Há um certo tempo falei acerca do autismo nível 1 de suporte e algumas particularidades. Agora vamos discorrer um pouco sobre os níveis 2 e 3 de suporte, mais conhecidos popularmente como autismo moderado e severo. De acordo com o último Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), de 2013, a classificação do nível 2 é de necessidade de um pouco mais de suporte em sua rotina; e o nível 3, o indivíduo necessita de apoio substancial.
A necessidade de implementação de uma maior rede de profissionais é interessante no sentido de tornar atividades cotidianas do indivíduo mais eficazes, porém existe uma real e dura conjuntura neste público em específico, pois quanto maior a intensidade de atendimentos, maiores são a carga emocional, financeira e até mesmo logística para os responsáveis.
Comumente, em autistas de nível 1, temos um tríduo que sustenta bem a base de acompanhamentos terapêuticos, como o psicólogo, fonoaudiólogo e o terapeuta ocupacional. O fato é que diante um nível 3 de suporte essa equipe base é acrescida por um nutricionista, fisioterapeuta, gastropediatra, entre muitas outras especialidades.
Especificando brevemente o tratamento que cada profissional faz temos a Psicologia (que conduz baseado em TCC – Terapia Cognitivo Comportamental, ou ABA – Análise do Comportamento Aplicada, as mais utilizadas); Fonoaudiologia (algumas voltadas para área de linguagem ou apraxia de fala); Terapia Ocupacional (voltada para Integração Sensorial de Ayres). Os profissionais que entram no tratamento, como nutricionistas (tratam sérios problemas com alimentação seletiva, deficiência e vitaminas, etc.), fisioterapeutas (que visam ampliar a parte motora. Geralmente autistas têm coordenação motora ampla e fina comprometidas com fraco tônus muscular).
Todo esse descritivo de acompanhamentos leva a uma sobrecarga descomunal, por isso os pais que têm filhos nesses níveis têm mais propensão a estresse, depressão, ansiedade e até mesmo desenvolver histórico de doenças crônicas. Fora o impacto financeiro entre as famílias, que muitas vezes se desfazem de bens e despesas no orçamento para tentar suprir um tratamento digno a seus filhos. Precisamos que essa realidade transcenda os tratamentos via particular e planos de saúde para abranger a um público que necessita do mínimo atendimento via SUS.
Treinar pais também é primordial para continuidade e eficácia pós terapias. Pais treinados fazem a diferença na condução do tratamento; e os autistas níveis 2 e 3 podem, sim, evoluir para o nível 1 do espectro.
Desistir não é opção!