O Seridó é uma região conhecida pelos bordados e é na cidade de Timbaúba dos Batistas que moram as principais bordadeiras do Rio Grande do Norte, as mulheres que são responsáveis por transformar o bordado em verdadeiras obras de arte.
A arte de bordar atravessa gerações. A maioria das bordadeiras aprenderam com seus familiares, muitas delas ainda na adolescência. Uma prova disso é a história da bordadeira e, atualmente coordenadora do artesanato no Município de Timbaúba, Jailma Araújo Gomes. Desde os 12 anos que ela empreende na arte de bordar, trabalho que já aprendeu com sua mãe. Hoje, com 41 anos, esse trabalho é a sua principal fonte de renda, mesmo tendo tentado outros tipos de trabalho ela sempre concentrou seu talento no bordado. “Já tivemos até 3 gerações de bordadeiras na mesma família, mas atualmente só temos duas gerações, mãe e filha em boa parte das residências”, confirma.
Segundo Jailma 80% da economia vem do bordado, e nos últimos cadastros foram registrados aproximadamente 800 bordadeiras mulheres, desse número, a maioria é de mulheres que são chefes de família, um fato que relaciona o trabalho artesanal à autonomia financeira das mulheres.
O artesanato inclui diferentes tipos de trabalho. O bordado, especificamente, concentra uma sequência de mão de obra até o produto ficar pronto para ser comercializado. “Na cadeia produtiva do bordado temos o riscador, a lavadeira e a passadeira, que inclusive estamos com um número bem reduzido. Riscadores temos apenas 5, lavadeira 3 e passadeiras 6, sendo 3 do sexo masculino”, frisa Jailma.
A comercialização dos produtos é feita por vários canais como as feiras de artesanato e pela internet. Os produtos variam entre cama, mesa, banho, enxoval para recém nascidos, roupas, redes entre outros. As entregas são feitas em todo o Brasil, mas é no município, na “Casa das Bordadeiras Iracema Soares”, que concentra a maior parte das ações, inclusive a comercialização. Para os que desejam encomendar via internet, no instagram @casadasbordadeiras tem os contatos pelos quais poderão ser feitas as encomendas.
“A Casa dá suporte desde oficinas e capacitações até as vendas dos bordados. Aqui temos uma lojinha onde são comercializados os bordados e recebemos também encomendas. Além da lojinha participamos de feiras de artesanato municipais e estaduais”, destacou. As principais feiras que as bordadeiras participam e que também são pontos importantes de comercialização são: FIART, FENEARTE, FAMUSE e a feira de Belo Horizonte.
Jailma acrescenta que o apoio do Governo do RN às profissionais vêm principalmente na realização de feiras de comercialização através do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), além disso, existem novos projetos que ainda estão em fase de planejamento.
Assim como os outros segmentos, o artesanato também sofreu as consequências da pandemia. A escassez de matéria-prima, durante o período em que as fábricas paralisaram sua produção, e o aumento no custo da matéria-prima, foram os principais problemas enfrentados pelas profissionais, que somaram com a queda nas vendas dos produtos. Apesar dos desafios, Jailma acredita que a partir dos projetos que estão surgindo é possível alimentar boas perspectivas para os próximos anos.