Movimentos e organizações feministas, locais e nacionais, já começaram a articular as ações que serão desenvolvidas no mês de março, dentro da programação alusiva ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Os encontros, que já vêm acontecendo para discutir as atividades que serão executadas ao longo do mês, são uma continuação das ações que encerraram o calendário de luta de 2021. As pautas centrais já foram definidas e o “Fora Bolsonaro”, juntamente com tudo que decorre da política genocida de seu governo, continua nas principais pautas do manifesto que foi elaborado pelos grupos.
De acordo com Michela Calaça, do Movimento de Mulheres Camponesas, nacionalmente as organizações aprovaram como mote “Pela Vida das Mulheres – Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome”.
“Essa é alinha do nosso diálogo. Temos um manifesto que foi feito no dia 4 dezembro, em que a gente explana tudo que entendemos que a política genocida de Bolsonaro ataca na vida das mulheres. Seja a partir da degradação ambiental, que afeta as mulheres indígenas ou quilombolas em especial, mas atinge o planeta como um todo. A gente tá partindo desse acúmulo político coletivo. A gente parte do que a gente já vem construído unitariamente nos 8 de março há mais de cinco anos, mas de forma mais orgânica, a partir dessa articulação do Bolsonaro Nunca Mais”, disse.
As reuniões já estão acontecendo com várias organizações nacionais e locais, entre elas o Movimento de Mulheres Camponesas, várias organizações da via campesina, Marcha Mundial de Mulheres, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Liga Brasileira de Lésbicas, com as secretárias de mulheres dos vários partidos de esquerda, a União Brasileira de Mulheres e demais organizações de nível local e nacional como o Núcleo de Estudos da Uern (NEM), Associação dos Professores da Ufersa (Adufersa), o Andes, entre outros.
Segundo Michela, a ideia de construir um 8 de março de forma unitária já vem sendo praticada há alguns anos, sendo que no ano passado foi possível uma maior organicidade desse processo com a realização do #4D, o ato “Bolsonaro Nunca Mais” organizado pelas mulheres em todo país no dia 4/12. Ato que encerrou o calendário de luta de 2021 e já apontando para o início do calendário desse ano.
“A articulação continua. Já tivemos a terceira reunião nacional. A ideia é construir um mote e uma identidade comum, mas tendo os estados total liberdade de ampliar esse mote e fazer uma construção que tenha o máximo de diálogo com as realidades estaduais. Dando unidade à luta das mulheres no 8 de março”, explicou.
Em nível local, duas reuniões já foram feitas. Todas as discussões seguem essa linha do Fora Bolsonaro, ou seja, priorizando o mote Bolsonaro Nunca Mais.
“O oito de março está priorizando a pauta do Fora Bolsonaro porque queremos que ele caia. Sua política de morte faz muito mal à vida das mulheres, principalmente mulheres negras”, destaca.
Michela chama atenção para as consequências de um governo genocida que recaem com mais força na vida das mulheres e das mulheres negras, que são as que mais têm que lidar com a carestia, com a fome, quem mais perdeu emprego, quem tem sofrido mais violência com a ampliação do conservadorismo.
“É sobre o corpo de quem recai as violências do conservadorismo e tudo que o governo genocida propaga. O nosso mote vai ser nesse diálogo, pela vida das mulheres, denunciar o machismo, racismo e a carestia no preço dos alimentos”, frisa.
As ações são construídas de forma unitária, porem cada estado e cada localidade tem autonomia para construir sua programação de acordo com sua realidade. Michela afirma que em Mossoró já foram realizadas reuniões com organizações para entender como cada uma vem pensando ou sobre o que já tem definido individualmente. Cada uma tem jornada e pensa atividade diferente.
“As Mulheres Camponesas estão com uma jornada que vai de 7 a 12 de março e estamos também nessa linha da denúncia, em defesa da vida, fora genocida, Bolsonaro nunca mais. A gente entende que ele ataca todas as formas de vida, seja no negacionismo da pandemia, seja com a degradação do meio ambiente e ampliação do conservadorismo que tem impactado a vida das mulheres”, diz.