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Ler Angela Davis, letramento racial e representatividade

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Neste 26 de janeiro, Angela Davis completou 80 anos. Ler a professora, filósofa, ativista pelos direitos civis e pensadora crítica contemporânea nos fortalece. Livros de extrema relevância e que nos posiciona no conhecimento da trajetória de luta antirracista, abolicionista e revolucionária de uma pesquisadora negra. Um exemplo de importante intelectual.
 Nascida em Birmingham, Alabama, Estados Unidos ela foi vítima do racismo no período segregacionista da Ku Klux Klan, vale conhecer a sua história. Entretanto, prosseguiu nos estudos, na luta política e feminista.
Angela Davis, uma excelente referência para compreendermos as práticas discursivas de letramento racial. Essas, que entrelaçam variadas análises de estruturas racistas, sociais e patriarcais. Seus escritos nos ajudam na atualidade e na realidade brasileira. Sobremodo contra o preconceito e discriminação social/racial e pelos direitos das mulheres negras.
Em sua vasta produção intelectual, a pensadora nos instiga e inspira! Ler, por exemplo, “Mulher, Raça e Classe”, um dos primeiros livros de Davis que tivemos acesso. De escrita tocante, no Brasil, por meio da tradução de Heci Regina Candiani. Sem dúvidas, trouxe imensa contribuição para o letramento racial.
Por meio dessa obra, podemos adentrar sobre a escravidão, o imperialismo e as opressões raciais. Em especial o sofrimento e as lutas de mulheres negras. Nesse período, o corpo da mulher negra era visto pelos patrões como propriedade, eles usavam de açoites quanto de abusos sexuais. Algo que nos atravessa em tempos atuais. Toda a obra nos leva a estabelecer relações com o Brasil.
A autora mostra a necessidade de considerar raça, classe e gênero nas práticas sociais, que nos constituem, e sem hierarquizar as opressões. Além de modos de sobrevivência e resistência numa perspectiva histórica.
Conforme a escritora, “classe informa a raça. Mas raça, também informa classe. E gênero informa classe”. Também temos reflexões sobre população negra, encarceramento, racismo, sexismo, direitos reprodutivos, dentre outros temas.
Ler Angela Davis é potente. Uma escrita densa e poderosa. O conteúdo é muito forte. Com narrativas de mulheres negras a partir de vivências e trajetórias. Impossível não se emocionar durante a leitura com relação aos conflitos e depoimentos. Vamos lendo e nos movendo. Uma perspectiva de luta por inclusão e emancipação.
Ler a autora Angela Davis é sempre atual! É ler uma escrita de autoria feminina negra. É reconhecer e valorizar o papel da representatividade na luta pela igualdade em todo o mundo.
Viva Davis e todas que vieram antes de nós! Sigamos na luta, constantemente!