A foto que ilustra o texto de hoje, para mim, é emblemática. Foi onde tudo verdadeiramente começou a fluir. Gabriel tinha exatos 1 ano e 10 meses de idade, eu era aluna do curso de Pedagogia da UERN e havia começado a estagiar com um aluno autista em uma escola da rede municipal de ensino e estava sendo monitora na universidade, com uma professora que admiro muito, enquanto pessoa e profissional. Foi dela um bom apoio emocional quando precisei, um dos vários anjos de luz que cruzou meu caminho. Gratidão!
Neste dia, da foto especificamente, era dia de oficinas pedagógicas preparadas pelos alunos onde seriam expostos recursos confeccionados pelos mesmos, tudo muito lúdico e expositivo. Fui incentivada pela minha professora a levar Gabriel para que ele pudesse sentir um pouco o universo da educação infantil, foco da proposta.
Ele chegou e ficou encantado, explorou os quatro cantos da sala, mexeu em todos os materiais, subia nas carteiras, corria, mas não conseguia estabelecer relações com as pessoas. Era como se não houvesse mais ninguém. Passou vários minutos girando alguns círculos e enfileirando as garrafas pet milimetricamente na mesma posição. O foco dele eram as coisas e não as pessoas.
Algumas situações só conseguimos ver com clareza com o tempo e muito estudo. Quando comecei a estudar com mais afinco pude perceber que as crianças, biologicamente, passam por fases. É científico! Elas passam por várias etapas no desenvolvimento até ganhar habilidades e passar para um novo ciclo. Interessante é que nunca tinha ouvido falar disso na tevê, cartão de vacina ou nas consultas pediátricas. Logo abaixo detalharei o que seu filho (a) precisa estar hábil a fazer nos primeiros 24 meses de vida. Fique atento!
2 meses:
- Sorrir para as pessoas;
- Fazer barulhos com a boca;
- Virar a cabeça em direção aos sons;
- Seguir objetos com os olhos e reconhecer pessoas.
4 meses:
- Gostar de brincar com as pessoas;
- Balbuciar;
- Tentar pegar um brinquedo com uma mão;
- Seguir as coisas com o movimento dos olhos;
- Rolar de barriga para baixo.
6 meses:
- Reconhecer rostos familiares;
- Levar objetos à boca;
- Observar as coisas ao redor;
- Começar a sentar sem apoio.
9 meses:
- Pode ter medo de estranhos;
- Possui brinquedos favoritos;
- Compreende “não”;
- Começa a engatinhar.
1 ano:
- É tímido ou nervoso com estranhos;
- Possui pessoas e objetos preferidos;
- Responde pedidos simples verbais;
- Usa gestos simples, como balançar a cabeça simbolizando “não” e dar “tchau”;
- Consegue identificar um objeto quando solicitado para mostrar.
2 anos:
- Mostra cada vez mais independência;
- Pode apresentar comportamento desafiador ao pedido dos pais;
- Conhece os nomes das pessoas familiares e partes do corpo;
- Formula frases com 2 a 4 palavras;
- Começa a separar formas e cores;
- Consegue correr.
Todos esses pontos são norteadores para uma evolução satisfatória nos primeiros anos de vida. É necessário que os pais se atentem a analisar os progressos de sua criança a fim de que possam intervir caso haja necessidade; certa vez li uma entrevista de um renomado neuropediatra do sul do Brasil em que ele dizia que não existe isso de “tempo da criança”, no sentido de justificar atrasos significativos. Claro que, como seres biológicos e sociais, temos interesses e tempos distintos, mas não podemos nos ater a um parâmetro limitador. Os atrasos, quando não percebidos e viabilizados a tempo trazem uma série de transtornos à vida da criança, em alguns casos perdidos dada a neuroplasticidade cerebral, que é quando o cérebro está em constante atividade envolvendo neurônios por meio de sinapses nervosas.
Espero ter dado boas contribuições. Até o próximo post…