Categorias
Aryanne Queiroz Colunistas Destaque

O Poder Criativo Feminino

“Sermos nós mesmas faz com que
acabemos excluídas pelos outros.
No entanto, fazer o que os outros
querem nos exila de nós mesmas.”
(Clarissa Pinkola Estés)

A vida criativa de uma mulher é tolhida de diversos modos, tornando-a poluída, sem brilho, disfuncional. Seguir buscando novos caminhos diante do exílio de si é uma tarefa árdua, principalmente quando a própria psiquê está congelada, esgotada por tantos limites impostos: seja nas relações amorosas, onde o/a companheiro/a não nutre o amor
conforme ele merece; seja nas relações de trabalho, onde o ambiente não supre as capacidades criativas e normatizam todas as ações com uma burocracia infindável; seja em seu próprio lar, onde a rotina não dá brechas para que o novo surja, mesmo que aconteça no cozinhar ou no arrumar os móveis; seja nas ditas “amizades”, onde atualmente os laços só acontecem por interesse e exploração entre as pessoas.

Muitas mulheres se adaptam muito fácil ao que é imposto e perdem as forças e as armas internas para lutarem contra o patriarcado e as demarcações de gênero. A força criadora que cada uma possui é eivada e transformada em cinzas diante de tantas delimitações, principalmente advindas dos homens, que as incidem através de “regras de etiquetas”, as proibindo de externar as suas criações e os seus modos de ser no mundo. Sendo assim, a maioria não busca realmente ajuda, se apega a poucas migalhas e não acende a luz onipotente que há em seus espíritos; vive de ilusões dentro de cavernas interiores, exiladas dentro delas mesmas, como bem disse Clarissa Pinkola.

Sermos nós mesmas nos faz correr um sério risco de ocorrer um ostracismo na sociedade, nos estigmatizando por sermos “as loucas” que burlam os inúmeros padrões impostos, principalmente no que tange às nossas sexualidades. Uma mulher livre, que goza, que sente prazer na vida, que cria, que gera produtos e serviços diferenciados e que faz o que o patriarcado não quer será sempre taxada como uma “no sense”, uma infratora dos bons costumes, uma mulher “masculinizada”.

Como Pablo Picasso bem disse: “O maior inimigo da criatividade é o bom senso”. Eu diria diferente: o maior inimigo da criatividade é o patriarcado, pois oprime a feminilidade nos mais diversos aspectos e deseja engessar a natureza selvagem de cada mulher. Que possamos renascer de nossas próprias cinzas e sermos fênix, voando por cima de todas as fronteiras impostas ao nosso território chamado corpo. Que possamos ser o que quisermos ser, independente de orientação sexual, idade, raça, credo ou origem. Que possamos, todas, florir, produzir e dar conta de nossa própria essência criadora e sensível.