Autor: Ana Flávia
Estudante do 6° período do curso de Direito da UFERSA, é militante socialista e petista. Hoje, é Coordenadora Geral do DCE Romana Barros e membro da Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Norte.
O Governo Bolsonaro tem imprimido uma série de ataques à educação pública. Dentre eles, o ato de nomear interventores para a Reitoria das nossas universidades e institutos federais. Interventores são, nada mais nada menos, do que aqueles que não foram eleitos pela comunidade acadêmica para assumir o posto máximo de gerência nas nossas instituições federais de ensino. As intervenções, que hoje passam de 20, tem características que devem ser analisadas: são firmadas em um amplo acordo político com o bolsonarismo, os militares e as oligarquias dos nossos estados; são antidemocráticas porque perseguem estudantes e servidores por meio de aberturas de Processo Administrativo Disciplinar ou tratando o movimento estudantil como caso de Polícia Federal; e, por fim, são anti-povo, uma vez que os interventores e interventoras estão nas nossas instituições para aplicar a política de expulsão da classe trabalhadora dentro delas.
Quando a intervenção na Universidade Federal Rural do Semi-Árido se consumou com a nomeação da interventora e ilegítima Ludimilla Serafim, a equipe interventora e o bolsonarismo se vangloriaram de que a UFERSA teria a primeira Reitora da história. Foram além: criticaram a postura do Diretório Central dos Estudantes da UFERSA, que se opôs ferrenhamente contra essa infâmia na história da nossa universidade, alegando que seria uma postura hipócrita, uma vez que criticava a chegada de uma mulher em um espaço de poder.
Ocorre que temos muita clareza no que defendemos: defendemos mais mulheres na política, mas não qualquer mulher. Para nós, não adianta defender uma mulher que representa tudo aquilo que nós, enquanto feministas e socialistas, combatemos: o bolsonarismo; uma sociedade desigual e injusta; e uma universidade para poucos e subserviente ao que há de mais retrógrado na política potiguar, os milicianos e as oligarquias.
Então, não podemos reduzir o enfrentamento ao Golpe na UFERSA ao ataque à “primeira reitora” da universidade, esvaziando o debate sobre o projeto político que ela representa. Primeiro, porque quem foi capaz de aceitar e barganhar o posto de interventora jamais terá a dignidade de ser Reitora. Segundo porque a nossa sororidade tem classe: é para com as mulheres trabalhadoras, que vivem na labuta diariamente, que pegam ônibus, que precisam de uma residência universitária pra morar e que dá duro pra sobreviver. A nossa luta é nesse campo.
Ora, uma interventora que toma como primeira ação a criminalização do movimento estudantil, fazendo com que a Polícia Federal bata à porta da casa de uma estudante, representante do DCE, nada mais deixa evidente que estamos numa batalha em que nos dois polos existem mulheres, mas que essas mulheres representam interesses antagônicos e que uma delas, junto com todo seu projeto político, precisa sofrer uma grande derrota. Essa derrota, caras leitoras e leitores, precisa ser liderada por todos nós e nós, mulheres estudantes da classe trabalhadora, cumprimos um papel fundamental nesse enfrentamento. Vejamos adiante porquê.
Estamos em um contexto de diversos ataques do atual governo, que nós, mulheres estudantes, nos vemos diante de condições mais acirradas, que dificultam a manutenção do nosso vínculo com as instituições de ensino. Afinal de contas, frente aos cortes orçamentários, as bolsas, que nos garantiam permanecer na UFERSA, podem ser cortadas a qualquer momento. As vagas para o auxílio creche, que há tempos não aumentam, correm o risco de diminuir frente ao número de novas ingressantes na nossa instituição. O trabalho remoto aliado ao trabalho doméstico tem nos tirado mais ainda o tempo livre.
Para nós, que há pouco tempo estávamos discutindo como ter segurança nas nossas vilas acadêmicas, como acabar com a política de assédio sexual institucional, como garantir políticas institucionais de saúde para as mulheres residentes em parceria com o Ambulatório de Ginecologia da universidade, nos vemos em uma situação ainda mais emblemática com essa pandemia.
A primeira interventora da UFERSA se apresenta como representante fiel da política de morte e de destruição dos nossos direitos. Representante fiel do bolsonarismo. Ludimilla, portanto, jamais representará a luta das mulheres do nosso povo. Quem se vende a um projeto que vem destruindo a educação pública e os direitos das mulheres jamais representará as mulheres estudantes da nossa universidade.
Nós, mulheres estudantes da UFERSA, lutamos por uma universidade democrática, popular, sem violência contra a mulher, que garanta a permanência das mulheres trabalhadoras na nossa instituição. Pelas nossas vidas, lutamos pelo FORA BOLSANARO e pelo FORA LUDIMILLA JÁ!