O pioneirismo potiguar na participação política feminina e a atual violência política de gênero que enfrentam as candidatas mulheres nas eleições 2022.

Antes de iniciar o texto propriamente dito, cumpre-se esclarecer o que é “violência política de gênero”

A violência política de gênero pode ser caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso, ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato. Essa violência é considerada uma das causas da sub-representação das mulheres no Parlamento e nos espaços de poder e decisão e prejudica a democracia no país.” Fonte: site da câmara dos deputados/secretaria da mulher.

É fato que, por muitos anos, as mulheres foram completamente excluídas da participação política em nosso país. Um mecanismo do patriarcado para manter as mulheres em uma situação de domínio, tendo em vista que a política é a principal porta para conquistas de direitos. O Estado do Rio Grande do Norte é pioneiro na participação da mulher na política. É potiguar a primeira mulher a votar no Brasil: a professora Celina Guimarães, em 1928, aqui mesmo na cidade de Mossoró. Além disso, temos a primeira prefeita eleita pelo voto popular: Luiza Alzira Teixeira Soriano, em 1929. Mantendo esse protagonismo, hoje somos o único estado da federação a ter uma governadora mulher.

Mesmo com tanto protagonismo histórico, mesmo estando mais do que comprovada a capacidade da mulher de ocupar os espaços de poder, gestão e liderança política, o machismo e a misoginia ainda reinam em plenários, por parte de homens que não aceitam que a velha forma de fazer política está completamente ultrapassada e é inaceitável. E sim, mesmo com toda a violência e as tentativas de intimidação, as mulheres seguem sendo resistência e ocupando os espaços que nos pertencem, mas que nos foram negados ao longo da história. Foi nesse contexto que vimos uma cena chocante de um vereador cometendo violência política de gênero contra duas candidatas aos cargos de deputada e a governadora, utilizando-se da misoginia e de estereótipos para endossar um discurso de ódio, diminuir e menosprezar o trabalho, as lutas e as pautas em defesa dos direitos das mulheres. É nesse contexto de tentativas de nos silenciarem, para impedir que estejamos representadas nas decisões do país e, principalmente, nas que versam sobre nossos direitos, nossos corpos e as mazelas sociais que nos atingem diariamente como o feminicídio, os autos índices de aborto clandestinos e os graves casos de violência doméstica, que precisamos eleger mais mulheres. Precisamos mostrar que somos a maioria, representando 52,83 % do eleitorado potiguar ( dados do TSE), dado este completamente contrastante com o fato de que na Assembleia Legislativa do RN temos 24 deputados (as) e destes, apenas 3, são mulheres. Na câmara Federal o RN elegemos 8 deputados e destes, apenas duas são mulheres na atual legislatura.

Está mais do que na hora de mudarmos esse cenário de sub-representação e elegermos mais mulheres para nos representar em todos os âmbitos. Como maioria do eleitorado, não aceitaremos políticos misóginos e que não endossam a luta pelo combate à violência contra mulher e a igualdade de gênero. E muito menos aqueles que além de não contribuírem com a causa, utilizam-se de violência política de gênero como um projeto de campanha.

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