Era papel que eu catava
Para custear o meu viver
E no lixo eu encontrava livros para ler
Quantas coisas eu quiz fazer
Fui tolhida pelo preconceito
Se eu extinguir quero renascer
Num país que predomina o preto
Adeus! Adeus, eu vou morrer!
E deixo esses versos ao meu país
Se é que temos o direito de renascer
Quero um lugar, onde o preto é feliz.”
“Carolina Maria de Jesus, em Antologia pessoal. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996”
- A taxa de desemprego geral ficou em 9,3% no segundo trimestre de 2022. Entre as mulheres negras, o indicador ficou em 13,9%. Já entre os homens negros a taxa é menor que taxa nacional: 8,7%. Já entre as mulheres brancas, o desemprego constatado foi de 8,9%; e os homens brancos, 6,1%, a menor taxa entre os grupos.
- Sobre o rendimento, enquanto o homem branco recebeu em média R$ 3.708 e a mulher branca R$ 2.774, a trabalhadora negra ganhou, em média, R$ 1.715, e o homem negro, R$ 2.142. A mulher negra recebeu 46,3% do rendimento recebido pelo homem branco. Para o homem negro, essa proporção foi de 58,8%.
- E segue mostrando, acerca de trabalho desprotegido, entre os ocupados em trabalho desprotegido, entre a população negra o índice era de 47,1%, mas entre as mulheres negras chegava a 47,5%, e entre os homens negros, a 46,9%.
- Também revela, que em cargos de direção e gerência, mais uma vez, as mulheres negras têm o menor índice de ocupação nessas funções: 2,1%. Os homens negros têm 2,3%. Entre as mulheres brancas, o índice chega a 4,7%, e entre os homens brancos, a 5,6%.
- Dado em destaque: as mulheres negras têm maior participação em serviços domésticos: no comércio e em educação, saúde humana e serviços sociais, contudo, frisamos, em atividades domésticas. Vejam bem: no caso dos serviços domésticos, a proporção (16,4%) é quase o dobro em relação à participação das mulheres brancas (8,8%). Já no segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, as mulheres brancas têm maior participação (14,3%) em comparação às negras (9%).
Portanto, não há como fugir dessa luta constante. Diante desse contexto, reafirmamos que as mulheres negras têm o direito à reparação, sim, pois ainda somos as mais prejudicadas no mercado de trabalho dado o racismo. Esse é o desafio para mais conquistas.
Para conseguirmos a eliminação de desigualdades raciais e de gênero em todas as suas transversalidades torna-se mais que necessário uma política pública na articulação entre as mulheres negras, entidades, coletivos e instituições. Que possamos fazer valer a vida e os direitos de todas as mulheres negras. Reparação é possível e necessária!