Mad Men: uma obra-prima que mostra as revoluções individuais e coletivas nos anos 50/60

Texto de Nathalia Rebouças

Parece uma série sobre publicidade nos anos 50 e 60. Apesar do tema ocupar de forma primorosa o pano de fundo dessa série, não é esse o foco principal de Mad Men. É uma história sobre pessoas. E como cada uma delas reage às transformações políticas e sociais, dessas duas décadas tão significativas para a história mundial.

Mad Men utiliza a publicidade para falar da história de Don Draper. O diretor de criação de uma agência publicitária. Admirado, invejado, criativo, cheio de conflitos. É um personagem contraditório, forte, fraco, impetuoso, resiliente. Com defeitos e qualidades que o aproximam de perfis comuns, que fazem parte da nossa rotina.

Mas o protagonismo da série é dividido com outra personagem marcante. Peggy Olson é a típica menina tímida que chega na agência para ser secretária, única função ocupada por mulheres naquela época. Aos poucos ela vai sendo descoberta. Em uma sessão de prova para um cliente ela faz um comentário que chama a atenção. Don te dá a grande chance: se tornar redatora da agência.

Em uma frase marcante, um dos clientes diz:” – uma mulher redigindo?! É como ver um cachorro tocando piano”

Peggy cresce. Ocupa o seu espaço. E vivencia diversas transformações na agência.
Na verdade, há quem diga que ela é a grande protagonista da história. Feminista nata. Sem precisar se dizer feminista. Uma mulher altiva, autônoma, corajosa e cheia de si. “Eu não preciso que um homem diga o que é melhor pra mim.”

Peggy vive a ascensão da mulher, a conquista dos direitos civis, a discussão sobre liberdade sexual e política. Um furacão de mudanças naquele momento, todas retratados na série.

A publicidade aparece em peças famosas. Slogans que até hoje não saem da cabeça da população.

Nesse processo, briga com Don, vira chefe dele e se reconcilia, ao som de Frank Sinatra, com o clássico “My Way”, a cena mais linda que já pude presenciar em se tratando de produção para as telas.

Mad Men aborda o feminismo, o machismo, o American Way of Life, os conflitos humanos, o existencialismo, a homossexualidade. Tudo isso em uma perspectiva que parece que você está assistindo uma série sobre publicidade. Ou que está assistindo uma ode ao machismo. Retratar a opressão masculina é apenas óbvio diante daquele contexto social e histórico. É a melhor série sobre pessoas e transformações que existe. Ou sobre as nossas contradições. Uma verdadeira obra-prima. A melhor de todos os tempos.

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