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Colunistas Destaque Natalia Santos

Você precisa assistir: A vida sexual das universitárias.

A Vida Sexual das Universitárias (The Sex Lives of College Girls) é uma série “dramédia” que estreou esse ano na HBO Max e conquistou 97% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes*. A trama alcançou não só o reconhecimento da crítica especializada, mas também cativou grande parte de seu público. 

Na série, quatro garotas completamente diferentes se tornam colegas de quarto na universidade e passam a compartilhar suas experiências pessoais, desenvolvendo uma grande amizade e um senso de sororidade umas com as outras que é lindo de acompanhar.

Logo nos primeiros episódios é possível identificar pontos importantes da trama, mas que são abordados de maneira bem natural, graças ao seu roteiro excelente. Diversidade, descobertas sexuais, preconceito e assédio são alguns dos vários pontos que a série levanta. Além disso, o elenco é extremamente carismático e a produção assinada por Mindy Kaling (The Office) garante um tom de comédia cirurgicamente necessário.

Os diálogos divertidos e situações excêntricas deixam a história bem mais cativante e atrativa, sem deixar de lado, contudo, pautas importantes no que se refere a todos os pontos que já citei anteriormente.

Com certeza foi uma das grandes surpresas de 2021 e é uma série que eu gostaria de indicar para todo mundo que tiver a oportunidade de assistir. Divertida mas pé no chão, A Vida Sexual das Universitárias já foi renovada para a sua segunda temporada e conta atualmente com 10 episódios que duram em média 30 minutos.

*Site americano agregador de críticas de cinema e televisão.

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Colunistas Destaque Fernanda Valéria

Leituras da vida: feliz 2022, sobreviventes!!!

Caminhamos para 2022 como soldados que retornam de uma guerra. Aterrorizados pela destruição, gratos por estar vivos e sem entender muito bem como agir no futuro. Embora não tenhamos travado uma luta bélica, envolvendo as forças armadas, vivemos, nos dois últimos anos, os sentimentos de quem é arremessado num campo de batalhas. Dias e dias com medo da morte, sem saber quem seria a próxima vítima da Covid-19 e com a possibilidade de sermos também abatidos por ela.

Bateu muitas vezes o desespero diante de tantas imagens de caixões, famílias chorando a perda de uma, duas, três ou mais pessoas queridas. Sem mesmo ter o tempo da despedida, massacramos o luto, o adeus foi chorado em poucos minutos, dali da calçada ao ver passar um dos seus entes no ataúde lacrado e até ensacado.

A demora na chegada da vacina, a descrença nela e a aplicação lenta minava a esperança, enquanto o número de óbitos crescia. Entre janeiro e maio de 2021, tivemos mais mortes que o ano de 2020 inteiro e não parou: já ultrapassamos as 619 mil e quase todos os dias perdemos guerreiros. Apesar de se pensar em recomeço no Brasil, pais, filhos, mães, avós, tios, amigos de alguém não terão essa chance. Voltaram as confraternizações e, em muitos lares, um lugar ou até mais à mesa está vazio.

Além dessa doença devastadora, fomos também acometidos pela fome, mais de 19 milhões de brasileiros fazem uma refeição por dia, os dados são da Rede Pessan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), no inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da Pandemia de Covid no Brasil, realizada em dezembro de 2020. “Do total de 211,7 milhões de brasileiros(as), 116,8 milhões conviviam com algum grau de insegurança alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos suficientes e 19 milhões de brasileiros (as) enfrentavam a fome”, diz o relatório.

A situação não mudou muito, após um ano, ainda continuamos com 12,1% de taxa de desemprego no país, segundo o IBGE, e tendo que lidar com uma inflação estimada pelo Banco Central em 10%. Situação que onera os preços da cesta básica, aluguel, gás, água e luz, itens essenciais de sobrevivência.

Um campo de batalha resiliente agora também devastado por água. A Bahia, maior estado da região Nordeste está embaixo d’água e tem mais de 400 mil pessoas afetadas com as enchentes e 21 mortos, cidades inteiras foram atingidas pela destruição que pode parecer natural, mas que sabemos é resultado da destruição da natureza pela mão e consciência humana.

Não bastasse o estado de tragédia constante, não temos um líder, temos um figurante a presidente ocupando a cadeira de quem poderia ter agido como o cargo exige. Na contramão do que se espera, suas ações, todas, foram fortalecedoras do caos que nos assola.

Caro leitor, não fique chateado com o pesar destas poucas linhas, não sei por qual das citadas acima, foi você atingido, mas se está aqui lendo é porque é um sobrevivente e como não temos outra escolha a não ser nos agarrar à esperança, Feliz 2022.

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Colunistas Destaque Yáscara Samara

Precisamos falar sobre isso: a Filosofia de Epicuro e a saúde mental, uma preocupação atemporal

A saúde mental é uma preocupação só contemporânea? Vos afirmo que não! Há milênios os filósofos vêm procurando uma vida feliz, uma busca incessante pela felicidade em meio a guerras, epidemias, pandemias e estruturas políticas em que desfavorecem a maioria da população; partindo deste contexto, que não é muito divergente dos nossos dias atuais, venho expor a filosofia de Epicuro e como devemos entendê–la de maneira a viver sem perturbações e desta forma melhorar a saúde mental.

Não busco escrever para doutores e especialistas na área, e sim, ao senso comum, às pessoas leigas, numa linguagem simples. Assim como busquei na minha graduação em Filosofia (UERN, 2015), com um tema baseado em Epicuro, com  o título A Filosofia de Epicuro como medicina da Alma, partindo da premissa que podemos, sim, viver feliz apesar das dores físicas e da alma, usando minha própria experiência de vida de forma resiliente em detrimento da minha deficiência física devido a artrite reumática ( doença auto imune que provoca dores lancinantes).

Fazendo um breve caminho histórico da vida do nosso filósofo: Epicuro (341 – 269 a.C) nasceu em Samos, na Grécia antiga, fundador do Epicurismo, que é uma filosofia pautada na vida simples, que prega a simplicidade do ser. Sua filosofia era propagada através de cartas aos amigos que propunha a busca da felicidade, ou seja, a saúde mental, onde esta só poderia ser alcançada a partir dos prazeres essenciais e necessidades para a vida.

Dessa maneira, Epicuro relatou em uma carta exposta por Diógenes Laércio, escritor que trouxe à tona o escrito,  a Carta a Meneceu,  cap, X, no livro Obras e Doutrinas dos Filósofos Ilustres. Nessa epístola Epicuro propôs princípios necessários a uma vida feliz, são eles: evitar as dores, procurar os prazeres moderados, atingir a sabedoria e a felicidade, o cultivo das amizades, a satisfação aos prazeres essenciais e necessários, como comer, beber e se relacionar; não temer a morte e nem aos deuses. Se distanciar da vida pública de ostentações, prestígio social, política, objetivando chegar a ATARAXIA – imperturbabilidade da alma, ou seja, o estado mental de conservação espiritual sem perturbações ao ser atingido pelas ações da vida do indivíduo.    

Primeiro, quero expor o que eu aprendi com a filosofia desse filósofo, como ele  me ajudou na busca do meu autoconhecimento e da felicidade, apesar das dores e perturbações. No meu estudo mais aprofundado sobre ele, descobri que sofria de dores físicas intensas devido a cálculos renais, que na época eram tratadas apenas com banhos  quentes, chás, e por incrível que parecesse, com coisas que nos dão prazer, como estar entre amigos conversando, rindo, comendo e filosofando. Desta forma a dor seria suspensa e traria alívio para dores tanto físicas quanto da alma, mas claro, tudo com a justa medida da moderação. Parafraseando Epicuro, um bom vinho e queijo é um dos melhores prazeres. 

Epicuro além de propagar suas cartas à felicidade, também escrevia junto aos seus discípulos nos muros da cidade frases de efeito com contexto da simplicidade da vida, e não aos excessos e bens materiais. Quem passasse lia e poderia refletir sobre suas vidas pregressas. Nosso filósofo escolheu viver em um lugar mais afastado da cidade onde não pudesse refletir o caos da era de Alexandre o grande, comprou um terreno e fez um jardim onde eram aceitos todos, que hoje podemos chamar “todos” e “todes”, sem restrições, algo muito surreal para as demais escolas filosóficas da época, que apresentavam muitas restrições em relação aos escravizados, mulheres, crianças, prostitutas etc. Este jardim ficou conhecido como O JARDIM DE EPICURO.

Ai te pergunto: como tudo isso fez melhorar minha saúde mental? Simples, percebendo que não precisamos ter, ser tudo na vida e, sim, prestar atenção na simplicidade do que é viver apesar das dores físicas e da alma, porque não há dor nem alegria que seja eterna. Vivemos de momentos felizes e não devemos nos preocupar com o que não temos controle, que devemos mudar, fazendo o que nos proporciona o bem estar físico e mental. Eu procurei na dança, na escrita de poesias, observar o belo da natureza. Pintar, desenhar, ou seja,  me reinventar sempre que algo fugir das situações previstas. Descobrir também que podemos amenizar a ansiedade, a depressão e os transtornos de comportamento, simplesmente pelo fato de se conhecer e se  reinventar.

Nesse contexto, como falei no início deste artigo, os problemas vividos pelo nosso filósofo não se distanciam tanto do que estamos vivendo hoje, especialmente em virtude da Pandemia da Covid-19, e no confinamento de quase 2 anos. As doenças mentais, como ansiedade, depressão e síndrome de pânico, vêm assolando a população, resultando em muitos suicídios e descontrole emocional, muito relacionado, também, a codependência das redes sociais, em ser aceito ou cancelado. O mundo voltou os olhos às redes sociais e suas implicâncias catastróficas na mente de muitos, onde quase tudo hoje é virtual, inclusive os “amigos”. Se tem um milhão de “amigos” e nenhum conversa com você, isso é uma solidão sem precedentes, dilacerando a saúde mental.

Em 2019 adentrei numa formação em psicanálise clínica, e me deparei com dados alarmantes em déficit de investimento em saúde mental, declarados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para 2020 e 2021. A escuta clínica, focada na associação livre de Freud, poderia ajudar muitas pessoas antes que surjam transtornos mais graves. O que se vê são Capsis superlotados sem uma escuta profissional, somente focada nos psicotrópicos para amenizar os efeitos de tudo que se sente de ruim, anestesiando as pessoas. Tive relatos de uma paciente que tomava seis tipos de remédios diferentes  pois queria viver dopada para não sentir o vazio dentro de si. 

Os dados da OPAS (Organização Pan – Americana da Saúde) revelam uma falha mundial no fornecimento dos serviços de saúde mental de que precisam a população em momentos pandêmicos, onde se há necessidade crescente de apoio à saúde mental. Na última edição a OPAS mostra dados de 171 países, demonstrando uma indicação clara de que a atenção dada à saúde mental nos últimos anos ainda não resultou em aumento de demanda de profissionais e serviços de qualidade na área.

Diante disso, no Brasil, percebemos que o debate sobre prevenção da saúde mental ganha um pouco de espaço, sendo considerado um desafio, pois os dados são escassos  para uma análise precisa e ainda não há preocupação governamental para o assunto.  Situação semelhante ao que se vê nos dados mundiais. Mas reforço que em comum a ambos os distúrbios de humor, o mais comum é a depressão, e que está na nossa porta, pois apesar do SUS ter integrado muitas terapias integrativas, ainda não se dispõe em atividades nos postinhos de saúde, somente encaminhamentos para psicólogos para avaliação e encaminhamentos para os Capsis. Caso seja muito grave o caso psíquico, os pacientes de condição social mais privilegiada tendem a recorrer às instituições particulares.

O objetivo desses esclarecimentos, acerca da filosofia e da saúde mental, é projetar à sociedade que podemos ter uma saúde mental independente de tratamentos caros, com mudanças de postura diante das intempéries da vida, uma vida pautada em autoconhecimento e que é acessível  a todos e todes. A filosofia de Epicuro mudou minha vida, assim como a Psicanálise, através da SBPRN (Sociedade Brasileira de Psicanalise do Rio Grande do Norte), na qual planejamos a “Clínica Popular”, com preços acessíveis à população e Terapia na Praça para os moradores de rua.

A Psicanálise é um curso livre, oferecido por associações de psicanalises no país e ainda não é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e nem pelo SUAS (Sistema Único de Assistência Social), pelo menos não em Mossoró. 

É importante destacar também que muitas terapias integrativas estão disponíveis para quem não se identifica a buscar seu próprio conhecimento através da mudança de uma filosofia de vida, de uma terapia clínica psicológica e psicanalítica. É preciso se mexer e ser resiliente, nesse sentido a internet pode contribuir bastante, pois como falei, as terapias estão aí. Busque, ajude-se, entre essas terapias têm o reiki, acupuntura, constelação familiar, arteterapia, meditação e muitas outras. O que não pode é se acomodar, pois como diziam os filósofos antigos “MENS SANA IN CORPORE SANO” ( Mente sã em corpo são – poeta romano, Juvenal).