Na próxima terça-feira (16/11) a professora Dra. Márcia Campos Eurico receberá o prêmio Benedicto Galvão, da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo (OAB-SP), que chega a sua décima edição.
Márcia é professora, mestre e doutora em Serviço Social pela PUC-SP e pós doutoranda pela PUC-RJ, no programa de Direito. Além de pesquisadora em Racismo Social na Infância e autora do livro “Racismo Social na Infância”, publicado pela Editora Cortez, ela vem produzindo há mais de 15 anos bibliografias sobre as relações étnicos-raciais e o racismo.
Segundo a organização da premiação a “condecoração foi instituída pela Comissão de Igualdade Racial no ano de 2012, sob a chancela do Conselho Secional, homenageando o primeiro presidente negro da Entidade (1940-1941) e enaltecendo o trabalho daqueles que, como ele, perseveram na luta em favor da equidade e da cidadania, seja com ações afirmativas, seja com políticas públicas ou privadas de inclusão social, e pela manutenção das liberdades, restaurações e preservação dos valores democráticos”.
Neste sentido, Márcia Eurico, mulher preta e periférica, entrou na universidade tardiamente, já tinha dois filhos e dividia o tempo entre os estudos e as demais jornadas tão conhecidas pelas mulheres negras, a partir do destaque que obteve. Já na graduação iniciou a docência e atualmente é professora efetiva na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Campus da Baixada Santista.
O prêmio Benedicto Galvão dá destaque à brilhante obra o Racismo na Infância, de Márcia. Se não bastasse sua vasta produção, a professora participa ativamente das instituições destinadas a pesquisa e estudos relativos à infância/adolescência e à luta antirracista. Sua atuação junto aos movimentos sociais é destaque em sua trajetória. Além disso, seu afeto e forma de ensinar a torna uma verdadeira educadora.
Em sua conta no Instagram (@marciaeurico) ela externa a alegria pela premiação e sua importância. “Muitas são as vozes que ecoam nesse momento e somadas a minha, traduzem em forma de palavras, a alegria desse encontro. Gostaria de compartilhar com vocês e convidar-lhes para acompanhar virtualmente, a cerimônia de premiação do X Prêmio Benedicto Galvão dá OAB. Serei premiada pelo ativismo e pela minha produção intelectuais antirracista, com destaque para o livro “Racismo na Infância”. Dedico esse prêmio a todas as mulheres negras que vieram antes de mim e aquelas com as quais compartilho a jornada hoje”.
Em 2018 a PUC-SP ficou ocupada pelos alunos (as/es) por quase uma semana, no movimento intitulado #MarciaFica! As alunas (os/es) reivindicavam a permanência da professora no Curso de Graduação em Serviço Social, ao denunciar como o racismo institucional está impregnado nas universidades. O movimento trazia à tona a dura realidade e que o Curso de Serviço Social nunca
teve em seu corpo docente uma professora (o/e) efetiva (o/e) negra (o/e) em seus mais de 70 anos de existência. Márcia Ficou, não como professora efetiva da universidade em questão, mas na história da luta contra o racismo e provando a tão famosa afirmação que quando uma mulher negra se movimenta ela movimenta o mundo (Ângela Davis). O prêmio é considerado um reconhecimento que se estende também à uma das maiores escritoras do Brasil, Carolina Maria de Jesus (in memoriam).