A 365 dias dos meus 40 (espero estar bem viva nessa data), tenho pensado sobre as Ilusões que a gente carrega durante tanto tempo. Estou entendendo que depois dos 35, esses ideais, visões de mundo, medos e desejos passam a ser pesadamente arrastados. Fica mais difícil seguir com eles. E cada vez mais tentador arremessá-los de um penhasco.
A ilusão da mulher perfeita é uma delas. Por mais perfeita que você seja; bem na sua intimidade, entre cremes e seringas de ácido, você sabe que não é. E custa caro parecer.
O mesmo pode-se dizer da postura profissional, social, da casa perfeita, e da aliança que dobra de largura no aniversário de casamento (tão lindo!). Mas é que até esses gramas a mais parecem pesar no dedo de muita gente.
É que, na real, quatro décadas são o suficiente para uma vida de obediência social, não é mesmo?
A gente chega aqui com uma vontade louca de “só ser”. Mesmo que seja em coletivo, mas que essas regras sejam cada vez mais honestas e suaves. O padrão social tem tentado acompanhar a vida; mas está longe de conseguir. Seria muito mais empolgante se a autenticidade fosse aceita. Seria mais próspero. Seria uma festa!
Pois bem: que pelo menos até os 40 a gente consiga SER e DEIXAR SER. Que as preocupações sejam pagas a partir do essencial, e que a gente comece a DESPRECISAR.
Desprecisar das explicações e do sucesso por status; desprecisar da competição. Desprecisar das metas como validação do seu valor. Se a gente pensar direitinho, todo dia atingimos várias metas essenciais, como nos alimentarmos e continuarmos vivos.
É urgente voltar ao essencial. Ele está resistindo em cada parte da nossa vida, esperando para brilhar com ‘facilidade, alegria e glória’. Sem precisar de mais nada.
Que a caminhada seja leve; e tudo que você fizer seja por vontade genuína; que te traga prazer, por mais árduo que seja. É permitido. É divertido também.
Desprecise e sinta-se ótima!
Com amor,
Clarissa.
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*Para ouvir: Deus me proteja de mim – Chico César.