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Colunistas Destaque Natalia Santos

Não Foi Minha Culpa: série brasileira aborda violência contra as mulheres de forma verossímil.

Nova série brasileira original Star+ conta 10 histórias de diferentes mulheres que possuem algo em comum: são vítimas de feminicídio e violência de gênero. “Não Foi Minha Culpa” é dirigida por Susanna Lira, com roteiro assinado por Juliana Rosenthal e Michelle Ferreira e possui um formato antológico1, tendo como plano de fundo o Carnaval Brasileiro.

O drama não é nada fácil de assistir, principalmente por apresentar inúmeros gatilhos para quem já sofreu esse tipo de violência, mas com certeza é uma produção relevante e se destaca por sua verossimilhança com situações que sabemos acontecer todos os dias.

A roteirista Juliana Rosenthal afirma que a série se trata de um “projeto internacional, com versões colombianas e mexicanas”. As histórias são baseadas em fatos e foram construídas em conjunto por meio de conversas entre elenco e produção.2 A ambientação durante o carnaval é proposital, por ser um evento em que diferentes classes se encontram e, infelizmente, muitas vezes a violência contra as mulheres é maquiada.

Com um elenco extremamente competente, histórias bem amarradas e muita reflexão, “Não Foi Minha Culpa” se apresenta como obrigatória tanto para nós, mulheres, como para os homens. Tanto o elenco como a produção acreditam que esse belíssimo trabalho pode servir como um meio de empoderar as mulheres e tocar na consciência dos homens.

1 O formato de série antológico é caracterizado por ter episódios sem continuidade e conexão narrativa, pois cada um traz uma história diferente, tendo como elo apenas o tema da história.

2 CARVALHO; FARIA. Elenco de série sobre feminicídio faz acompanhamento psicológico durante gravações. CNN Brasil, disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/elenco-de-serie-sobre-feminicidio-faz-acompanhamento-psicologico-durante-gravacoes/.

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Cultura Destaque

Dia do Estudante: comemorar ou protestar?

Dia 11 de agosto, uma data emblemática para milhares de estudantes brasileiros, pois hoje é dia de celebrar a vida, o esforço e a dedicação de crianças, jovens e adultos que buscam o conhecimento por meio dos estudos.
Entretanto, neste dia de hoje, não só os estudantes brasileiros precisam fazer uma reflexão, mas toda a sociedade, afinal, o que os estudantes têm a comemorar?
Será a Emenda Constitucional aprovada em 2016 no governo do Presidente Michel Temer que congelou o investimento em Educação por vinte anos?
Serão os constantes cortes nas verbas que deveriam ser destinadas à Educação desde 2019 quando milhares de estudantes de escolas públicas, dos Institutos Federais e Universitários foram às ruas protestar pelo fato das instituições não terem condições de pagar gastos básicos como o consumo de energia ou manter a limpeza das instituições?
Será o abandono sofrido por milhares de estudantes no período da pandemia, especialmente os mais vulneráveis, que ficaram esquecidos por não terem acesso à internet e equipamentos tecnológicos que os amparassem no momento em que o distanciamento social era vital?
Serão os desvios de verbas do Ministério da Educação com a compra de kits de robóticas e a compra de ônibus escolares superfaturados para beneficiar aliados do governo e lobistas?
Serão os casos de corrupção envolvendo o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro e os seus comparsas pastores ao pedirem propina para ceder verbas do MEC para determinadas prefeituras que se dispusessem a aceitar os moldes da falcatrua?
Será a falta de uma política de educação que vise investir nas estruturas escolares sucateadas, bem como na qualidade de educação oferecida aos estudantes das capitais aos rincões deste país?
Pelo visto, aos estudantes brasileiros não há o que se comemorar já que a Educação é considerada a inimiga principal do maior representante da nação, o presidente. Nesse sentido, só resta aos estudantes, neste dia emblemático, tomar as ruas do país e protestar em prol da democracia, pois sem democracia não há Educação, não há perspectiva para a realização dos sonhos dos nossos estudantes.
Monteiro Lobato disse que: “Um país se faz com homens e livros”. Eu acrescento que um país se faz com homens, livros e investimento. Um país que não investe na Educação do seu povo, é um país fadado à pobreza, à miséria, ao fracasso e ao insucesso.
Jovens estudantes e sociedade brasileira, a quem interessa a ignorância de uma nação?
Lutemos estudantes, professores e familiares por dias melhores em que a educação romperá de vez com os grilhões da ignorância.
Paula Regina da Silva Duarte é professora mestre em Letras; professora da rede estadual de ensino e diretora da juventude do SINTE/Regional.