Dia: 4 de novembro de 2021
A estudante de biomedicina, Ekarinny Myrela de Medeiros, 21 anos, mostra que ciência é coisa de menina. Uma inspiração para outras jovens cientistas, ela se prepara para, nesta sexta-feira (5), participar do VI Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Ciências (CONAPESC) como palestrante. “Eu vou participar do Webinário 02 que acontecerá no primeiro dia do Conapesc com o tema: Jovens na ciência: o futuro é hoje”, explica.
As desigualdades de gênero na ciência brasileira ainda são evidentes. Embora sejam perceptíveis as transformações em relação à posição das mulheres na ciência, com avanços significativos no que diz respeito à inserção e à participação das mulheres no campo científico, é evidente a necessidade de superar as desigualdades.
Graduanda de biomedicina pela FACENE-RN, Ekarinny desenvolve projetos na Iniciação Científica Júnior desde 2016 na Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Ela conta que entre 2016 e 2019 participou de diversas feiras de ciências nacionais e internacionais, sendo contemplada com o quarto lugar em medicina translacional na Intel ISEF no ano de 2019. Além disso, possui experiência na produção de polímeros biodegradáveis, atualmente com atividade antimicrobiana frente a patógenos humanos e é voluntária do programa Ciência para Todos.
“Desenvolvi três projetos científicos, a Embacaju: embalagem biodegradável produzida a partir do reaproveitamento da folha do caju (Anacardium occidentale); Cashew Bottle: garrafa biodegradável produzida a partir do reaproveitamento de resíduos do cajueiro (Anacardium occidentale L.) e o Desenvolvimento de cateter bioativo, proveniente do aproveitamento do líquido da castanha do caju (Anacardium Occidentale) como alternativa na prevenção de infecção sistêmica”, detalha.
Os desafios enfrentados pela geração de jovens cientistas no Brasil são muitos. Em tempos de retrocessos e da falta de investimentos voltados para ciência e tecnologia, não tem sido fácil para os jovens que optam por essa carreira. Para além dessas dificuldades, quando falamos de mulheres nestes espaços, ampliamos esses desafios. O preconceito e os estereótipos ainda acompanham a trajetória das mulheres no campo científico, lugar que culturalmente é visto como sendo dos homens.
“Acredito que estou apenas no começo da minha vida acadêmica e como uma jovem cientista e mulher ainda terei que enfrentar muitos desafios, não somente por falta de recursos financeiros, mas também lutar por respeito na academia. Minha história com a ciência começou desde 2016, quando ainda estava no ensino médio. Descobri que poderia ser uma cientista, mesmo estudando em uma escola pública, sem laboratório e que poderia mudar o mundo com uma boa ideia. Foi com esse querer mudar o mundo que consegui participar da maior feira de ciências do mundo e de diversos eventos científicos nacionais e internacionais”, destaca.
Sobre ser cientista no Brasil, Ekarinny considera que “a principal dificuldade que eu posso destacar é a de existir enquanto cientista no Brasil. Os desmontes na ciência e na educação, que vêm se tornado frequente no nosso país nos últimos cinco anos, estão tornando a produção científica um desafio para além do processo laborioso que normalmente se é pesquisar. Entrei no ensino médio sonhando em me tornar uma cientista numa realidade que hoje praticamente não existe mais.
Conforme explicou, a falta de estrutura para os estudantes de todos os níveis da educação, a falta de investimento em produção científica e hoje, mais do que nunca, a descredibilização da Ciência são as principais dificuldades enfrentadas. “Não que essas dificuldades vão me parar de ser a cientista que venho trabalhando pra ser, as dificuldades não me impedem de construir os sonhos que eu tenho, mas crescer enquanto cientista, num momento como esse, talvez tivesse me impedido de sonhar. Talvez tivesse me privado de existir enquanto cientista”.
Texto de Nathalia Rebouças
Parece uma série sobre publicidade nos anos 50 e 60. Apesar do tema ocupar de forma primorosa o pano de fundo dessa série, não é esse o foco principal de Mad Men. É uma história sobre pessoas. E como cada uma delas reage às transformações políticas e sociais, dessas duas décadas tão significativas para a história mundial.
Mad Men utiliza a publicidade para falar da história de Don Draper. O diretor de criação de uma agência publicitária. Admirado, invejado, criativo, cheio de conflitos. É um personagem contraditório, forte, fraco, impetuoso, resiliente. Com defeitos e qualidades que o aproximam de perfis comuns, que fazem parte da nossa rotina.
Mas o protagonismo da série é dividido com outra personagem marcante. Peggy Olson é a típica menina tímida que chega na agência para ser secretária, única função ocupada por mulheres naquela época. Aos poucos ela vai sendo descoberta. Em uma sessão de prova para um cliente ela faz um comentário que chama a atenção. Don te dá a grande chance: se tornar redatora da agência.
Em uma frase marcante, um dos clientes diz:” – uma mulher redigindo?! É como ver um cachorro tocando piano”
Peggy cresce. Ocupa o seu espaço. E vivencia diversas transformações na agência.
Na verdade, há quem diga que ela é a grande protagonista da história. Feminista nata. Sem precisar se dizer feminista. Uma mulher altiva, autônoma, corajosa e cheia de si. “Eu não preciso que um homem diga o que é melhor pra mim.”
Peggy vive a ascensão da mulher, a conquista dos direitos civis, a discussão sobre liberdade sexual e política. Um furacão de mudanças naquele momento, todas retratados na série.
A publicidade aparece em peças famosas. Slogans que até hoje não saem da cabeça da população.
Nesse processo, briga com Don, vira chefe dele e se reconcilia, ao som de Frank Sinatra, com o clássico “My Way”, a cena mais linda que já pude presenciar em se tratando de produção para as telas.
Mad Men aborda o feminismo, o machismo, o American Way of Life, os conflitos humanos, o existencialismo, a homossexualidade. Tudo isso em uma perspectiva que parece que você está assistindo uma série sobre publicidade. Ou que está assistindo uma ode ao machismo. Retratar a opressão masculina é apenas óbvio diante daquele contexto social e histórico. É a melhor série sobre pessoas e transformações que existe. Ou sobre as nossas contradições. Uma verdadeira obra-prima. A melhor de todos os tempos.