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Coordenadoria Estadual da Mulher estuda implantação de uma Sala Lilás em Mossoró

Mossoró deverá contar com mais um equipamento para atender as mulheres em situação de violência. A instalação da Sala Lilás, espaço de acolhimento a vítima de violência doméstica, já vem sendo discutida e a perspectiva é de que seja implantada em junho.  

Segundo informações do site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), a coordenadora da CE-Mulher do TJRN, a juíza Fátima Soares, já esteve em Mossoró para falar sobre o assunto. O encontro aconteceu em abril com o titular do Juizado da Violência Doméstica de Mossoró, o juiz Renato Magalhães. 

Em matéria publicada no site consta que a inauguração do espaço deverá integrar a programação de celebração dos 130 Anos do TJ potiguar. “É importante que a população saiba que o nosso Tribunal está atento à questão de proporcionar um atendimento digno às vítimas da violência doméstica e familiar”, aponta a magistrada.

Na conversa com o colega magistrado, também entrou em pauta a instalação e funcionamento da nova equipe multidisciplinar da Coordenadoria da Mulher, na região Oeste do Rio Grande do Norte, cujas ações são coordenadas pelo magistrado Renato Magalhães.

Atualmente, o Poder Judiciário potiguar conta com duas Salas Lilás, uma no Anexo da Ribeira (antigo Grande Hotel) e a outra, no Centro Judiciário Varella Barca, na Zona Norte de Natal. “Estamos interiorizando nosso projeto, por isso a próxima será aberta em Mossoró”, salienta Fátima Soares. “Essa sala será um instrumento de enorme utilidade para essa parte mais sensível da população (vítimas de violência doméstica e familiar), que precisará mais do que nunca de uma recepção profissional e atenciosa”, ressalta.

As “Salas Lilás” são idealizadas para oferecer conforto e segurança as mulheres. “Trata-se de um local equipado para realização de exames periciais da equipe multidisciplinar composta por psicólogas, assistentes sociais, pedagogas e policiais femininas da Patrulha Maria da Penha”, pontua. 

As salas atuam com a parceira da Patrulha Maria da Penha, tanto na esfera estadual como na municipal.

 

Fonte (www.tjrn.jus.br)

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Colunistas Destaque Rafaela Gurgel

Dia de conscientizar

No artigo anterior falei um pouco da importância do dia de hoje, o 2 de abril é uma data celebrada mundialmente. Apesar de nos dias atuais o autismo ser um transtorno já conhecido da grande parte da população, muitos ainda não têm dimensão da proporção que ele causa. Em pesquisa recente nos EUA, estima-se que exista 1 autista para cada 44 nascimentos. É uma dimensão assustadora e devastadora se imaginarmos que esse número tende sempre a cair.

A nível de Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão responsável pelo censo que a cada década levanta dados essenciais para políticas governamentais. O último levantamento, em 2010, estimava uma população de 45 milhões de pessoas com deficiência e uma subnotificação (sem dados precisos) de 2 milhões de brasileiros com TEA. A grande novidade para a pesquisa deste ano, que já está em vigor, é de uma pergunta significativa sobre pessoas no espectro, dados de muita importância para que sejam elaboradas políticas públicas vislumbrando melhorias em áreas como saúde, educação e assistência social.

Desde que a data da conscientização foi criada é destinada uma série de programações e manifestações ligadas à causa autista. Relevada a importância, assim como o Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul, esta cor predomina roupas, cartazes e luzes misturada a um quebra-cabeças envolto a muitas dúvidas, mas a um só tom: o do AMOR.

Entendo que ainda muitas pessoas não consigam compreender a complexidade no TEA e é exatamente sobre isso que precisamos falar, expressar, conscientizar mesmo! Como a tantos exemplos que vejo e vivencio, muitas vezes nos surpreendemos e enquanto o meu filho e os demais autistas não conseguirem se expressar como devem, serei agente de voz. Não hesitarei. Há aproximadamente duas semanas levamos Gabriel (nosso filho mais velho, que é TEA) para reforço da vacina do Covid, enquanto eu e minha filha mais nova Marina esperávamos do lado de fora. Antes de entrar ele já ficou triste e não entendeu o porquê de a irmãzinha não entrar para segurar a mão dele, como da primeira vez. Meu marido o acompanhou e da porta já percebi a hostilidade de uma das colaboradoras no ponto de vacinação. Lá dentro, a aplicadora percebeu algo diferente nele por alguns rituais que ele apresentava; o pai segurava no colo dando previsibilidade do que ia acontecer (fator importantíssimo para não surgimento de crises). “- Pai, ele é especial?”, ela questionou. Diante da resposta positiva, teve toda paciência e cuidado. A deficiência, mesmo “invisível”, sem marcador característico, foi percebido por aquela mulher que, com sensibilidade, acolheu o medo do meu menininho ao ver a agulha. Nesse momento ele gritou e quis ir embora. A outra mulher, que estava à porta, gritou mais alto e disse: “- Menino, pare de gritar!”. Na mesma hora, o impulso do meu marido foi retrucar: “- Ele é autista!”. Ela ficou sem reação e apenas se afastou, sem dizer absolutamente nada.

Mesmo sem querer externar daquela forma também (meu esposo devolveu o grito), naquele momento foi a maneira que ele conseguir falar, conscientizar, informar… e continuaremos fazendo e falando nisso. Serão ainda muitos 2 de abril pela frente. O autismo tem sua dualidade natural, como em tudo na vida, mas se você me perguntar o que ele me trouxe de bom, sem dúvida alguma, foi a minha capacidade de enxergar pequenas coisas com muito valor, amizades verdadeiras, a controlar a paciência, amor incondicional em sua totalidade e o fator mais significante: a resiliência emocional e cotidiana, tive que me refazer diante de muitos cenários. O lado ruim é bem semelhante os percalços da vida: preconceito, muitos medos e incertezas.  

 Se o lugar de autista é em todo lugar, como rege a campanha deste ano, o que estamos fazendo enquanto sociedade para incluí-los de verdade? As últimas semanas assistimos incrédulos a uma série de absurdos que nos doeu profundamente; o primeiro foi o caso de uma bióloga que gravou um vídeo explicando o motivo por não usar máscara em um shopping, se intitulando autista e debochando da situação. Será indiciada e responderá por três crimes. O outro caso beira à desumanidade, era um vídeo de um adolescente autista em crise no saguão de um aeroporto. O motivo era a demora da comissária com a documentação, fato que a mãe já havia alertado que não houvesse atrasos dada a condição dele. A situação foi tão grave que ele se autolesionou, caiu ao chão e quebrou alguns dentes. 

Todo esse preâmbulo nos serviu para retomarmos o tema da campanha deste ano, que é “Lugar de autista é em todo lugar”, sim, e…

– Praticando esportes em locais públicos;

– Se divertindo no parque;

– Fazendo amigos na praça;

– Indo a festas de aniversário;

– Viajando;

– Assistindo ao seu time no estádio;

– Na natação;

– Frequentando a escola regular;

– No palco se apresentando;

Na fase adulta (precisamos falar mais sobre isso):

– Namorando;

– Casando

– Tendo filhos. Sim! É possível!