase de Clarice, temos que engolir a loucura, senão ela nos engole…

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Ady Canário Colunistas Destaque

Cotas raciais e política

O tema das cotas raciais na política vem à tona na agenda atual. Isso porque assistimos ao aumento de candidaturas negras. Algo importante e representativo para nós. Por mais políticas de promoção da igualdade racial, especialmente para as mulheres negras nesses espaços.

No entanto, em meio a essa situação, presenciamos a circulação de discursos e práticas, por parte de candidaturas brancas, ocupando posições que não são suas. Por algum motivo, utilizam de ações afirmativas para a manutenção de seus privilégios brancos em razão de sua ancestralidade.

Queremos reafirmar a luta e as conquistas do Movimento Negro brasileiro para a garantia das ações afirmativas aos que realmente necessitam de inclusão social. Pela liberdade e contra o racismo. Cotas é reparação histórica.

Compreender as questões acerca do que vem a ser negro é de suma importância numa sociedade extremamente racista. Afinal, quem são os reais beneficiários das cotas raciais? Obviamente que estamos nos referindo que elas foram criadas para  reparação à população negra.

Esses quesitos produzem sentidos, não tão simples, conforme critérios do IBGE no tocante a considerar negros, a soma dos pretos e pardos. Portanto, ser pardo é ser negro. Trabalhamos com a perspectiva do Estatuto da Igualdade Racial, tidos como negros, os pretos e pardos!

Agora, se assumir pardo e, na realidade social, não ser pertencente à comunidade negra ou ser tratado como tal, como afirma a jornalista Etiene Martins (2022) em sua rede social:

“…ser negro não se resume a autodeclaração não. Na nossa sociedade, ser pardo não tem nada a ver com ter vó, tio ou pessoa preta ou indígena na família e sim ser reconhecido e tratado como negro e negra socialmente”.

Nesse sentido, é uma questão de consciência ou de afroconveniência? Na atualidade, vermos pessoas brancas candidatas se autodeclarando negras. Usarem de má fé, como refletem os antropólogos Gilson Rodrigues e Thullo Siqueira, na live “Tá na moda ser prete? uma conversa sobre afroconveniência”(2020). Ou seja, essas pessoas findam prestando uma informação falsa.

Seria isso uma afroconveniência?

É muito difícil lidar com esse processo. Até por que muitas delas, quando questionadas, sabemos que ignoram totalmente. Algo inaceitável no alto de seus privilégios de brancura. Quem é branco, assuma sua branquitude. Ocupe seu lugar. Autodeclarar-se pardo, não o faz  pessoa negra.

É inaceitável  se utilizar de ação afirmativa para obtenção de determinados benefícios. Precisamos urgentemente de comissões de verificações, também no âmbito eleitoral. Precisamos fazer valer e fortalecer as ações afirmativas como um todo, bem como a ação política militante.

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Colunistas Destaque Heloísa Souza

O pioneirismo potiguar na participação política feminina e a atual violência política de gênero que enfrentam as candidatas mulheres nas eleições 2022.

Antes de iniciar o texto propriamente dito, cumpre-se esclarecer o que é “violência política de gênero”

A violência política de gênero pode ser caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso, ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato. Essa violência é considerada uma das causas da sub-representação das mulheres no Parlamento e nos espaços de poder e decisão e prejudica a democracia no país.” Fonte: site da câmara dos deputados/secretaria da mulher.

É fato que, por muitos anos, as mulheres foram completamente excluídas da participação política em nosso país. Um mecanismo do patriarcado para manter as mulheres em uma situação de domínio, tendo em vista que a política é a principal porta para conquistas de direitos. O Estado do Rio Grande do Norte é pioneiro na participação da mulher na política. É potiguar a primeira mulher a votar no Brasil: a professora Celina Guimarães, em 1928, aqui mesmo na cidade de Mossoró. Além disso, temos a primeira prefeita eleita pelo voto popular: Luiza Alzira Teixeira Soriano, em 1929. Mantendo esse protagonismo, hoje somos o único estado da federação a ter uma governadora mulher.

Mesmo com tanto protagonismo histórico, mesmo estando mais do que comprovada a capacidade da mulher de ocupar os espaços de poder, gestão e liderança política, o machismo e a misoginia ainda reinam em plenários, por parte de homens que não aceitam que a velha forma de fazer política está completamente ultrapassada e é inaceitável. E sim, mesmo com toda a violência e as tentativas de intimidação, as mulheres seguem sendo resistência e ocupando os espaços que nos pertencem, mas que nos foram negados ao longo da história. Foi nesse contexto que vimos uma cena chocante de um vereador cometendo violência política de gênero contra duas candidatas aos cargos de deputada e a governadora, utilizando-se da misoginia e de estereótipos para endossar um discurso de ódio, diminuir e menosprezar o trabalho, as lutas e as pautas em defesa dos direitos das mulheres. É nesse contexto de tentativas de nos silenciarem, para impedir que estejamos representadas nas decisões do país e, principalmente, nas que versam sobre nossos direitos, nossos corpos e as mazelas sociais que nos atingem diariamente como o feminicídio, os autos índices de aborto clandestinos e os graves casos de violência doméstica, que precisamos eleger mais mulheres. Precisamos mostrar que somos a maioria, representando 52,83 % do eleitorado potiguar ( dados do TSE), dado este completamente contrastante com o fato de que na Assembleia Legislativa do RN temos 24 deputados (as) e destes, apenas 3, são mulheres. Na câmara Federal o RN elegemos 8 deputados e destes, apenas duas são mulheres na atual legislatura.

Está mais do que na hora de mudarmos esse cenário de sub-representação e elegermos mais mulheres para nos representar em todos os âmbitos. Como maioria do eleitorado, não aceitaremos políticos misóginos e que não endossam a luta pelo combate à violência contra mulher e a igualdade de gênero. E muito menos aqueles que além de não contribuírem com a causa, utilizam-se de violência política de gênero como um projeto de campanha.

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Colunistas Destaque Natalia Santos

Justiceiras: rivalidade feminina, sororidade e muita nostalgia.

O filme Justiceiras (Do Revenge) chegou há poucos dias na Netflix mas já conquistou inúmeros espectadores, seja pelo visual nostálgico e referências aos clássicos dos anos 90, seja por sua trama cheia de reviravoltas. Além de ser divertido e gostoso de assistir, acredito que o filme anseia por passar algumas mensagens, principalmente para os jovens que são público alvo da produção.

A diretora e roteirista Jennifer Kaytin Robinson já revelou em entrevista à Netflix que teve grande inspiração em filmes clássicos como As Patricinhas de Beverly Hills (1995), Meninas Malvadas (2004) e Segundas Intenções (1999), mas nem por isso seu longa deixa de ter uma mensagem e estilo que caminham com as próprias pernas.

Em Justiceiras, Drea (Camila Mendes) e Eleanor (Maya Hawke) são duas jovens completamente diferentes, mas que possuem em comum o desejo de vingança contra pessoas que as fizeram passar por grandes humilhações. Assim, as duas fazem um acordo em que cada uma é responsável pela vingança da outra.

Em meio a cenários coloridos, inúmeras referências e romances complicados, o filme nos fala muito sobre a rivalidade feminina (principalmente na época do colégio), amizade e sororidade, com uma mensagem que parece simples mas que é de extrema importância: a premissa de que tentar ser alguém que você não é apenas para se encaixar nunca é uma boa ideia.

Com um elenco escolhido a dedo e uma trama cheia de reviravoltas, esse é um dos filmes que eu indicaria para as minhas melhores amigas de olhos fechados. Ele é capaz de interessar tanto a Gen Z como Millennials por mesclar muito bem elementos das duas gerações. Espero que aproveitem!

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Colunistas Destaque Rafaela Gurgel

Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência

Hoje, 21 de setembro, é comemorado no Brasil o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, que veio a ser oficializada a partir da Lei nº 11.133/2005 com o objetivo de conscientizar sobre a importância de meios de inclusão das pessoas com deficiência em nossa sociedade. De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146/2015, “a pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual e sensorial”, sendo assim necessário quebra de barreiras, inclusive atitudinais, para que este público possa estar em condição de igualdade perante as demais pessoas. Esta data surgiu de maneira a garantir condições igualitárias e sem preconceitos.

As deficiências limitam a condição de vida do sujeito, então é de extrema importância o desenvolvimento de medidas inclusivas para sanar algumas dificuldades, como, por exemplo, a falta de acessibilidade até mesmo no sentido da sua própria comunicação e direito à informação.

A barreira da locomoção é, se não, o maior impedimento no sentido de ir e vir nos nossos espaços. Por exemplo, em Mossoró, é praticamente impossível se locomover com dignidade, principalmente em alguns espaços no centro da cidade e em calçadas, grande parte delas completamente desniveladas. O trânsito entre pedestres compete em meio a uma bagunça coletiva, calçadas estreitas, espaços tomados por quiosques e pessoas que simplesmente não dão espaço para o prosseguimento do fluxo.

É necessário rever também a ampliação de outros símbolos que remetam a outras deficiências, principalmente as “invisíveis”, ou seja, as não identificáveis a olho nu, que estão a nosso redor em todos os espaços. As imagens hoje evidenciadas são a cadeira de rodas e a fita quebra-cabeça do autismo. As diferenças são uma realidade presente e evidente hoje, estamos no Setembro Verde, mês da luta pela inclusão da pessoa com deficiência. O processo inclusivo vai muito além do que se vê. Faça sua parte!